No programa Última Análise desta quinta-feira (24), os convidados falaram sobre a contagem regressiva que o Brasil vive, diante de tarifas de Trump, e que Lula parece ignorar. A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros passará a incidir a partir de 1º de agosto, mas até agora o presidente brasileiro ainda não apresentou uma solução, preferindo tratar a situação de forma jocosa. Em discurso, disse que se o americano estiver “trucando”, ele “vai tomar um seis”.
Sobre a metáfora do petista, o professor da FGV Daniel Vargas afirma: “Lula está partindo pra cima de Trump, como se tivesse na mão cartas suficientes para combater o adversário”. Para ele, no jogo da geopolítica mundial, esta atitude só tende a piorar a situação do Brasil, cujo comércio os EUA é da ordem de R$ 40 bilhões em exportação, ele lembra.
“Lula está no blefe e na retórica. Já Trump abriu a investigação pela Seção 301 nos Estados Unidos e houve aplicação de sanção aos vistos de ministros do STF. O Lula não demonstrou nada até agora”, afirmou o escritor Francisco Escorsim. Ele faz referência ao dispositivo da Lei de Comércio americana que Trump usou para investigar o caso brasileiro e à revogação dos vistos de ministros.
No mesmo discurso, Lula voltou a falar em regulamentação das “big techs”, como uma de suas armas contra Trump. O petista justificou esta política afirmando que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão”, frase também já repetida por Alexandre de Moraes.
“Isso é slogan de político, mas nós estamos em uma discussão jurídica”, explica o jurista André Marsiglia. O comentarista diz que a ideia de “agressão”, dentro do discurso, é problemática, pois é impossível impedir que alguém se sinta agredido pela fala de outro. “Quando todo mundo está com medo e quando ninguém sabe o que pode e o que não pode dizer, os governos autoritários florescem”, ele alerta.
O “kafkiano” caso de Filipe Martins
Em depoimento perante o STF, o ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, afirmou ser um “preso político”, condenado por uma viagem que diz não ter realizado. Martins diz estar sob censura há dois anos, a partir de uma série de proibições impostas ele. Também no depoimento, o ex-assessor fala em “tortura” durante o aprisionamento.
Segundo Marsiglia, o caso não se trata apenas de um erro, mas de um “cálculo judicial”. Moraes quis que ele delatasse, assim como aconteceu com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mas o ex-assessor resistiu, afirma. “Filipe ficou preso este tempo todo por um ‘não-fato’. Politicamente, foi preso para delatar e não delatou. Ao não delatar, desestabilizou o sistema”, diz o jurista.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
Fonte: Revista Oeste