Primeira série do universo de Alien, Alien: Earth inicia promissora. Além de apresentar os protagonistas da história e nos situar em meio à queda de uma nave espacial na Terra, contendo espécimes alienígenas, a produção estabelece a atmosfera que conquistou os fãs da franquia e abriu caminho para introduzir novos elementos.
Agora, no terceiro episódio, que já está disponível no Disney+, Alien: Earth retoma um momento de grande impacto: o resgate de Hermit (Alex Lawther, Andor) por sua irmã, Wendy (Sidney Chandler, Não Se Preocupe, Querida).
O conflito com o Xenomorfo, que deveria carregar peso dramático, acaba funcionando para expor a fragilidade desses personagens como protagonistas. Tanto Wendy quanto o irmão são construídos para ocupar o centro da trama. Porém, à medida que a narrativa avança, eles se tornam cada vez mais desinteressantes. O roteiro parece querer que nos importemos, mas não oferece elementos narrativos sólidos para justificar esse investimento emocional.
Em paralelo, temos tramas secundárias que já se mostram muito mais ricas que a principal. O arco de Morrow (Babou Ceesay, Wolfe), por exemplo, consegue sustentar reflexões sobre identidade e limite humano. Seu monólogo sobre o conflito entre sua humanidade e sua natureza robótica, aliado à interpretação carregada de exaustão de Ceesay, transmite uma densidade dramática que falta aos demais núcleos. É aqui que a série toca em um terreno fértil: o da contradição existencial, algo que sempre esteve na essência da franquia Alien.
Já a narrativa do Boy Kavalier (Samuel Blenkin, Mickey 17), o “menino gênio”, que agora detém as espécimes, apresenta um problema de proporção. Embora tenha potencial para explorar o perigo de lidar com múltiplas criaturas, o roteiro concentra mais tempo apenas no Xenomorfo. O resultado é uma sensação de desperdício: o universo se abre em possibilidades — quatro espécimes diferentes, cada uma com implicações próprias —, mas a narrativa opta pelo caminho mais previsível, reduzindo a complexidade que poderia gerar.
Outro ponto que merece destaque é o arco dos sintéticos com mentes infantis. O retorno a Neverland amplia uma atmosfera perturbadora, já que as reações dessas “crianças” não seguem um padrão único. Nibs (Lily Newmark, Han Solo: Uma História Star Wars) e Slightly (Adarsh Gourav, O Tigre Branco), por exemplo, demonstram efeitos psicológicos claros, sugerindo que a experiência está corroendo sua estabilidade. Em contrapartida, outros permanecem estranhamente imunes, quase indiferentes. Esse núcleo, ainda que menos explorado, carrega um grande potencial de horror psicológico.
Assim, o episódio deixa clara uma contradição estrutural: enquanto investe tempo e energia nos personagens menos cativantes, guarda seus melhores elementos narrativos para os secundários. O resultado é um episódio que quer equilibrar ação e reflexão, mas que balança ao escolher seu propósito principal.
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Fonte: rollingstone.com.br