No programa Última Análise desta segunda-feira (11), os convidados detalharam as principais acusações do contundente artigo do The Wall Street Journal (WSJ), que acusou Alexandre de Moraes de perpetrar um “golpe de Estado” dentro do Brasil. Em evento no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), o juiz reforçou a confiança em suas decisões e esboçou uma “mea culpa”, ao falar de “erros e acertos” do STF.
O ex-procurador Deltan Dallagnol ressalta a importância do WSJ: “É alguém distante e imparcial. Ninguém pode acusar o jornal de ser ‘bolsonarista’. É um dos mais lidos do mundo”. A matéria veiculada consolida uma percepção mundial a respeito da gravidade do problema no país, ele afirma.
Para o WSJ, o caminho para uma ditadura no Brasil começou em 2019, quando o STF alegou ser alvo de ameaças e abriu o chamado “Inquérito das Fake News”, em que o órgão atuou como acusador, investigador e juiz. “Moraes foi escolhido sem sorteio, passou a vigiar redes sociais, criminalizar opiniões e prender preventivamente críticos do tribunal”, diz o texto.
“É a segunda vez que o jornal americano se preocupa com isso. A visibilização do Brasil como um polo de censura tem se tornado frequente. Toda semana sai alguma coisa na mídia internacional”, lembra o jurista André Marsiglia. Para ele, é algo constrangedor para o país e, ao contrário da imprensa nacional, lá fora não tentam acobertar.
Ainda, o artigo do WSJ cita as manifestações do Oito de Janeiro e afirma que o ato não teve quaisquer características de sublevação da ordem democrática. Participaram apenas “gente simples, marginalizada, vagando pelo local sem armas” e as punições aplicadas foram consideradas indevidamente severas e desproporcionais.
Segundo o vereador Guilherme Kilter, “não tem cabimento 1.500 pessoas serem condenadas como ‘golpistas’ se não tinha uma arma, se não tinha um plano de golpe. Então a gente consegue agora ter um alívio quando vem a imprensa internacional, com um pouco de bom senso, e diz isso”.
Isolado, Moraes é homenageado no TCE
Em um evento no TCE-SP, Moraes foi agraciado com o Colar do Mérito da Justiça de Contas, que é concedido por “destacados serviços para a melhoria dos sistemas de fiscalização financeira e orçamentária”. No discurso, ele reafirmou que o Brasil passou por uma tentativa de golpe de Estado e que “as instituições reagiram”.
“Ele tem a necessidade de reafirmar esse discurso de defesa do STF e das instituições, como se atuasse no fortalecimento da democracia. Mas veja que ele não está justificando suas ações e sim construindo sua narrativa”, critica Kilter.
No mesmo disucrso, o ministro falou em “erros e acertos” do Judiciário, no combate aos atos antidemocráticos, mas reforçou que a estrutura colegiada da Corte serviria para que equívocos sejam corrigidos. “Esta frase é simbólica e diz muito. É o ápice de um processo de fragilização de Alexandre Moraes. Ele está mais frágil do que nunca”, disse Dallagnol.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
Fonte: Revista Oeste
