Com mais de cinco décadas de carreira e centenas de canções no currículo, Dolly Parton já viu suas criações ganharem vida na voz de inúmeros artistas. E se há algo que a cantora de 78 anos aprendeu ao longo dos anos é que nem toda homenagem musical nasce igual. Com a sinceridade que lhe é característica, Parton admitiu que algumas versões de suas músicas simplesmente “arruínam” a canção original.
“Aceito qualquer um”, declarou ela à revista American Songwriter em 1990, demonstrando sua abertura para que outros artistas gravem suas composições. “Sempre fico lisonjeada quando alguém grava minhas canções, mesmo que as mudem”. Mas essa generosidade tem limites claros quando se trata da qualidade do resultado final. A compositora não esconde suas reações viscerais ao ouvir certas interpretações: “Algumas das minhas canções, quando ouço alguém fazê-las, tenho sentimentos contraditórios. Penso ‘uau, que ótimo, nunca pensei em ouvi-la assim’ ou então ‘meu Deus, arruinaram essa música’”.
Mesmo quando o resultado não agrada, Parton mantém uma perspectiva pragmática sobre o negócio da música. “Mas como compositora, você ainda fica contente que tenham feito, não importa como ficou. Você fica feliz que alguém gostou da sua canção o suficiente para gravá-la”, explicou. A honestidade brutal surge quando ela confessa suas preferências comerciais: “Acho que os que eu gostaria que gravassem minhas músicas agora são aqueles que estão fazendo sucesso e me fazem ganhar mais dinheiro”.
Entre todas as versões de suas canções, uma se destaca como um divisor de águas na carreira de Parton. Em 1992, quando Whitney Houston lançou sua interpretação arrebatadora de “I Will Always Love You” (uma das composições favoritas da própria Dolly), a reação da compositora foi física e avassaladora. “Meu coração começou a bater muito rápido e quando ela chegou em ‘I Will Always Love You’, quando aquilo se abriu e percebi que era minha canção, foi algo completamente avassalador”, relembrou no programa The Oprah Conversation (via Yahoo).
A emoção foi tanta que Parton, que dirigia quando ouviu a música no rádio, precisou parar o carro. “Fiquei tão cheia de adrenalina e energia que tive que encostar, porque tinha medo de bater o carro, então parei o mais rápido que pude para ouvir a música inteira”, contou. “Não conseguia acreditar como ela fez aquilo. Quero dizer, quão lindo foi que minha pequena canção se transformou naquilo, então foi algo realmente importante”.
A própria Dolly também se aventurou pelo território alheio, gravando versões de clássicos como “Blowin’ in the Wind”, “My Girl” e “Stairway to Heaven”. Esta última foi uma escolha pessoal motivada pelo gosto de seu marido, Carl Dean. “Ele adorou”, revelou ela no livro Dolly: The Biography. “Ele disse: ‘Sabe, estou bem surpreso. Não queria que você se constrangesse, mas ficou boa. E diferente’”. A aprovação doméstica, ao que parece, vale tanto quanto qualquer crítica profissional para a rainha indiscutível do country americano.
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Fonte: rollingstone.com.br