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Cubatão terá voz no Conselho da Autoridade Portuária de Santos pela primeira vez

Pela primeira vez na história, o município de Cubatão conquistou um assento no Conselho da Autoridade Portuária (CAP) de Santos, um dos principais fóruns de deliberação sobre os rumos do maior porto da América Latina. O representante escolhido é Fabrício Lopes, atual secretário municipal de Indústria, Porto, Emprego e Empreendedorismo. A nomeação ocorre em um momento de intensos debates sobre a implantação de um pátio regulador de caminhões na região da Ilha do Tatu, proposta que tem mobilizado autoridades, ambientalistas e a sociedade civil.

Em entrevista ao Diário do Litoral, Lopes destacou que a presença de Cubatão no conselho surge como um reflexo da recente mobilização popular e política contra o projeto do pátio de caminhões. Para ele, essa conquista representa o reconhecimento da importância de Cubatão no contexto portuário e logístico da Baixada Santista. “Cubatão sempre foi uma cidade retroportuária, mesmo sendo mais lembrada por seu polo industrial. Temos um papel estratégico nesse sistema, e nossa voz precisa ser ouvida”, afirmou.

O secretário argumenta que a implantação do pátio na Ilha do Tatu comprometeria severamente diversos bairros da cidade, como o Jardim Casqueiro, e alerta para o impacto ambiental na região, que abriga ecossistemas sensíveis de restinga e mangue, além de ser lar do guará vermelho, ave símbolo da recuperação ambiental de Cubatão. “Queremos o desenvolvimento, sim, mas ele precisa acontecer de forma planejada, em áreas já destinadas à atividade industrial e que não coloquem em risco nosso meio ambiente ou a qualidade de vida da população”, ressaltou.

Segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), o futuro concessionário do pátio será o responsável pelo licenciamento ambiental, que deverá ser feito junto à Cetesb, sem qualquer autorização prévia por parte da APS. O projeto prevê um investimento superior a R$ 3 bilhões e a criação de 800 vagas para estacionamento de caminhões. Além disso, a empresa vencedora terá que construir uma nova via de acesso, conectando o pátio à Via Anchieta e à Rodovia dos Imigrantes.

Contudo, a proposta já enfrenta resistência. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por meio do GAEMA, instaurou um inquérito civil para investigar possíveis irregularidades no processo. Também circula um abaixo-assinado que já conta com centenas de assinaturas contra a obra, apontando riscos como aumento de alagamentos, impactos negativos sobre a pesca artesanal, turismo náutico e intensificação do tráfego de caminhões pesados, que já sobrecarregam as vias da cidade.

O prefeito de Cubatão, César Nascimento, também se posicionou contra a escolha da Ilha do Tatu como local para o empreendimento. Ele propôs uma alternativa viável em outra área do município e reforçou que mais de 40 mil moradores seriam diretamente impactados caso o projeto vá adiante no local previsto. “É uma questão de respeito com a nossa população e com o meio ambiente. Não vamos aceitar decisões impostas sem diálogo com quem vive aqui”, declarou.

Com a presença de Fabrício Lopes no CAP, espera-se que Cubatão consiga ampliar a pauta portuária, defendendo uma logística eficiente, sustentável e que considere o bem-estar da população. O novo assento simboliza um avanço na representatividade da cidade e promete dar um novo tom às discussões sobre o futuro do porto e seu entorno.

Fonte:Diário do Litoral

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