“O que adianta ser o melhor do mundo e não fortalecer a própria área?”, questio na BK’, um dos 25 artistas presentes na segunda edição do Futuro da Música no Brasil, na música “Bloco 7”, do álbum O Líder em Movimento (2020).
Os grandes artistas movimentam legiões de fãs nos shows ao vivo e lançamentos de músicas e discos de estúdio. Mas todo mundo tem que começar de algum lugar, certo?
Não apenas celebrar o passado, mas olhar para frente é algo de extrema valia para alguém perpetuar a própria arte através do público e fazer um trabalho de qualidade — sejam nomes veteranos ou iniciantes. Afinal, os artistas brasileiros são sucessores de ícones como Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Gal Costa, Raul Seixas e muito mais.
O presente também é muito importante. Com a chegada das plataformas de streaming de música e a popularização das redes sociais, fica cada vez mais fácil disponibilizar seu trabalho e cada vez mais difícil se destacar — pela concorrência, pelo algoritmo e pelas estratégias esmagadoras de nomes maiores dominando os plays.
Com a nova MPB, a evolução do rap nacional, a ascensão do trap, os desdobramento do rock (pela influência das músicas clássicas), a redescoberta das raízes do samba, e a música extrema ganhando destaque (e muito mais), os 25 escolhidos pela Rolling Stone Brasil refletem aquilo que há de melhor na indústria fono gráfica brasileira agora.
Abaixo, veja a lista completa do Futuro da Música, feita pela Rolling Stone Brasil, e também disponível na edição impressa especial de Seu Jorge (compre a revista neste link).
BK’
Por Felipe Grutter
É praticamente impossível falar de rap contemporâneo sem passar por Abebe Bikila Costa Santos, mais conhecido como BK’. Seja com Castelos & Ruínas (2016), Gigantes (2018), O Líder em Movimento (2020) ou Icarus (2022), o artista carioca sempre se reinventou com músicas que impactaram os mais diversos amantes do gênero.
Em 2025, ele conseguiu manter o alto nível musical com o aclamado Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer, lançado em 28 de janeiro, acompanhado de um filme gravado na Etiópia, África. Com 16 faixas ao todo, o trabalho vai muito além do rap, com samples brilhantes de grandes artistas como Djavan, Fat Family e Milton Nascimento, passando por diversos gêneros musicais, como samba, R&B e trap.
Os números do disco explodiram, como disse à Rolling Stone Brasil, nas plataformas digitais. Pouco mais de uma semana após o lançamento, contando Spotify, YouTube, Deezer, Apple Music e Amazon Music, somou mais de 44 milhões de reproduções.
“A galera estava com expectativa de um trabalho bom e interessante após Icarus, mas [o resultado] foi muito superior. A reação do público está bem maneira. Agora, o foco é todo no primeiro show do disco, no nosso festival, Gigantes”, adiantou.
Essa caminhada para se manter em evidência não foi fácil, visto que o carioca corre do lado de diversos destaques do rap da geração dele, como Djonga, Filipe Ret e Froid. BK’ não é apenas um rapper que olha para o atual e respeita o passado, mas mira o futuro e sempre busca fortalecer jovens nomes da cena, seja FYE, Luccas Carlos ou Ebony.
“Meu rap é uma fábrica e estamos criando líderes”, canta na música “Abebe Bikila”, do álbum Gigantes.
No que Racionais MC’s questiona “viver pouco como um rei ou muito como um zé?”, BK’ define em “Só Eu Sei”, de DLRE: “Viver muito como um rei, essa é minha resposta”.
Melly
Por Felipe Grutter

Ainfância e a pré-adolescência talvez sejam os períodos mais doces e coloridos da vida. Porém, ao longo dos anos, as responsabilidades aumentam e o amadurecimento fica mais difícil e amargo. É sobre crescer que Melly canta no primeiro disco de estúdio da carreira, Amaríssima (2024), indicado como Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa no Grammy Latino 2024.
Apesar de muito jovem, com apenas 23 anos, ela sempre se mostrou uma artista bastante madura e consciente de si. Produtora, cantora e compositora autodidata, Melly se descreve como uma pessoa muito minuciosa. “Eu tenho muito preciosismo com o meu trabalho, porque eu enxergo como a música vai ser no fim”, explicou ela, que será uma das atrações do João Rock 2025, em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Mesmo que não esteja pronta, consigo entender o sonoro visual de como aquilo ali vai ficar. Aí me meto em todas as etapas”.
No entanto, após os primeiros anos de carreira e amadurecimento artístico, a artista entendeu que não dava espaço para outras perspectivas. Então, começou a colaborar com mais pessoas para ter um segundo olhar a respeito do trabalho. “O seu olhar de uma mesma coisa, para mim, é completamente diferente, né? A mesma cor que eu vejo não é a mesma cor que você vê, mas ainda assim é azul, ou amarelo, sabe?”
Assim, nasceu Amaríssima V2 (2025), remix do álbum de 2024, que foi repensado, tanto em melodia quanto arranjos, por outros artistas, como Luccas Carlos, Duda Beat, Russo Passapusso, Manigga, Liniker, Carlos do Complexo e Karol Conká.
Flor
Por Aline Carlin Cordaro

Flor, nome artístico de Flor de Maria Jorge, cresceu imersa em música. Filha de Seu Jorge, a cantora e compositora de 22 anos encontrou sua identidade artística misturando R&B, jazz, soul, funk, bossa nova e samba. Em setembro de 2024, lançou o EP Prima, criado ao lado dos amigos Ayush Garg
e Mateo Pitkin. No mês seguinte, apresentou o single “A LA MISMA VEZ”, colaboração com Alé Araya, pela Rostrum Records.
A transição entre línguas é uma marca de sua musicalidade. “Alinhar os idiomas em minha personalidade é o maior desafio até agora ao juntar as duas, principalmente no mundo da música”, afirmou à Hypebeast BR em 2024.
Prima surgiu de encontros despretensiosos em sua casa, seja na sala de estar ou quarto… literalmente em qualquer canto. Com ajuda dos amigos, criou no fluxo de ideias, sem pensar demais em nada. “Demorou um tempo até que percebemos o que estávamos fazendo. Foi algo muito de repente. A partir daí, construímos focando nos detalhes de cada faixa.”
Apesar do sobrenome, Flor busca ser reconhecida pelo próprio trabalho. “Sou uma nepo baby para caralho! Não escolhi, nasci. Mas estou fazendo meu próprio negócio, tenho minha visão de música, estou confiante”, disse ao O Globo.
Para Seu Jorge, que acompanhou de perto o crescimento artístico da filha, ela tem uma musicalidade única, que ele diz que nem sabe fazer. Em novembro de 2024, os dois dividiram palco no Rock The Mountain, em uma das muitas apresentações da turnê que realizavam juntos. “A ideia é promover o disco para o resto da vida, indo devagar, cantando nos shows, espalhando a palavra do EP.”
Yohan Kisser
Por Igor Miranda

O sobrenome tem peso. Yohan Kisser é filho de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, maior banda de metal do Brasil. Mas sua vibe é outra. As influências vão de Frank Zappa a Richard Strauss, passando por Ígor Stravinski e Hermeto Pascoal.
Pode ser consequência de seu estudo formal em música, visto que é graduado pelo conservatório de música da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Ou pode ser reflexo de uma alma inquieta, claramente parte da gen-Z, do tipo que já pensa no segundo álbum solo com o primeiro, The Rivals Are Fed and Rest, recém-lançado.
O disco em questão surgiu após passagens por bandas de metal, como Sioux 66, Antrvm e Kisser Clan. Em meio às letras em inglês e português, há piano substituindo a guitarra e um som que percorre prog-rock, MPB, jazz e até mesmo hip hop.
“Precisava gritar isso que vem de dentro”, disse à Rolling Stone Brasil. Ainda garante: este
trabalho não poderia ser feito com banda. “Você compõe seu bebê Frankenstein… quando mostra para a banda, logo arrancam uma perna”.
Amaro Freitas
Por Rodrigo Tammaro

Nascido na periferia de Recife, Amaro Freitas entrou no universo da música aos 12 anos para participar da banda da igreja que frequentava. Lá, aprendeu que a música tem o poder de tocar as pessoas. Aos 33, o pianista é responsável por discos como Sangue Negro (2016), Rasif (2018) e
Sankofa (2021), que propõem uma conexão com as raízes brasileiras.
O trabalho continua no internacionalmente aclamado Y’Y (2024), criado após uma passagem pela Amazônia. “Eu descobri outro Brasil que não tive acesso; a gente não aprende sobre o nosso território”, disse à Rolling Stone Brasil. Apaixonado pelo estudo do piano, Amaro explora limites, cria texturas e une experimentação, complexidade e simplicidade.
Vencedor do Prêmio Multishow 2024 como Instrumentista do Ano, define o jazz como o gênero do
“já”. Na música do agora, semeia o futuro. “Essa é a importância desse trabalho: o quão empolgados e interessados estamos em transformar para melhor, mesmo que talvez não o mundo, mas uma pequena comunidade”.
Febem
Por Felipe Grutter

Ao longo dos cinco discos de estúdio solo da carreira, intitulados Elevador (2016), Prata (2017), Running (2019), Jovem OG (2021) e Abaixo do Radar (2024), Febem voou alto com rimas inteligentes e letras que retratam tudo aquilo que permeia as ruas, vida urbana e periferias.
Porém, apesar de ser um dos melhores rappers brasileiros da atualidade, o artista não atingiu o tal do mainstream. Ao longo da carreira, ainda fez sucesso com dois discos colaborativos: o marcante Brime! (2020), feito com Fleezus e CESRV, e o cometa Highboyz, produzido ao lado de Sain.
Com as mais diversas influências do hip hop, que passam pelo rap e boom bap, e “homenagem aos privilégios que não tive”, Abaixo do Radar é o melhor disco de Febem e um marco na carreira dele. “Foi meu maior passo para o reconhecimento artístico,” disse à Rolling Stone Brasil. “O material que ele carrega furou a bolha do meu nicho. Tem muita alma dentro desse disco, muitas pessoas a mais ainda vão se identificar porque tem um conteúdo atemporal… é sobre ser humano”.
Ao longo das 10 faixas, ele canta sobre saúde mental e sanidade, papel do hip hop na arte dele, necessidade de continuar trabalhando e consequências de se posicionar e ser autêntico em uma indústria que busca cada vez mais moldar os artistas. O artista busca se afastar de rótulos da indústria, mas diz que entende “que o mercado precisa organizar tudo em prateleiras”.
“Continuarei sendo a mesma metamorfose ambulante, só que mais dedicado. Perdi muito tempo não produzindo nada usando desculpa de estar na estrada. Então já me encontro em estúdio planejando o que pode ser talvez meu próximo álbum.”
Crypta
Por Igor Miranda

Mudanças de formação não pararam a Nervosa, banda que por quase uma década contou com Fernanda Lira. Também não devem frear a Crypta, criada pouco antes de a vocalista e baixista deixar o grupo anterior junto da baterista Luana Dametto, em 2020.
No último dia 10 de março, a guitarrista Jéssica Di Falchi, integrante desde 2022, teve saída anunciada. Nenhum compromisso será afetado. Nos próximos shows, Fernanda, Luana e a também guitarrista Tainá Bergamaschi terão diferentes mulheres na vaga de Di Falchi até que uma substituta definitiva seja escolhida. Um novo álbum, o terceiro, deve sair no segundo semestre de 2026.
O mundo do metal extremo anseia pela continuidade desta banda, que conseguiu
grandes feitos com Shades of Sorrow (2023). O segundo álbum do grupo de death metal
entrou nas paradas americanas Emerging Artists (“artistas emergentes”) e Top Current Album Sales (novos discos mais vendidos em formatos tradicionais nos EUA), nas posições 41 e 71, respectivamente. Só em 2024, realizaram mais de 130 shows nas Américas do Norte e Sul e Europa.
“Jamais esperei que, com um disco de death metal, pudéssemos alcançar mais de uma categoria das paradas americanas bem posicionadas”, admitiu Lira à Rolling Stone Brasil. “Ou que tocaríamos em alguns dos maiores festivais em tão pouco tempo, sendo uma banda de death metal latino-americana. Achei que levaria muitos anos para esse tipo de conquista, mas serve como combustível: se cheguei aqui, tem muito mais que posso realizar.”
Yunk Vino
Por Aline Carlin Cordaro

Yunk Vino, nome artístico de Marcos Vinícius Albano, tem se consolidado como um dos principais nomes do trap brasileiro. Aos 27 anos, o rapper de Carapicuíba, na Grande São Paulo, lançou a mixtape M.A.D. 2, sequência do projeto Meu Amigo Diário (2023). Com distribuição pela Universal Music Brasil e o selo Labbel Records, o trabalho traz colaborações de Ryu, The Runner e Alee e
reforça seu estilo narrativo.
“Desde 2023 vi que era bom para mim ser um pouco mais pessoal na minha arte, tentar falar um pouco de coisas que muitas vezes a gente não consegue comunicar bem”, afirmou à Rolling Stone Brasil. “Minha cabeça me ajuda a tentar fazer músicas em que eu consiga desabafar e facilite a compreensão do público.”
M.A.D. 2 se destaca por explorar diferentes atmosferas musicais, transitando entre faixas introspectivas e batidas mais pulsantes. “Vai ter música que vai ser mais festa, mais brincalhona, e outras mais sérias, envolvendo algo íntimo, como uma amizade que você tinha e não fala mais”, explicou.
O rapper, que subirá ao Palco Fortalecendo A Cena do João Rock 2025, evoluiu na sonoridade ao experimentar elementos diferentes.Por exemplo, algumas faixas possuem um tom mais natural, enquanto outras terão um pitch “totalmente diferente, bem modificado, com uma textura meio maluca”.
“O Volume 1 foi responsável para o público começar a entender o que queria fazer, o que viria depois e próximos passos. Agora, é sobre aprofundar essa conexão e mostrar novas possibilidades”.
Zaynara
Por Daniela Swidrak

Não é todo dia que Joelma, a Rainha do Norte, decide amadrinhar uma nova artista. Mas Zaynara, nascida e criada em Cametá, no coração do Pará, não é qualquer artista. Com apenas 23 anos, já se consolida como um dos grandes nomes da nova geração da música brasileira, levando o ritmo do Norte para todo o país com o gênero que ajudou a popularizar: o beat melody.
Mas, afinal, o que é o beat melody? “Desenvolvi esse ritmo a partir do brega paraense e com influências da música de Cametá, que é de onde eu sou. Sobre algumas das características posso destacar a levada do beat melody que tem um kit de bateria muito específico, que não é o mesmo do calypso, mas também não está presente no tecnomelody, por exemplo. Ainda tem toda sonoridade eletrônica e de música pop. É a fusão de tudo o que cresci ouvindo e me construiu como artista até aqui, com música paraense, cametaense, eletrônica e pop nacional e internacional, mas tudo em um ritmo só”.
Com uma presença de palco magnética, Zaynara já brilhou em festivais como o Rock in Rio e Psica. Em 2025, está confirmada no Rock The Mountain e no espetáculo Amazônia Para Sempre, ao lado de nomes como Mariah Carey, Ivete Sangalo e Gaby Amarantos.
Desde pequena, Zaynara mostra seu talento. Em 2022, lançou seu primeiro álbum, É Beat Melody, e ganhou projeção nacional em 2023 com Quem Manda em Mim. Em 2024, reforçou sua ascensão com “Sou do Norte”, hino paraense que celebra suas raízes. Com talento, carisma e uma sonoridade que faz qualquer um dançar, Zaynara não só representa o Norte, mas também pavimenta seu caminho como um dos maiores nomes da nova música brasileira. Esse furacão paraense veio para ficar.
Yago Oproprio
Por Rodrigo Tammaro

Yago Oproprio gosta de fazer música do jeito que o coração pede. Após grandes sucessos com o single “Imprevisto” (2022) e o EP Inquilino (2023), o primeiro álbum dele, Oproprio, chegou em 2024. “Eu quis fazer um disco que fosse eu de verdade, sem ignorar o que me inspira”, disse à Rolling Stone Brasil. O resultado foi uma sonoridade autêntica, que rendeu indicações no Grammy Latino e no prêmio Multishow. Todo esse reconhecimento tem seu valor, mas ele garante que seguirá guiado pela própria verdade.
No coração, quem dá o compasso é a mistura. “Combinar diferentes ritmos enriquece e me permite explorar novos lugares. Fica mais fácil de traduzir meus sentimentos.” Com influências de rap, boom bap, salsa e reggaeton, Yago Oproprio foge dos rótulos. Assim, ele espera furar as bolhas musicais e contribuir para um “movimento de artistas que não têm medo de experimentar.”
Rogê
Por Henrique Nascimento

“Minha origem é o samba”, me disse Rogê, antes de qualquer coisa. Nascido no Rio de Janeiro, conterrâneo de Arlindo Cruz, que o influenciou a abraçar o gênero musical. Aos 10 anos, dedilhava o violão em busca de acordes que contassem o que via e ouvia no mundo: o voo de um pássaro, o jeito de andar de um malandro, a magia de um drible em uma partida de futebol.
“É isso que nos faz querer fazer música”, explicou. É o cotidiano que motiva Rogê: tocar, estudar, produzir e continuar crescendo, além dos seus mais de 20 anos de carreira. O sucesso é consequência. “Não é para isso que eu faço arte”, afirmou o artista, que preza pela relevância e a representatividade da cultura brasileira que a sua obra pode ter, e o potencial de aquilo se tornar algo que transcenda o tempo, como acontece com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Jorge Ben Jor, outros grandes ídolos seus. Para Rogê, o futuro é agora.
Caio
Por Henrique Nascimento

Descendente de pretos, indígenas e brancos, Caio canta para resgatar a própria história. Nascido em Minas Gerais, filho de uma cabeleireira e um técnico de informática, o artista sempre conviveu com a
música, desde os serviços de adoração na igreja evangélica aos domingos na casa da avó, regados a churrasco e samba, que o levaram a querer fazer o seu próprio som, influenciado também por Clara Nunes, Cartola, Candeia e Jorge Ben Jor.
Caio não tem pressa para saber o que há no futuro, e não se importa com as pressões externas ou imposições sobre como fazer a sua música, que acredita ser “um convite para se orgulhar da nossa brasilidade, mas com respeito ao tempo de cada coisa. Às memórias que nos antecedem. Aos protagonistas que abriram passagem para o nosso próprio viver”.
Com coragem, e no seu próprio ritmo, o artista já teve a honra de trabalhar com grandes nomes da Música Popular Brasileira como Daniela Mercury e Vanessa da Mata. “Não é que a vida me trouxe coisas bonitas?”, celebrou à Rolling Stone Brasil.
Adorável Clichê
Por Igor Miranda

Leva tempo para o trabalho de uma banda se consolidar perante o público. Adorável Clichê é prova: o grupo surgiu em 2013, em Blumenau–SC, mas só agora colhe os louros com seu segundo álbum, Sonhos Que Nunca Morrem (2024), que rendeu uma série de shows pelo país — com data sold-out em São Paulo.
Gabrielle Philippi (voz), Marlon Lopes (guitarra), Gabriel Geisler (baixo) e Felipe Protski (guitarra) praticam som ancorado em shoegaze e dream pop. Hoje, soam mais acessíveis do que no trabalho anterior, intitulado O Que Existe Dentro de Mim (2018).
Notou que nenhum baterista foi citado, né? O disco de 2024 nasceu sem ter alguém na função, antes
ocupada por Diogo Leal. Como reflexo, acabou composto na frente do computador. Satisfatório mas,
para Lopes, não tão espontâneo se comparado a um material concebido em ensaios ao vivo. O próximo álbum, que já está em produção, será mais cru e dinâmico. “Algo que converse com quem esteja ouvindo em casa, mas que seja de fácil transposição para o show”, diz.
Tuyo
Por Felipe Grutter

No ambiente de uma escola estadual de São Paulo, após receber convite para participar de uma discussão sobre sociedade, com exibição e sessão de perguntas e respostas sobre o videoclipe de “Paisagem”, Lio celebra um disco que existe na rua, no boca a boca, além do ambiente digital, e descreve o momento da Tuyo como “privilégio que demoramos muito para consolidar”.
A banda, também formada por Lay e Machado, criou raízes na internet, onde o trio divulgou os primeiros trabalhos e conseguiu sua rede fiel de fãs, antes de conquistar uma indicação ao Grammy Latino de 2021 pelo ótimo Chegamos Sozinhos em Casa (2021).
Três anos depois, veio Paisagem, que ficou na quarta posição do ranking de 10 melhores álbuns nacionais de 2024 da Rolling Stone Brasil. O terceiro disco do grupo é um tanto quanto otimista, carregado de significados, crescimento artístico e reflexões sobre vida e tempo.
Tuyo também se aventurou com o infantil Quem Eu Quero Ser (2024), que trouxe um exercício de recuperar memórias ainda mais antigas. “Escrever um álbum para um público com o qual até então a gente só tinha flertado deu medo, mas desse tipo de medo que provoca a gente a arriscar”.
Uma parceira muito importante neste período tem sido Erica Silva, que dirige os shows de Paisagem e Quem Eu Quero Ser, e apoiou no estudo intensivo de teoria musical e pesquisas de timbre para os shows acústicos emocionantes da banda.
“Celebrar nosso próprio repertório é o objetivo desse show, e também dividir com novas audiências segredos antigos da banda, canções inacabadas, ensaios para próximos álbuns… a nossa intimidade sem rodeios.”
Sofia Freire
Por Aline Carlin Cordaro

Com um som que transita entre dark pop, MPB e experimentações eletrônicas, Sofia Freire consolida a própria identidade artística na cena musical brasileira. Pernambucana, cantora, compositora e produtora, a artista lançou em 2024 o terceiro álbum, Ponta da Língua, que reflete sobre bloqueios
criativos, amadurecimento e autodescoberta.
O disco, que foi eleito um dos 50 melhores pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), nasceu de um período de introspecção e experimentação. Ponta da Língua explora camadas vocais sobrepostas, sintetizadores atmosféricos e uma estética onírica, com nove faixas compostas e produzidas pela própria Sofia.
“É estimulante pensar nesse futuro da música brasileira em que me parece que a experimentação ganha cada vez mais espaço e, com isso, nossa identidade se fortalece; não se perde, ao contrário do que se poderia pensar. E que me considerem parte desse movimento é de uma alegria imensa!”, afirmou à Rolling Stone Brasil.
Desde Garimpo (2015) e Romã (2017), Sofia se destacava pelo uso criativo da música pop, combinando poesia e harmonias sofisticadas. Em Ponta da Língua, a sonoridade se expande ainda mais ao evidenciar sua maturidade artística. O trabalho marcou sua estreia como produtora solo e fortaleceu sua assinatura musical.
Além da carreira solo, Sofia integrou a banda de Gilberto Gil na turnê Refavela 40 e participou
de discos de Eddie, Flaira Ferro e Babi Jacques e Lasserre. Em 2025, coroou a trajetória ao subir no palco principal do Lollapalooza Brasil.
Curumim
Por Daniela Swidrak

Em um momento no qual o mundo busca novas formas de se equilibrar após tempos difíceis, a transformação e a reconexão com as origens surgem como caminhos naturais. É nesse contexto que
Curumin apresenta seu quinto álbum, Pedra de Selva, um convite para desacelerar, sentir e lembrar que certas tecnologias humanas — intuição, sensibilidade e conexão com a Terra — não podem ser substituídas.
Pedra de Selva reflete a busca do artista por reconexão com a sensibilidade e a essência humana. O disco nasceu durante a pandemia, período em que Curumin mergulhou novamente no estudo da bateria e do violão, resgatando sua relação com a música de forma mais introspectiva. O álbum dialoga diretamente com reflexões filosóficas sobre o impacto do desenvolvimento industrial na sociedade capitalista.
O músico destaca a influência de pensadores como Ailton Krenak e Salloma Salomão e ressalta a necessidade de reavaliar nossa relação com natureza e espírito. “Fomos nos encantando com as máquinas enquanto outras tecnologias poderiam ter avançado, mas entregamos para as máquinas. Precisamos nos rever dentro do sistema capitalista e voltar para as outras coisas: a Terra e o que
importa”, reflete.
Musicalmente, o artista mantém sua identidade plural, explorando sonoridades experimentais que transitam entre hip hop, funk, jazz, bossa nova e samba. O resultado é uma obra provocativa e instigante, que também propõe um olhar para dentro, reforçando a necessidade de desenvolver o
espírito e resgatar o que foi atrofiado pelo mundo moderno.
Chico Bernardes
Por Felipe Grutter

Filho de Maurício Pereira, compositor, cantor e grande nome da música independente brasileira,
e irmão mais novo de Tim Bernardes, conhecido como integrante da banda O Terno e expoente da música alternativa, Chico Bernardes cresceu cercado pela arte, mas não pensava em seguir uma carreira como os parentes.
Porém, na hora de escolher um curso superior, Chico recebeu um chamado da música e descartou outras opções que analisava, como jornalismo e psicologia. “Já fui direto fazer provas e entrei
na faculdade”, relembrou em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Foi um caminho que engatou muito rápido e, olhando hoje para trás, era isso mesmo que eu precisava fazer”.
O artista vive a era do seu segundo disco de estúdio, Outros Fios, lançado em 28 de junho de 2024 nas plataformas digitais. O trabalho foi descrito como um desafio grande, muito maior do que o álbum de estreia, Chico Bernardes (2019). Ele justifica esse processo mais complexo porque, no segundo disco, os artistas precisam decidir se vão repetir aquilo que fizeram e aprenderam anteriormente: “Para mim, decidir como e o que eu ia fazer foi um dilema grande”, disse. “Só que aí fui gravando, interessando-me e encontrando essas sonoridades diferentes. Como eu gravava na minha casa, e não em estúdio, eu realmente tinha tempo infinito para me debruçar e explorar”.
Bruna Black
Por Igor Miranda

“Sou apaixonada por sua voz e por sua verdade. Amo ver como você é original, sempre está buscando fazer coisas novas. Acho incrível como você é gentil com a música e sempre se preocupa com o que a canção pede.” Tais palavras foram usadas por ninguém menos que do Iza para descrever Bruna Black durante sua participação na temporada 2020 do The Voice Brasil.
Nascida em Diadema, na Grande São Paulo, em uma família mineira, Bruna começou a cantar na igreja e até tentou fugir da arte (ela quase se tornou jogadora de basquete), mas encontrou-se na música, mais especificamente na MPB e em suas ramificações, como bossa nova e samba. Poucos anos antes de sua participação no talent show da TV Globo, deu início a uma carreira solo e formou o duo
Àvuà, com Jota.pê.
Seja sozinha ou com o parceiro, tem alçado voos tão extensos quanto o alcance de sua linda voz: indicação ao Grammy Latino com o duo, gravação de seu mais recente álbum Vã Revelação (2024), em Nova York, numa colaboração com John Finbury e assinatura com o selo Slap, da Som Livre. A nova fase junto à gravadora foi iniciada com o single “Continue”, faixa a ser incluída em seu próximo disco.
E, sim, o contrato inclui também o Àvuà. O expediente de trabalho de Bruna é como sua voz: não tem limites. “Minha vida é uma loucura. Geralmente as pessoas focam em um único trabalho e seguem nesse caminho. Mas eu sou uma artista múltipla, e as pessoas vão ter que entender que eu sou cantora, intérprete, compositora, poeta, criadora de conteúdo, falo de cabelo e autoestima. Sou essa pessoa. Essa multiplicidade é um ato de resistência e uma forma de sobrevivência. Ser multiartista me trouxe até aqui”, contou ao Uol Splash.
Gabriel Froede
Por Rodrigo Tammaro

Gabriel Froede é a própria definição de “polivalente”. Dividido entre duas carreiras incompatíveis à primeira vista, o mineiro transformou a música e a medicina nos seus remédios, e em maneiras de transformar a vida das pessoas. Ainda que a rotina de músico/médico seja extremamente desgastante, Gabriel se considera sortudo por poder seguir os dois caminhos. Pelo menos até onde der.
Como artista, lançou alguns singles antes de publicar, em 2024, o álbum de estreia, Por Que Não Dizer Te Amo Agora?. No ano anterior, apresentou-se no Rock in Rio, uma experiência que até hoje parece um sonho. Em maio, ele participa do projeto Rolling Stone Novas Vozes no Blue Note, em São Paulo. Ao melhor estilo multifacetado, Gabriel Froede define a versatilidade como sua principal qualidade.
“Sempre ouvi e apreciei diferentes gêneros musicais, e isso me ajudou a construir um som único. Apesar de transitar pelo pop com influências de MPB, bossa nova, R&B e até rock, sou aberto a explorar outros estilos simplesmente porque amo música. Essa versatilidade me faz ir muito além”, disse à Rolling Stone Brasil.
Enquanto se conecta com os fãs, cuida dos pacientes e divide a rotina com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, ele aprende que as experiências são mais completas quando vividas com intensidade. “O mundo está cheio de pessoas vazias, com medo de se entregar, de arriscar. Eu nunca fui assim. Sempre acreditei que, se algo faz sentido dentro de mim, devo confiar e seguir. No fim, sempre dá certo.” Ser artista e médico talvez seja a prova disso.
Os Garotin
Por Aline Carlin Cordaro

Em São Gonçalo, cidade fluminense marcada pela efervescência cultural e pelos bailes charme, três vozes se encontraram para criar algo que ainda não existia no cenário musical brasileiro. Cupertino, Anchietx e Léo Guima cresceram cercados por referências da black music, R&B e soul. Fãs de Tim Maia, Cassiano, Djavan, Gilberto Gil e Caetano Veloso, também foram moldados pelo rap, pelo funk e pela MPB, construindo um som que caminha entre o passado e o futuro.
O trio se formou de maneira orgânica. Cupertino conheceu Anchietx em um sarau no Rio, e logo depois o apresentou a Léo Guima. A sintonia foi imediata e, no primeiro encontro, compuseram “Pouco a Pouco”, um prenúncio do que viria. Por um tempo, seguiram caminhos individuais, mas Os Garotin passou a existir oficialmente em 2022.
Em 2024, o grupo lançou o álbum de estreia, Os Garotin de São Gonçalo, produzido por Júlio Raposo. O trabalho não só conquistou o público, mas também rendeu ao trio três indicações ao Grammy Latino, de onde saíram vitoriosos na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Português.
“Vejo com muito otimismo o futuro da música brasileira. Sinto que o público que consome música tá cada vez mais em busca de ser surpreendido. O que vem muito dentro da caixinha, vem perdendo espaço para coisas mais ousadas. Gosto disso”, disseram à Rolling Stone Brasil.
Mas o reconhecimento não veio só dos prêmios. Caetano Veloso, encantado com a sonoridade do trio, quis gravar com eles, resultando no single “Nossa Resenha”. Para Os Garotin, estar nessa jornada sem abdicar da essência é o que mais importa.
De São Gonçalo para os maiores palcos do país, Os Garotin segue construindo um caminho único, no qual a música fala mais alto do que qualquer tendência.
Luiza Brina
Por Daniela Swidrak

Luiza Brina tem se consolidado entre os nomes mais interessantes da música brasileira contemporânea. A artista mineira de múltiplos talentos transita entre composição, interpretação e produção, criando um universo sonoro que mescla brasilidade, poesia e experimentação.
Seu álbum mais recente, Prece, carrega uma série de orações não religiosas, guiadas por um olhar humanista e sensível sobre a vida. O disco não demorou a ser amplamente reconhecido, tanto no Brasil quanto no exterior. Indicado ao prêmio Women Music Event (WME) em duas categorias – Melhor Álbum do Ano e Melhor Compositora do Ano – e destaque da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), o trabalho ultrapassou fronteiras.
Apontado como um dos melhores lançamentos do ano pela NPR (National Public Radio), foi o único álbum brasileiro a figurar entre os 50 melhores da lista da emissora, o que apenas reforça o alcance e o impacto da obra. Luiza não só conquistou os críticos, mas Prece também rendeu colaborações de peso. A mexicana Silvana Estrada, vencedora do Grammy Latino, participa.
Em suas palavras, a música de Brina é “um feitiço de amor que você espera que nunca se quebre”. Vinda de uma família de músicos, ela carrega essa herança artística com autenticidade, criando obras que ressoam profundamente em quem as escuta. Seu caminho na música é uma trajetória de descobertas e conexões, refletindo uma artista que, com delicadeza e intensidade, continua a expandir os horizontes da canção brasileira.
Bruna Mendez
Por Rodrigo Tammaro

Bruna Mendez sonha com o básico: ter uma carreira sustentável e continuar lançando discos. O simples, no entanto, é um desafio para artistas independentes como ela, inseridos em um ecossistema cada vez mais imediatista e insustentável. “O sonho agora é conseguir viver de música, e não só sobreviver. O medo de faltar, de não ter trabalho ou de ser esquecida é constante, porque a gente não consegue corresponder a esses novos moldes de mercado”, explica em entrevista à
Rolling Stone Brasil.
Ainda assim, ser independente tem algumas vantagens. Poder se permitir é uma delas, e algo que a artista nascida em Goiânia faz de sobra no seu álbum mais recente — e consciente — Nem Tudo é Amor (2024). O disco traz uma reflexão literal, direta e urgente sobre sentimentos, uma abordagem que só foi possível com a maturidade e que nasceu após um convite para participar do projeto internacional Colors Show.
Com uma sonoridade muito influenciada pelo indie pop, mas também com elementos de MPB, eletrônica, funk e ritmos latinos, a vontade de experimentar conduz o trabalho de Mendez, que pensa a música como uma oportunidade de criar universos e se descobrir.
“Continuo fazendo música porque, no fim das contas, faço principalmente para mim. É cansativo e desgastante, mas nunca penso que não valeu a pena. Meu ofício sempre visa a construção de obras das quais me sinta orgulhosa, esse é o critério.”
Exclusive Os Cabides
Por Igor Miranda

Será que dá para levar a sério uma banda chamada Exclusive Os Cabides? Que tem em seu catálogo uma música de título “AAAAAAAAA” (9 vezes a letra “A”)? E que, ao ser perguntada sobre seus trabalhos atuais, responde “encaixar mochilas e instrumentos num porta-malas de um Corsa chamado Bob que
pertence à Maitê”? O pior é que dá.
Hoje com João Paulo Pretto (voz/guitarra), Antônio dos Anjos (voz/percussão), Eduardo Possa (guitarra), Maitê Fontalva (baixo) e Carolina Werutsky (bateria), este grupo catarinense foi formado em 2018, entre uma aula de música em conjunto e uma sessão assistindo ao documentário Supersonic, do Oasis. “João ficouconvencido que precisava de um sobrancelhudo mais alto que ele para cantar junto. Por sorte, eu estava do lado”, diz Antônio.
A sonoridade funde rock alternativo com psicodelia de um jeito, digamos, despojado. As letras são bem-humoradas e bem simplórias. Tem seu charme — descoberto por um público mais amplo em 2021, quando a banda, já tendo um EP e um álbum de estúdio, ganhou tração no TikTok com o single viral “Lagartixa Tropical”. A canção entrou em Coisas Estranhas (2024), disco mais recente, que traz mais nove faixas.
A repercussão on e offline levou o quinteto a tocar em outros estados, com direito a um show em maio no Popload Festival, em São Paulo. “Muitos jovens aparecem no nosso show falando que estão fazendo banda por causa da gente”, conta dos Anjos, mostrando que o porta-malas de Bob tende a ficar entupido ao longo do ano.
Alan Bernardes
Por Rodrigo Tammaro

O Brasil é a matéria-prima do trabalho de Alan Bernardes. Fauna, flora, ritmos, folclore e fé são alguns
dos elementos que inspiram o artista nascido em Campo Grande, bairro mais populoso do país, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Gosto de cantar o que é nosso. Estou atento ao meu redor porque tudo é música”, explicou à Rolling Stone Brasil.
Desde a estreia, com o disco 867 (2016), o músico faz uma viagem país adentro. O esforço para valorizar as tradições nacionais continuou em Maré Vazante (2020), no EP Fruto Bruto (2021) e no lançamento mais recente, Menino Brasil (2024). O último álbum, no entanto, traz uma versão amadurecida do artista, mais consciente sobre o papel da arte como uma ferramenta de transformação social.
“Entender isso me fez olhar para o meu trabalho com mais responsabilidade e cuidado ao pensar em cada palavra e intenção. Nunca podemos esquecer que música é arte e artifício.” Enquanto trabalha para entreter, mas também educar e conscientizar, Alan Bernardes busca alcançar cada vez mais pessoas, ainda que não tenha a ambição de agradar a todos. O mais importante é que o processo continue acontecendo de forma orgânica.
“Pisar no chão devagarzinho é uma sabedoria, faz a gente ganhar prestígio antes da fama. E isso para
mim não tem preço. O inverso pode ser cruel. Por isso eu cuido dessa árvore com muito carinho. Ela
pode não ser vista por muitos ainda, mas garanto que faz sombra e tem raízes profundas.”
Gabriele Leite
Por Aline Carlin Cordaro

Primeira violonista clássica a ser destacada na Forbes Under 30, Gabriele Leite é uma das figuras mais importantes da nova geração da música erudita brasileira. A instrumentista começou no Instituto Guri e construiu carreira internacional na Manhattan School of Music, onde concluiu o mestrado com bolsa integral. Depois, fez doutorado na Stony Brook University, em Nova York.
Em 2024, foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira na categoria Revelação, celebrando o impacto de seu álbum de estreia, Territórios (2023), lançado pela Rocinante, no qual interpreta obras de Heitor Villa-Lobos, Edino Krieger, Sérgio Assad e William Walton, transitando entre diferentes escolas e períodos da música clássica.
“É uma alegria saber que o futuro da música pode ser representado por uma mulher preta com seu violão. Aqui, uma reflexão: no começo, segui muito a minha intuição, guiada pelos meus pais. Hoje, também posso dizer que escutei a minha ancestralidade”, afirmou à Rolling Stone Brasil.
Gabriele também se destaca como cofundadora da Brazilian Classical Guitar Community (BCGC), iniciativa dedicada à difusão da música brasileira. Seu reconhecimento atravessa fronteiras: já representou o Brasil na cerimônia de posse do país no Conselho de Segurança da ONU e na gala “Person of the Year”, da Brazilian-American Chamber of Commerce, em NY.
Com uma abordagem inovadora e um olhar atento à representatividade, Gabriele reforça o compromisso com a diversidade na música: “A música brasileira do amanhã se constrói a partir de múltiplas possibilidades — encontros, regionalidades, saberes e visibilidade”.
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Fonte: rollingstone.com.br