O regime comunista da China anunciou nesta segunda-feira (22) uma nova ofensiva contra usuários de internet acusados de disseminar conteúdos “pessimistas” em redes sociais, transmissões ao vivo e plataformas de vídeos curtos.
Segundo reportagem da CNN, a Administração do Ciberespaço da China (CAC), responsável pelo chamado “Grande Firewall” que controle o ambiente digital do país, lançou uma campanha nacional de dois meses para restringir postagens que, segundo a ditadura comunista, “maliciosamente interpretam fenômenos sociais, exageram casos negativos e promovem visões de mundo niilistas ou negativas”.
A medida vem em meio à crise econômica que atinge o país há anos, mas que é abafada por Pequim, marcada pelo colapso do setor imobiliário, queda no consumo e desemprego recorde entre os jovens. Dados oficiais divulgados neste mês apontaram que a taxa de desemprego para pessoas entre 16 e 24 anos, excluindo estudantes, atingiu 18,9% em agosto – o maior índice em dois anos.
De acordo com a emissora americana, a censura afeta diretamente influenciadores e blogueiros que compartilham estilos de vida como o “deitar-se” (lying flat), movimento popularizado em 2021 que defende uma rotina simples e livre das pressões do mercado de trabalho. Muitos desses criadores relataram que tiveram vídeos removidos e perfis banidos.
Além de eliminar o que chama de “narrativas derrotistas” – como expressões do tipo “esforço é inútil” -, a campanha também atinge postagens que exploram preocupações com emprego, educação ou relacionamentos para vender cursos e produtos.
A imprensa estatal chinesa elogiou a iniciativa como uma resposta “oportuna” ao que chamou de “caos digital”.
“O dano de conteúdos maliciosamente divisivos é significativo. Pode gerar mal-entendidos coletivos e pânico social, marginalizar a razão e os fatos e até provocar conflitos fora da internet, causando prejuízos de longo prazo à ordem pública e à confiança social”, escreveu um editorial do jornal estatal The Paper publicado na terça-feira (23).
A nova estratégia de censura reforça a atuação do “Grande Firewall”, sistema de vigilância e bloqueio digital criado em 1998 pelo Ministério da Segurança Pública da China, considerado pelo OpenNet Initiative o mais sofisticado regime de filtragem da internet no mundo.
Ferramentas como bloqueio de IPs, varredura de pacotes de dados e reconhecimento de fala são empregadas para restringir o acesso a conteúdos críticos ao regime comunista. Sites como Google, Facebook e YouTube seguem inacessíveis no país, evidenciando o grau de isolamento digital imposto pela ditadura de Xi Jinping.
Fonte: Revista Oeste