O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu mais um passo na aproximação do país com a China. Pela primeira vez, o Brasil terá oficiais-generais como adidos militares na China. A medida foi publicada no decreto 12.480 de 2 de junho de 2025. Um general do Exército, um almirante da Marinha e um coronel da Aeronáutica foram designados para atuar em Pequim, rompendo uma tradição que reservava esse nível hierárquico especialmente para os Estados Unidos.
Juntos com outros oficiais superiores que atuarão como adjuntos, totalizarão cinco militares brasileiros na China. Para o governo Lula, essa estrutura ampliada fortalecerá a cooperação militar bilateral, a troca de informações e o apoio nas negociações de acordos, além de monitorar os avanços tecnológicos na área de defesa.
Além da China, os oficiais serão responsáveis também pelas relações militares com a Tailândia, reforçando o interesse brasileiro no Sudeste Asiático. Especialistas entendem essa movimentação como um esforço do Brasil para diversificar parceiros estratégicos, reduzindo a dependência tradicional dos fornecedores norte-americanos no setor de defesa.
Militares no meio de contexto geopolítico delicado
Essa mudança ocorre em um momento delicado, com tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, que impuseram tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras. Apesar do gesto diplomático em relação à China, o Brasil mantém três generais como adidos, nos Estados Unidos.
No Brasil, a novidade causou estranhamento político e levou parlamentares a requererem esclarecimentos ao Ministério da Defesa. O debate inclui preocupações sobre a legitimação do regime chinês de Xi Jinping, visto por alguns como autoritário e militarizado.
O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) protocolou, na terça-feira (5), um requerimento ao ministro da Defesa, José Mucio (PTB-PE), pedindo esclarecimentos sobre a designação inédita dos militares brasileiros como adidos na China.
O parlamentar questiona os critérios usados para a escolha dos oficiais, os objetivos da missão e os possíveis riscos à segurança nacional. Ele também solicita informações sobre o impacto da decisão nas relações com os Estados Unidos, a cooperação militar pretendida e medidas para evitar comprometer a imagem do Brasil diante do contexto geopolítico delicado.
Fonte: Revista Oeste