Os bolivianos vão às urnas neste domingo (17) para eleger o novo governo e Parlamento para o próximo quinquênio, em eleições gerais que podem marcar uma guinada política para o centro ou a direita após 20 anos de hegemonia dos governos de esquerda, comandados pelo Movimento ao Socialismo (MAS).
Na Bolívia, 7.567.207 pessoas maiores de 18 anos estão habilitadas para eleger presidente, vice-presidente e os parlamentares para um período de cinco anos, e outros 369.308 cidadãos estão aptos a votar no exterior, embora possam escolher somente a chapa presidencial e não sejam obrigados a votar.
Entre as oito organizações políticas que concorrem às eleições, duas candidaturas opositoras aparecem como favoritas: a do empresário de centro-direita Samuel Doria Medina e a do ex-presidente de direita Jorge Tuto Quiroga (2001-2002), que podem disputar um inédito segundo turno, caso se confirme o que mostram as pesquisas.
Se isso ocorrer, será a primeira vez que a Bolívia terá um segundo turno, possibilidade incluída na Constituição vigente desde 2009, que estabelece a condição se nenhuma das candidaturas alcançar mais de 50% dos votos válidos ou um mínimo de 40% com pelo menos dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Esse cenário também representará a saída da esquerda do poder. As pesquisas situam o governista Eduardo del Castillo entre as últimas posições, enquanto o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, da Aliança Popular, que era considerado o sucessor do ex-presidente Evo Morales, também não aparece com porcentagens que o aproximem sequer do segundo turno.
O partido governista concorre dividido à disputa eleitoral, pois, além das candidaturas de Del Castillo e de Rodríguez, Evo Morales se desvinculou do MAS após não conseguir ser novamente o candidato da sigla.
Morales insiste em ser candidato apesar de uma disposição constitucional que o impede de voltar a concorrer em razão de já ter governado o país em três períodos e, no momento, sequer tem um partido político.
Nos últimos meses, os apoiadores do ex-presidente realizaram diversos protestos para forçar sua inscrição, mas, ao não conseguir o objetivo, Morales e seus seguidores passaram a promover o voto nulo.

As pesquisas também mostraram uma alta porcentagem de indecisos, votos em branco e nulos — inclusive antes de Morales iniciar sua campanha.
Segundo a norma vigente, os votos nulos e em branco não entram nos válidos e somente são considerados para fins estatísticos da votação em um processo eleitoral.
Mesmo em um cenário de maioria de votos nulos ou brancos, a eleição dos novos dignitários será realizada com base nos votos válidos.
As seções eleitorais devem abrir a partir das 8h (9h de Brasília) e funcionar durante oito horas contínuas, ou até que o último eleitor na fila tenha emitido seu voto.
O voto na Bolívia é obrigatório e, após votar, a pessoa recebe um certificado de sufrágio que deverá apresentar para realizar qualquer trâmite em instituições públicas e nos bancos nos 90 dias posteriores às eleições.
A Bolívia contará para esta eleição com o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (Sirepre), cujo funcionamento foi testado com simulações em nove tribunais eleitorais departamentais, e que divulgará informações ao término do pleito.
Também estão mobilizadas 14 missões internacionais de observação eleitoral, as mais numerosas as da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de outras cinco delegações nacionais para vigiar o processo.
No país, vigora o silêncio eleitoral desde quinta-feira e o “auto de bom governo”, que desde sexta-feira proíbe aglomerações ou reuniões em massa, e a venda de bebidas alcoólicas.
Além disso, no domingo estará proibida a circulação de veículos que não possuam autorização do órgão eleitoral.
Fonte: Revista Oeste