O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a Boeing chegaram a um acordo provisório para que a fabricante de aviões não seja declarada culpada por fraudar as autoridades antes dos dois graves acidentes com seus aviões 737 Max em 2018 e 2019, nos quais morreram 346 pessoas.
O jornal The Wall Street Journal informou nesta sexta-feira (16) que a Boeing não será processada, apesar de no final de 2024, durante o governo do então presidente Joe Biden, a empresa ter concordado em se declarar culpada de fraudar a Administração Federal de Aviação (FAA) para ocultar falhas de projeto em seu modelo 737 MAX antes dos acidentes na Indonésia e na Etiópia.
No acordo com o governo Biden, a Boeing evitou ir a julgamento em troca de reconhecer que enganou a FAA no processo de certificação de seu 737 Max, concordando em pagar uma multa de US$ 243,6 milhões, além de investir US$ 455 milhões em três anos para melhorar seus programas de conformidade e segurança.
Em março, o juiz federal Reed O’Connor ordenou que a Boeing fosse julgada por suas ações após rejeitar o acordo com a administração Biden.
A tentativa de acordo anunciada nesta sexta-feira pode anular a ordem do juiz de enviar a fabricante de aeronaves a julgamento.
Os advogados que representam as famílias das vítimas dos dois acidentes confirmaram à imprensa local a existência do pacto e disseram que o Departamento de Justiça entrou em contato com eles para informá-los sobre a possibilidade de a Boeing não ser processada.
“[O Departamento de Justiça] transmitiu sua noção preconcebida de que a Boeing deveria ter permissão para evitar consequências reais por suas mentiras mortais”, disse o advogado Paul Cassell, que representa muitas das famílias dos mortos. Outro advogado, Sanjiv Singh, declarou que ficou “chocado” com o acordo provisório.
O acordo foi anunciado depois de Catar e Emirados Árabes Unidos anunciarem a compra de mais de 200 aeronaves da Boeing, negócios avaliados em mais de US$ 110 bilhões, durante a visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à região nesta semana.
Fonte: Revista Oeste