O supertufão Ragasa tocou o solo nesta quarta-feira (24) na província de Cantão, o principal polo industrial da China, onde quase dois milhões de pessoas foram evacuadas e a maior parte da atividade paralisada por causa do potente fenômeno meteorológico.
Segundo o Observatório Meteorológico de Cantão, o temporal tocou terra por volta das 17h (horário local, 6h de Brasília) na ilha de Hailing, pertencente à cidade de Yangjiang, após passar por Taiwan e Hong Kong nos dois dias anteriores.
Espera-se que nas próximas horas o tufão Ragasa continue se movendo em direção a oeste a uma velocidade aproximada de 20 quilômetros por hora e que vá se enfraquecendo gradualmente.
As autoridades tinham evacuado de forma preventiva mais de 1,89 milhão de residentes das áreas potencialmente mais afetadas da província, de cerca de 127 milhões de habitantes e que mantém ativados o alerta laranja para tufão e o vermelho para tempestade ciclônica.
Quase um quarto das evacuações correspondeu à cidade de Shenzhen, um ponto industrial nevrálgico que deslocou 400 mil pessoas em áreas de risco e mantém fechado seu aeroporto, o quarto de maior tráfego na China, desde a noite de terça-feira.
Na cidade de Cantão, com cerca de 18 milhões de habitantes, as autoridades assinalaram a manhã de terça-feira como o período de maior intensidade de vento e chuva e mantêm níveis elevados de alerta, com rajadas de até 41 metros por segundo.
O governo municipal de Cantão aplicou as conhecidas “cinco paralisações”: suspensão de aulas, trabalho, produção, transporte e atividade comercial, com serviços essenciais operacionais e 1.570 abrigos habilitados.
Por enquanto, as autoridades não divulgaram dados sobre o número de indústrias que paralisaram sua atividade por causa da tempestade nem das potenciais perdas causadas por esta interrupção.
Taiwan abre investigação após ordens de evacuação não serem cumpridas em condado
O governo de Taiwan abriu uma investigação sobre as inundações que mataram 17 pessoas no condado de Hualien, no leste da ilha, onde as fortes chuvas atribuídas ao tufão Ragasa provocaram o transbordamento de um lago natural na véspera.
Em declarações à imprensa local, o primeiro-ministro da ilha, Cho Jung-tai, destacou no local da tragédia que o mais urgente esta manhã era “restabelecer o contato” com os desaparecidos em Guangfu, o município mais afetado pelas inundações.
A autoridade também afirmou que deve ser esclarecido o motivo de as ordens de evacuação “não terem sido totalmente cumpridas” e ressaltou que o governo central monitorava o lago desde 26 de julho.
“No entanto, desta vez o deslocamento claramente não foi executado por completo. Não se trata de procurar culpados, mas de entender as razões”, disse Cho, segundo a agência de notícias CNA.
O primeiro-ministro prometeu que o governo prestará a assistência necessária às vítimas e oferecerá “apoio integral” à população e aos setores produtivos, acrescentando que o presidente, William Lai, ordenou que as Forças Armadas entrassem na área para colaborar nos trabalhos de resgate.
Segundo as autoridades locais, o transbordamento do lago ocorreu entre às 14h50 e 16h30 (hora local) de terça-feira, quando a barragem natural do afluente do riacho Matai’an cedeu e liberou um grande volume de água carregada de lama e destroços.
A enchente destruiu a ponte sobre o riacho e inundou rapidamente o centro urbano de Guangfu, onde várias ruas ficaram submersas até o nível dos telhados em algumas áreas.
Segundo dados do CEOC, só no município de Guangfu foram registradas 17 mortes e 32 feridos pelo transbordamento do lago, enquanto 17 pessoas continuam desaparecidas, depois que as equipes de resgate encontraram 135 moradores com vida nas últimas horas.
Fonte: Revista Oeste