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A música que o Scorpions ignorou em Brasília, mas resolveu tocar em São Paulo


O Scorpions se apresentou na noite de sábado, 19, como atração principal do Monsters of Rock 2025. O festival, que celebra seus 30 anos de existência, aconteceu no Allianz Parque, em São Paulo.

Três dias antes, a banda subiu ao palco do Arena of Rock, evento em Brasília, e surpreendeu ao deixar de tocar um de seus maiores sucessos: “Still Loving You”. A canção do álbum Love at First Sting (1984) se tornou extremamente popular em especial no Brasil, após ter entrado na trilha sonora da novela Corpo a Corpo, da TV Globo.

Na capital paulistana, o grupo não deixou sua superbalada de fora. A música foi tocada como a última antes do bis. Confira vídeo a seguir.

Como foi o show do Scorpions no Monsters of Rock 2025

Sessenta anos de carreira. Quais outros artistas e bandas além do Scorpions chegaram a uma marca tão representativa como esta? Rolling Stones e os membros dos BeatlesPaul McCartney e Ringo Starr — são as respostas mais fáceis. Há ainda Beach Boys, Stevie Wonder, Bob Dylan, Roberto Carlos e alguns outros.

Não há tantos exemplos assim. A gigantesca maioria fica pelo caminho, em meio a aposentadorias e falecimentos. E são ainda mais raros os casos como o do grupo alemão de hard rock, que não apenas mantém-se ativo, como também excursiona por todo o mundo.

Klaus Meine (voz), Rudolf Schenker (guitarra rítmica), Matthias Jabs (guitarra solo), Pawel Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria), aliás, seriam bobos se não viajassem pelo menos para a América Latina com frequência. Sua maior base de fãs está aqui. São Paulo é a cidade no mundo que mais ouve seus 19 álbuns de estúdio por meio do Spotify, principal plataforma de streaming global. O ranking é completo por Cidade do México (2º), Santiago (3º) e Bogotá (4º).

Scorpions (Foto: Fernando Moraes)

Todas essas localidades foram contempladas pela atual turnê latino-americana, que chegou no sábado, 19, à capital paulistana por meio do Monsters of Rock. Mas a relação especial do Scorpions — atração principal do festival, que dividiu o palco com Judas Priest, Europe, Savatage, Queensrÿche, Opeth e Stratovarius — é mesmo com o Brasil. Trata-se do oitavo país no planeta onde mais tocaram até hoje, com mais de 50 apresentações somadas e uma estreia improvável no Rock in Rio 1985, quando estavam no auge e toparam vir, mesmo com a falta de tradição regional na realização de grandes eventos internacionais.

Esta conexão se prova não apenas por números. Os fãs que encheram o Allianz Parque para assisti-los, mesmo após seis outros shows e sob uma incômoda chuva, curtiram a performance de 100 minutos do grupo, que, efeitos pontuais da idade à parte, não soa como se tivesse sido criado em 1965 — ainda que Rudolf seja o único remanescente da primeiríssima formação, com Klaus entrando em 1969, Matthias em 1978 e os demais já no século 21.

Scorpions (Foto: Fernando Moraes)

Meine, aliás, é quem demonstra naturalmente lidar com as consequências dos anos de estrada. No alto de seus 76 anos, o cantor vez ou outra tem alguma dificuldade para manter os tons mais agudos e opta por uma presença de palco mais contida. Nada que incomode o público, visto que sua performance ainda segue de alto nível. Ainda é emocionante ouvi-lo cantar hits como a baladaça “Send Me an Angel”, a otimista “Wind of Change”, a divertida “Big City Nights” e a diretaça e derradeira “Rock You Like a Hurricane”, executada com um enorme escorpião ao fundo após “Blackout”, outra pérola. 

Já os demais integrantes são como garotos. Rudolf, também 76, é energia pura e oferece a base necessária para o brilho de Matthias, 69, talvez um dos guitarristas mais subestimados da história do hard rock. Se é raro vê-lo em listas de mais celebrados ou influentes no instrumento, é comum ficar de queixo caído ao ouvi-lo executar arranjos precisos e solos afiados com um timbre refinado, de clareza incomum no segmento.

Scorpions (Foto: Fernando Moraes)

Mikkey, 61, segue uma usina de energia baterística e, inegavelmente, deu gás novo desde sua chegada em 2016, pouco tempo após a morte de Lemmy Kilmister e o fim do Motörhead, grupo que integrava até então. Soa, inclusive, plenamente recuperado da recente cirurgia no pé, necessária diante de uma grave infecção generalizada contraída no fim de 2024. Pawel, 58, é o caçula da formação — embora esteja há mais tempo do que o baterista — e o mais discreto, ainda que colabore com Schenker ao oferecer sustentação para Meine, Jabs e Dee brilharem cada um a seu modo.

Quanto ao setlist executado em São Paulo, há prós e contras. De modo majoritário, os clássicos estão lá. Até “Still Loving You”, limada do setlist de Brasília três dias antes, retornou. Entre as ausências mais sentidas, estão “Holiday”, fora desde 2020, e “No One Like You”, cortada a partir de 2022. Fora isso, seria legal ouvir mais material da década de 1970? Com certeza. Mas o repertório flui bem, em especial, por ter poucas músicas lentas — só três — e priorizar uma abordagem mais pesada. Os resgates de “Loving You Sunday Morning”, após quase 9 anos sem tocá-la, e o medley de “Top of the Bill” + “Steamrock Fever” + “Speedy’s Coming” + “Catch Your Train”, em celebração à fase com Uli Jon Roth, fazem sentido.

Scorpions (Foto: Fernando Moraes)

São detalhes que podem render algum tipo de debate entre fãs mais dedicados. Nada muito além. O Scorpions entrou vitorioso já nas primeiras notas de “Coming Home” e, conforme o desenrolar do set, apenas concentrou ainda mais as atenções do público — extasiado nos momentos finais com o escorpião inflável gigante no palco e as clássicas “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane”. São sessenta anos de carreira, quarenta anos de relação direta com o Brasil, mas o sentimento é de casal recém-formado.

1. Coming Home
2. Gas in the Tank
3. Make It Real
4. The Zoo
5. Coast to Coast
6. Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train (medley)
7. Bad Boys Running Wild
8. Send Me an Angel
9. Wind of Change
10. Loving You Sunday Morning
11. I’m Leaving You
12. Solos de baixo e bateria
13. Tease Me Please Me
14. Big City Nights
15. Still Loving You
Bis:
16. Blackout
17. Rock You Like a Hurricane

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Fonte: rollingstone.com.br

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