Beatles e Led Zeppelin são duas das maiores bandas da história do rock. A primeira praticamente redefiniu os parâmetros da música popular como um todo, enquanto a segunda foi fundamental para o desenvolvimento do hard rock e heavy metal. Ambos os grupos, vindos da Inglaterra, promoveram revoluções diferentes, cada um a seu modo.
Todavia, há uma grande diferença entre os dois nomes citados. Ao menos de acordo com Jimmy Page, guitarrista e produtor do Zeppelin, que abordou a questão em entrevista de 1997 à Guitar World (via Far Out).
Na ocasião, Page discutia o lançamento da compilação BBC Sessions, com registros ao vivo gravados durante participações do Led na emissora britânica BBC. Tanto sua banda quanto os Beatles estiveram com certa frequência no conglomerado de comunicação.
Surgiu, daí, o comparativo de Jimmy. Para ele, o Fab Four de Liverpool não oferecia tanta surpresa quando tocava ao vivo — caso diferente de seu próprio grupo, adepto às improvisações.
“Compare nossas sessões da BBC com, digamos, as gravações dos Beatles na BBC. Aposto um centavo contra um dólar que, se eles tiverem duas ou três versões da música ‘Love Me Do’ ou algo assim, todas serão idênticas. Essa é a diferença entre nós e nossos contemporâneos: o Led Zeppelin realmente estava movimentando a música o tempo todo.”
Ainda durante a entrevista, Page refletiu sobre a decisão de lançar, quase três décadas depois, as gravações que geraram a compilação BBC Sessions. O guitarrista voltou a citar o improviso como a grande qualidade do Led Zeppelin.
“O que acho mais emocionante nessas gravações é comparar as diferentes versões das mesmas músicas. É interessante ouvir como uma música como ‘Communication Breakdown’, que aparece três vezes, evoluiu de apresentação para apresentação. É como olhar um diário. As sessões da BBC mostram em detalhes gráficos o quão orgânico o grupo era. O Led Zeppelin era uma banda que mudava as coisas substancialmente a cada vez que tocava. As duas apresentações de ‘You Shook Me’ são exemplos particularmente bons do que estou falando. A versão que abre o álbum não é ruim, mas não se compara à segunda versão, gravada apenas alguns meses depois.”
Isso só era possível, de acordo com Jimmy, por meio do forte entrosamento entre os integrantes. Além dele, a banda era completa por Robert Plant (voz), John Paul Jones (baixo) e John Bonham (bateria).
“A interação entre mim e Robert cresceu aos trancos e barrancos. Era uma indicação sutil de como a banda estava começando a se entrosar. Estávamos nos tornando cada vez mais unidos, a nível de telepatia.”

Jimmy Page não é grande fã dos Beatles
A declaração de Jimmy Page sobre os Beatles não chega a surpreender. Embora não tenha sido desrespeitoso, o guitarrista nunca escondeu que não é dos maiores apreciadores do trabalho de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr — como seus colegas, ele estava bem mais ligado na música americana.
Em entrevista para o programa de rádio de Alan Freeman em 1976, Page apontou que “os primeiros discos dos Beatles não têm nada de especial”. Para ele, os últimos discos são os melhores.
“Quando eles estavam na época de Magical Mystery Tour (1967), eles realmente estavam indo para algum lugar.”
Dá para dizer que a recíproca era verdadeira. George Harrison, em especial, não gostou do Led Zeppelin quando ouviu o álbum de estreia pela primeira vez.
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Fonte: rollingstone.com.br