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A amizade entre Sócrates e Zico nas capas de PLACAR; relembre


A década atual não é das melhores para o Corinthians, que tenta driblar crises políticas, financeiras e até esportivas. Como expectador, o Timão vê os rivais Palmeiras e Flamengo disputarem uma certa hegemonia na Libertadores e, para o torcedor alvinegro, dos males o pior. Será que a “União FlaRinthians” existe? Sócrates e Zico dizem que sim, e as capas de PLACAR comprovam.

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O Palmeiras avançou para a sua 5ª semifinal de Libertadores nos últimos seis anos e, pergunte a qualquer o torcedor corinthiano, vale tudo para não ver o arquirrival campeão novamente. Nessa lógica, quem mais pode fazer frente ao Verdão parece ser mesmo o Flamengo de Filipe Luís.

Sócrates do Corinthians, com Zico do Flamengo – acervo / PLACAR

Esta não é a primeira e nem a segunda vez que acontece a “União FlaRinthians”. Afinal, o torcedor alvinegro saiu tão chateado com Andreas Pereira (hoje no Palmeiras) quanto o próprio torcedor rubro-negro naquela final de 2021 – com título do Verdão.

As duas maiores torcidas do país já se uniram antes. Ao menos para apreciar os ídolos nas capas de PLACAR. Ao longo dos anos, Sócrates e Zico driblaram qualquer rivalidade e estreitaram uma amizade icônica do futebol brasileiro. Os ídolos de Corinthians e Flamengo trocaram camisas e também vestiram juntos a amarelinha da seleção brasileira.

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nosso acervo de 55 anos, reproduz abaixo duas reportagens de com Sócrates e Zico.

A primeira delas data de abril de 1979, uma conversa entre os ídolos de Corinthians e Flamengo que sonhavam em jogar juntos (vestindo a camisa da seleção brasileira). A segunda, de março de 1982, enaltece a amizade dos dois craques-rivais.


Capa da revista Placar Regional, edição 469, 20 de abril de 1979.

DUAS TORCIDAS NO ATAQUE DA SELEÇÃO

No encontro dos dois gênios, uma prévia de como irá jogar a dupla infernal do Brasil

Por: Marcelo Rezende

— Nós vamos fazer muitos gols na Seleção. Difícil mesmo será ir até aí em cima te abraçar. (Zico, artilheiro e ídolo do Flamengo).

— Nosso futebol será envolvente, de inteligência, toque, malabarismo. (Sócrates, artilheiro e ídolo do Corinthians).

— Há pouco menos de um mês, PLACAR se antecipava ao anunciar o entusiasmo de Cláudio Coutinho com a tabelinha infernal da nova Seleção Brasileira. Uma tabelinha infernal nascida da união de dois dos mais completos craques do futebol brasileiro – Sócrates e Zico.

A volta do futebol agressivo

Dois artilheiros que prometem reviver a mística de duas camisas da Seleção há tempos sem donos definitivos: a 9 e a 10. Dois jogadores inteligentes que fascinarão, como fazem em seus clubes, pelo toque mágico das melhores tradições do futebol brasileiro — a criatividade a serviço do gol, bem a gosto de Coutinho.

Agora, Placar reúne no Rio de Janeiro os dois ídolos das duas maiores torcidas do Brasil. Um encontro informa! entre o grandão Sócrates (1,90 m) e seu futuro parceiro, o pequenino Zico (1,72 m). Muitos planos, muitas análises e, de saída, um ponto de vista comum: o Brasil tem de voltar a jogar para o gol, golear, intimidar o adversário só pela simples presença em campo.

Zico — Olha, Sócrates, o mal em 1978, na Argentina, é que à indefinição foi total. Jogamos com medo dos adversários, medo de perder. Em Rosário, contra a Argentina, na hora do tudo ou nada, o Brasil intimidou-se e, aí, perdeu o Mundial. Isso tem de mudar para o Brasil recuperar o prestígio.

Sartre, leitura preferida de Sócrates

Sócrates — Temos de atacar. Correr riscos para golear. Gosto de jogar em time que parte para frente — na vida de hoje não há mais lugar para covardia, para temores. Por que Flamengo e Corinthians são melhores? Porque jogam com coragem.

Zico — Isso mesmo, Sócrates. Assim, você vai se dar muito bem na Seleção. Não é um bicho-de-sete-cabeças. Não se assuste. É só não querer mostrar mais que sabe. Mantenha o ritmo do clube.

Sócrates — É um perigo a mudança de comportamento. Sei que a competição interna vai ser forte, acirrada: todos querem uma vaga e o tempo é curto. Mas estou desde já tranquilo: tenho muita confiança em mim.

Zico — Isso mesmo. Preciso de um parceiro confiante, preciso de um parceiro com suas características: calmo, habilidoso, inteligente nos deslocamentos, capaz de trocar de posição comigo a todo instante, para deixar os gringos loucos. Não podemos jogar na frente com um trombador porque esse suga nosso futebol sem nada criar.

Sócrates veste Flamengo e Zico veste Corinthians – acervo / PLACAR

Jogar em bloco é o grande segredo

Sócrates — Creio que faremos ótima dupla. Seu poder de drible curto e passe de média distância caem bem dentro do meu estilo de tabelinhas curtas, deslocamentos rápidos. Formaremos um ataque móvel, envolvente. De início, você ocuparia mais a faixa central do campo e eu iria mais pelas laterais e, durante a partida, nos movimentaríamos.

Zico — Eu sempre joguei assim, na época de Doval e Geraldo, um grande amigo que morreu. Doval e eu nos revezávamos entre centroavante e ponta-de-lança, com Geraldo vindo de trás para completar o gol. Um jogo em bloco como deve ter a Seleção. Explicando melhor: eu e você mais na frente, com Carpeggiani vindo de trás para aproveitar os espaços. Pelo menos, assim é o Flamengo de hoje.

Sócrates — Biro-Biro, no Corinthians, faz esse papel de Carpeggiani. Jogar em bloco é o segredo, como no caso do Flamengo, onde até Rondinelli faz gol. Além disso, precisamos de dois pontas que procurem a linha de fundo. Esse Júlio César, do teu time, é impressionante nesse serviço.

Um ponto comum: os dois detestam concentração

Zico — O “Maluco” é um craque que cairia bem nesse ataque. Julinho, às vezes, parece ligar a tomada — dribla, centra, chuta em gol como nenhum outro ponta do Brasil. Tem coisas de Garrincha.

Sócrates — Pois é, inventaríamos a criatividade rotativa. Não como em 1978, quando cada um tinha uma missão e nada criava. Formaremos uma Seleção livre, solta, descontraída, que devolveria a alegria e a confiança ao povo.

Tabelinha curta? Os dois são mestres nisso

Zico — E nós dois nos entrosaríamos rapidamente. Nosso futebol é parecido, se completa — técnica é com a gente mesmo. Vai dar gosto fazermos tabelinhas, como as que você faz com Palhinha. Adoro jogar em toque rápido e curto, daqueles que o beque nem vê onde a bola passa.

Sócrates — Nisso sou especialista. Aprendi no futebol de salão, como também aprendi a jogar de calcanhar. Surpreende a defesa. Faço mais fé em meu calcanhar que na perna esquerda.

Zico — Rapaz, eu também comecei no futebol de salão. É uma grande escola. Só quem jogou futebol de salão sabe fazer tabelinha curta. Quer dizer que somos vinho da mesma pipa?

Sócrates — Mas não vamos pensar só na tabelinha. Nosso futebol será muito mais de improviso. Curioso — tendo ao lado um jogador de mesmo nível, você se liberta mais para criar, sente-se mais confiante porque sabe que o companheiro vai entender. Ao lado de um trombador, você fica com a obrigação de segurar a barra dele, para não comprometê-lo.

Zico — Isso mesmo. Eu vi você jogar muitas vezes. Sua maior virtude é a inteligência, além de uma colocação em campo maravilhosa. Sei que vou te passar uma bola e receber uma bola, nunca uma melancia. Vamos surpreender os gringos porque nosso raciocínio é muito mais rápido. São dados importantes que Coutinho está levando em conta. E, uma coisa, me desculpe: sua altura não atrapalha, como pensava anteriormente.
Pensei que você fosse todo complicado, lento, mas não é nada disso. Lembra o Ademir da Guia — passada lenta, mas deslocamento certo, no espaço vazio. A mobilidade, a visão do espaço é que faz a rapidez.

Sócrates e Zico pelas lentes de PLACAR – acervo / PLACAR

Agora, é preciso aguçar os sentidos

Sócrates — Dupla de ataque, além de rapidez, precisa antever um o rumo do outro. E só jogador frio, calculista, com auto domínio é que chega a esse nível. Por isso espero com ansiedade a oportunidade de estarmos juntos.

Zico — É verdade. Precisamos aguçar esses sentidos. As defesas européias jogam muito fechadas. Só o improvisador consegue penetrar em tão pequenos espaços.

Sócrates — E vamos marcar muitos gols, porque essa é nossa característica maior. Eu, que prefiro dar um passe ao companheiro a chutar a gol, já marquei 10 este ano e dei mais quatro ao Palhinha.

Zico — Faz um favor: guarda esses passes pra mim.


Capa da revista Placar, edição 618, 26 de março de 1982.

DOIS CAROS AMIGOS

A história da amizade que começou com uma mútua admiração, continuou na Seleção e cresce a cada Corinthians x Flamengo

Por: Hideki Takizawa

Sócrates: “Eu adoro esse baixinho”

Fã há muitos anos de Zico – há quem considere o maior jogador do mundo na atualidade -, Sócrates confessa: trata-se de um exemplo de homem e profissional. “Gosto dele pelo seu futebol e pelo que tem na cabeça”, diz o Doutor.

“Eu poderia definir o Zico com poucas palavras: Zico é o maior craque do mundo na atualidade. Mas, além de não estar dizendo uma novidade, estaria falando dele apenas como jogador. E Zico, para mim, é muito mais do que o Galinho de Quintino, craque do ano, artilheiro impiedoso. Acima disso, ele é um homem, maduro, consciente, com quem me afino muito bem.

Também não vou dizer que já o admirava mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente, de trocarmos idéias e nos tomarmos amigos fora de campo. Só quem não gosta ou não entende nada de futebol não o admira. Nosso primeiro encontro foi num jogo em que ele defendeu a Seleção Brasileira contra a Paulista, na qual eu atuei, no Morumbi. Conversamos rapidamente, mas foi o suficiente para confirmar a boa impressão que eu tinha dele. Depois disso, voltamos a nos encontrar em 1979, na Seleção Brasileira, e minha admiração por ele aumentou tremendamente, a ponto de nos tornarmos grandes amigos. Tão íntimos quanto eu sou do Palhinha. Pena que o Zico jogue e more
no Rio de Janeiro e eu aqui em São Paulo. Se ele viesse para o Corinthians, coisa que eu gostaria muito, nos tornaríamos irmãos gêmeos.

Nas concentrações, estamos sempre conversando sobre todo tipo de assunto. Principalmente sobre política e economia. E eu sinto que as idéias dele se afinam perfeitamente com as minhas. Temos os mesmos anseios. Ele está bem por dentro da realidade brasileira e, como eu, também sonha com uma melhor distribuição de renda, com maior estabilidade econômica e financeira para os trabalhadores e com a tranquilidade social.

Suas idéias sobre tudo isso são claras e precisas. Próprias de uma pessoa adulta, que não fala por falar e que nunca entra em contradição. Ele tem berço e, embora esteja bem situado na vida, não esquece dos companheiros de profissão. Essa luta que ele está em preendendo à frente do Sindicato dos Jogadores Profissionais é uma das coisas mais edificantes que conheço. Sei que já o aconselharam a deixar o Sindicato de lado, por lhe tomar tanto tempo de sua vida, mas ele se nega a isso. Prova do homem que é, do profissional que não se preocupa apenas consigo mesmo. Falamos disso outro dia, quando fomos jantar em São Paulo, e ele chegou a se emocionar. Tenho certeza de que conseguirá tomar o Sindicato do Rio tão forte quanto o de São Paulo. E aí partiremos para a Federação. fundando, antes, os Sindicatos de Pernambuco e de Minas Gerais. Sempre levando adiante as idéias do Zico.

“Futebol quase não aparece nos papos”

Aliás, esse nosso primeiro jantar fora da concentração serviu para estreitar ainda mais nossa amizade. Levamos nossas mulheres e a Regina adorou a Sandra. Até parecia que elas já se conheciam há muito tempo. A Regina gostou tanto que está me cobrando outros encontros como aquele. Vou deixar de ser preguiçoso e programar novos jantares. Também vou ver se telefono mais para eles. Dar dicas dos livros que tenho lido e saber dos que ele anda lendo. E nessa podemos até falar um pouquinho sobre futebol. Sabe que esse é um detalhe importante? O que menos nós conversamos quando estamos juntos é sobre futebol, táticas, esquemas, essas coisas todas. Nós dois achamos que isso adianta pouco. O que vale mesmo é lá dentro.

E aí temos a mesma afinidade que temos fora do campo. Ele é incrível, paréce ler meus pensamentos. E os gritos que dou ajudam muito nossa movimentação. Eu, em campo. falo bem mais do que ele. Ele também fala. mas só para cantar o jogo. E como canta bem. Vê tudo, se apresenta para receber e transmite confiança ao time. Fico bobo de ver como ele não pára nunca e como vibra com o jogo. Não é de graça que ele é o maior jogador do mundo e um fantástico artilheiro.

O Zico é também um grande brincalhão. Nas concentrações ele anima o pessoal, inventa brincadeiras e gosta de uma partidinha de buraco. Quando fazemos parceria, nos entendemos tão bem quanto em campo. Quando está do outro lado, é um adversário terrível. Joga a sério e presta muita atenção no jogo. Sempre tenta me irritar. chamando-me de Magrão ou Frankestein. Às vezes consegue me distrair, mas eu nunca deixo transparecer. Eu dificilmente o chamo de Galinho. Sempre o chamo de Baixinho. Brinco dizendo: “Ó, Baixinho, olhe bem a diferença, a distância que nos separa”. E ele responde que tamanho não é documento. E para ele não é mesmo. É um craque excepcional e
uma pessoa extraordinária.

No ano passado, quando o Corinthians não se classificou para a Taça de Ouro, ele deu uma entrevista e no final mandou um recado para mim. Ele disse: ‘Falem com o Magrão que, como o meu Flamengo não joga contra times da segunda divisão, só vamos nos encontrar outra vez na Seleção”. Tive vontade de ligar para ele, mas me segurei. Quando jogamos a primeira partida dessa fase da Taça de Ouro, no Morumbi, fui para cima dele. Falei: *Olha nós aqui, Baixinho. Você não conhece a raça desse time. E tomem cuidado, porque vamos passar por cima de vocês”. Ele riu muito.

É assim meu relacionamento com essa figura maravilhosa. Um exemplo de profissional e de homem, que todos devem procurar seguir. Uma pessoa de quem aprendi a gostar naturalmente, sem ser induzido por ninguém, nem mesmo por Telê Santana. Gosto dele pelo seu futebol e pelo que ele tem na cabeça. Por sua luta pela classe e por sua sinceridade. Para falar a
verdade, tenho orgulho de ser amigo do Zico.

Depoimento de José Maria de Aquino

Zico: “Eu me amarro nesse Magrão”

Morumbi, 16 de junho de 1977. A Seleção Brasileira enfrentava a Seleção Paulista, onde jogava um craque de Ribeirão Preto chamado Sócrates. “Finalmente vou conhecê-lo”, pensou Zico. Começava ali uma grande camaradagem.

“É Sócrates diz que me admira. Pois eu também admiro o Sócrates. Como jogador e como homem. Como jogador, antevê as jogadas; é craque. Como homem, basta ouvir uma entrevista dele para se perceber sua grande personalidade. É um homem que bota a filosofia do coletivo à frente da filosofia do individual.

Primeiro, eu conheci a fama do Sócrates. Lia e ouvia que em Ribeirão Preto havia um tremendo craque. Fiquei esperando para conferir pessoalmente. Até que no dia 16 de junho de 1977 saiu um jogo entre a Seleção Brasileira e a Seleção Paulista, no Morumbi. Era o tempo
do Osvaldo Brandão. E pensei assim: “Hoje, finalmente, vou conhecer esse rapaz”. Bastou aquela partida. Eu estava diante de um grande craque, sem dúvida nenhuma. Aquela antevisão dos lances, aquilo de saber para onde os companheiros vão se deslocar… Ali, ele conquistou
minha admiração. Ainda mais que eu sou louco por jogadores assim, de pura classe. O tempo só serviu para aumentar essa admiração.

Eu não vou jogar confete no Sócrates, ele não precisa e eu não sou disso. Quando falo essas coisas, falo de coração aberto. Ele é desses jogadores que não exigem que você tenha muito conjunto para se entender com ele. É a inteligência jogando. Dele, eu espero tudo numa partida — a cada vez, o passe ou o deslocamento certo.

Como pessoa, admiro o Sócrates pela franqueza, pela honestidade. Nos conhecemos na Seleção, em 1979, quando o Cláudio Coutinho ainda era o técnico, e desde então nossa amizade vem crescendo.

“Meu filho diz que ele é o Sócrates”

Nas concentrações, estamos sempre conversando sobre um assunto e outro. Ele já foi na minha casa, no Rio de Janeiro, e de certa forma posso dizer que pertence à família. O meu maiorzinho, o Arthur Júnior, até diz que é o Sócrates, veja só. Vibra quando eu e o Doutor aparecemos na tevê, naquela propaganda em desenho animado. Quando a Seleção Brasileira jogou em Ribeirão Preto, no ano passado, o Sócrates me levou para conhecer a turma dele. Foram momentos muito agradáveis.

Infelizmente, a gente tem poucas oportunidades de se encontrar fora da época de convocação. E não nos correspondemos, porque eu sou muito vadio e desligado nesse negócio de mandar cartão e escrever cartas. Mas sempre aparece um amigo comum, que leva um recado. E às vezes, por telefone, combinamos um encontro para jantar. O último aconteceu depois do recente jogo contra a Tchecoslováquia, em São Paulo. Nós e nossas mulheres fomos ao restaurante Flag. Era a primeira vez que as mulheres conversaram pessoalmente. Deram-se muito bem. Não faltou assunto. Eu pedi uma lagosta e o Sócrates atacou um camarão ao queijo Catupiry. Nós nos amarramos em frutos do mar.

Aliás, foi uma pena que a gente não tivesse se encontrado também na casado compositor Fagner, em Fortaleza, durante as férias do fim do ano passado, para nos empanturrarmos de lagosta e camarão. Fomos convidados e acertamos tudo. Mas deu desencontro. Quando eu voltei do Japão com a Sandra — o Flamengo acabara de conquistar o título de campeão mundial de clubes, diante do Liverpool —, fomos para lá, mas o Sócrates já tinha descido para São Paulo. Uma pena, porque à gente curte essa vida mansa.

E o Doutor é uma pessoa animadissima, apesar da seriedade. Sério em assuntos sérios, entende? Mas muito alegre. Ele sabe de cor tudo quanto é enredo de escola de samba. E canta ao violão. O pessoal de São Paulo costuma chamá-lo de carioca, pela fala arrastada — se os paulistas o vissem ao violão, cantando samba, então…

“Um cara simples e muito espontâneo”

Na verdade, o Sócrates canta de tudo. É só pedir música caipira que ele manda escolher. Eu não curto muito, mas fico pensando: “Puxa, mais um ponto para esse cara. Pela simplicidade, pela espontaneidade. Ele se criou nesse meio, absorveu, e mostra tudo com a maior sinceridade”.

É esse o Sócrates que eu conheço e admiro desde o primeiro dia. Posso dizer: meu amigo Sócrates.

Depoimento de Diviso Fonseca


Outra capas de PLACAR com Sócrates e Zico

Capa da revista Placar, edição 519, 11 de abril de 1980.

Capa da revista Placar, edição 626, 21 de maio de 1982.

Capa da revista Placar, edição 628, 04 de junho de 1982Capa da revista Placar, edição 628, 04 de junho de 1982

Capa da revista Placar, edição 628, 04 de junho de 1982

Capa da revista Placar, edição 784, 31 de maio de 1985.

Capa da revista Placar, edição 789, 05 de julho de 1985.

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Fonte: Agência Brasil

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