PUBLICIDADE

“não existe bala de prata” contra o crime organizado


O ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública (MJSP), afirmou nesta quinta (30) que o “escritório extraordinário” de resposta à megaoperação desta semana no Rio de Janeiro já começou a funcionar, mas que não há uma “bala de prata” para resolver o avanço do crime organizado para além das divisas do estado e nem das fronteiras do país.

A estrutura, que não existe fisicamente e é apenas um grupo de comunicação “no mundo virtual”, foi criada na véspera após Lewandowski ter se reunido com o governador fluminense Cláudio Castro (PL-RJ) em meio à troca de acusações sobre quem teria sido o responsável pela operação que deixou 121 mortos. O político do Rio de Janeiro afirmava que teve pedidos de ajuda negados pelo governo federal, enquanto que o ministro dizia não ter sido avisado da operação.

Após críticas de lado a lado, Lewandowski e Castro se reuniram para encontrar uma saída para a crise e definiram uma agilização na troca de informações e a disponibilização de recursos do governo federal para o estado. Entre as primeiras iniciativas, explicou Lewandowski, está o envio imediato de 20 peritos da Polícia Federal para auxiliar nas investigações e perícias de necropsias, balística e exames de DNA.

“Acabo de falar com o Cláudio Castro, avisando que vamos enviar ao Rio de Janeiro imediatamente esse contingente. Já existem alguns baseados no Rio que vão se apresentar. E nós estamos recebendo a requisição já do secretário de Segurança Pública do Rio pedindo esses peritos, esse já é um primeiro resultado”, afirmou em entrevista à GloboNews.

VEJA TAMBÉM:

  • 15 Minutos: STF quer explicações do governador do Rio de Janeiro após megaoperação policial

Ricardo Lewandowski também disponibilizou mais 10 a 20 peritos a depender da necessidade da Força Nacional, que já atua no estado, e que essa é a primeira ação do escritório, criado para evitar entraves burocráticos neste momento de crise. Também está prevista a troca de informações de inteligência no decorrer do andamento da operação e da necessidade de novas medidas para conter o crescimento do crime organizado.

O ministro afirmou que estas medidas devem surtir efeitos neste momento em que o Comando Vermelho foi enfraquecido pela operação, que retirou de campo uma grande quantidade de suspeitos de participação no crime organizado e de armas – foram apreendidas 118, sendo 91 fuzis. O próximo passo, afirmou, é sufocar as finanças da facção, com a abertura de um “inquérito macro” para envolver as diversas investigações que já estão em andamento, assim como ocorreu com o PCC na Operação Carbono Oculto, deflagrada em São Paulo e que levou ao bloqueio de mais de R$ 1 bilhão.

“No julgamento definitivo da ‘ADPF das Favelas’, o STF deu à Polícia Federal uma incumbência de abrir um inquérito para examinar a atuação das facções criminosas no Rio de Janeiro e para que sejam envolvidos os órgãos fazendários exatamente numa operação de inteligência, para tentar descapitalizar o crime. Esse escritório emergencial envolve também a Polícia Federal nessa atuação específica”, pontuando citando também iniciativas como a PEC da Segurança Pública – que está parada desde abril na Câmara – e a “Antifacções”, que deve ser enviada pelo governo ao Congresso em breve.

Por outro lado, Lewandowski ressaltou que Cláudio Castro deixou claro que não irá pedir a decretação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que teria entre as obrigações o reconhecimento da incapacidade das forças locais de garantirem a segurança.

Ainda segundo o ministro, embora essas ações tentem combater as facções criminosas, não existe uma bala de prata no Brasil e nem em lugar nenhum no mundo. Ele afirmou que o avanço do crime organizado é um problema mundial e que o Brasil tem acordos de cooperação com diversos países – principalmente os fronteiriços da América do Sul.

“É muito difícil fazer policiamento e fiscalização das fronteiras. Estamos fazendo, temos operações pontuais e localizadas, […] mas é um trabalho hercúleo. É preciso dizer também que as armas não vêm em comboios e em caminhões. Hoje as armas vêm desmontadas em pequenas peças, impressoras 3D conseguem fazer armas com bastante potência”, afirmou Lewandowski para justificar críticas de que o governo não consegue conter a entrada de armamento ilegal no país pelas fronteiras e que abastece as facções criminosas.

Ele ainda comparou o crescimento das organizações criminosas com o terrorismo e guerras, embora o governo não as reconheça como terroristas. Na véspera, ele afirmou a jornalistas que não há um caráter ideológico para adotar essa classificação.



Fonte: Revista Oeste

Leia mais

PUBLICIDADE