O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta sexta (24) que deve se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia, no próximo domingo (26). O petista afirmou que não há “assunto proibido” entre os dois líderes e garantiu que pretende discutir temas comerciais e diplomáticos, em meio às tensões provocadas pelo tarifaço de 50% imposto por Washington sobre produtos brasileiros.
A reunião ainda não foi confirmada oficialmente pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, mas Lula tratou o encontro como certo. Nesta semana, fontes à par do encontro confirmaram à Gazeta do Povo que equipes da diplomacia dos dois países estavam tentando acertar as agendas dos presidentes para um encontro.
“Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, disse Lula em uma coletiva de imprensa ainda em Jacarta, na Indonésia, pouco antes de embarcar para Kuala Lumpur, onde participará da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
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Lula afirmou que o encontro é aguardado há meses e que sempre esteve à disposição para se encontrar com Trump. A expectativa do governo é de que a conversa abra caminho para uma retomada das relações comerciais e políticas entre os dois países, que se desgastaram desde a adoção das tarifas norte-americanas e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), citado como um dos motivos das sanções.
“Sempre disse que, quando Trump quisesse conversar, o Brasil estava à disposição. [Estou] convencido de que vai ser bom para o Brasil e para os Estados Unidos, vamos voltar à nossa normalidade”, declarou.
Além de questões econômicas, Lula deve conversar com Trump sobre as recentes ações de forças norte-americanas a embarcações na costa da Venezuela. O líder norte-americano afirma que tem como alvo o narcotráfico, mas visto com ressalvas pelo presidente brasileiro.
“Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil. Acho que falta um pouco de compreensão da questão da política internacional”, pontuou criticando o uso de operações militares como justificativa para o combate às drogas.
Apesar o iminente encontro com Trump, Lula voltou a provocar seu homólogo norte-americano ao defender a desdolarização das transações comerciais entre os países – principalmente do Brics, que ele cita desde o início deste terceiro mandato – e criticar pressões para conseguir acordos unilaterais em detrimento do multilateralismo.
“Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. E, mais ainda, tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas”, disse Lula em um discurso na Indonésia na véspera.
A defesa pelo uso de moedas próprias para negociações comerciais em detrimento do dólar é vista negativamente por Trump, que já ameaçou uma alta taxação aos países que aderirem. Lula ainda pediu “coragem” para que os países não sejam dependentes de outras economias – mas, sem citar os Estados Unidos.
Fonte: Revista Oeste


