“Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil.” Esta foi a declaração do presidente Lula (PT) durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (23), seu primeiro dia de agendas na Indonésia. A fala foi direcionada ao presidente do país, Prabowo Subianto. O pano de fundo era a intenção de reafirmar que voltaria ao país asiático no futuro: “estou preparado para disputar outras eleições e tentar fazer com que a relação entre Indonésia e Brasil seja uma relação, por demais valorosa, e que a nossa relação traga mais empresários brasileiros para visitar a Indonésia.” Lula completa 80 anos na segunda-feira (27).
Apesar de declarar, a menos de um ano do pleito, que pretende disputar seu quarto mandato, Lula diz que esta não é uma preocupação no momento: “não vou ser o presidente da República que está pensando na sua reeleição. Vou ser o presidente que vai estar pensando em governar este país por quatro anos e deixá-lo tinindo, tinindo.”
Lula tem concorrido à Presidência desde 1989, primeiro ano em que o pleito passou a contar com voto direto. Na época, perdeu a disputa para Fernando Collor, em uma campanha em que já se discutiam as alianças entre o petista e os regimes autoritários de esquerda.
Depois disso, Lula resolveu fazer caravanas pelo Brasil, para fortalecer sua popularidade e, com isso, tentar vitória em 1994. Não deu resultado: tanto em 1994 quanto em 1998, perdeu no primeiro turno, e a Presidência ficou para o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Foi apenas em 2002 que Lula conseguiu seu primeiro mandato à frente do Planalto. O feito se deu graças a uma mudança de estratégia: o petista decidiu construir alianças com partidos de centro. Como sinal de boa-fé, colocou como vice em sua chapa o empresário José de Alencar, então filiado ao PL. Com isso, ficou à frente de José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes.
VEJA TAMBÉM:
- Ciro Gomes assina filiação ao PSDB ao lado de deputado do PL
- Ciro Gomes sai do PDT depois de 10 anos
Em disputa pelo segundo mandato, Lula enfrentou seu atual vice
Após a vitória de 2002, Lula resolveu manter a parceria com José de Alencar. Nas eleições de 2006, disputou a presidência contra o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB, à época PSDB). Mesmo com resultado apertado, obteve nova vitória.
Após dois mandatos, o presidente não poderia disputar as próximas eleições. Por isso, indicou Dilma Rousseff para substituí-lo. Tanto nas eleições de 2010 quanto nas de 2014, a chapa com Michel Temer obteve vitória contra o atual deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). O segundo mandato, porém, foi interrompido pelo impeachment, e Temer assumiu a Presidência.
Logo depois, em 2018, Lula estaria pronto para voltar, como dizia seu ainda oponente Geraldo Alckmin, “à cena do crime”. A Operação Lava Jato, porém, avançava. Com a iminência de sua prisão, Dilma ligou para Lula, avisando que mandaria, por Jorge Messias (atual advogado-geral da União e favorito para o STF) um termo de posse para a Casa Civil.
VEJA TAMBÉM:
- Quem é Jorge Messias, o favorito para assumir a vaga de Barroso no STF
- Jorge Messias é homenageado em jantar do MST com figurões do PT
Haddad assume candidatura após prisão
Lula deveria utilizar (e utilizou) a carta na manga apenas caso o risco de prisão aumentasse. Assim, ganharia foro privilegiado, e o arrastar do processo ao STF poderia garantir que já estivesse novamente na chefia do Executivo. Mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes derrubou a posse de Lula, enxergando ali desvio de finalidade. O petista foi preso e não pôde disputar as eleições em 2018.
Com Lula fora da disputa, o escolhido para tomar seu lugar como candidato do PT foi o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Haddad, no entanto, não conseguiu o mesmo resultado do líder de seu partido, e perdeu as eleições para Jair Bolsonaro.
Durante o governo Bolsonaro, o atual ministro do STF Cristiano Zanin, à época advogado de Lula, buscava meios de anular as condenações contra o ex-presidente. O processo chegou, então, ao STF. A Corte já tinha, em seus quadros, 7 dos 11 ministros indicados pelo PT (hoje, são 6 dos 10, com uma indicação pendente). Sergio Moro foi considerado parcial, o foro de Curitiba foi julgado incorreto para julgar Lula, e o STF anulou as condenações, dando espaço para a candidatura de 2022.
Fonte: Revista Oeste


