Giveon Dezmann Evans, mais conhecido como Givēon, surgiu no final da década de 2010 como uma das vozes mais distintas do R&B. Com um barítono profundo — uma voz masculina caracterizada por um timbre grave e rico, capaz de alcançar notas baixas com facilidade — ele fala de seus relacionamentos de forma única e está cada vez mais roubando os holofotes.
Com um R&B elegante e introspectivo, ele “remolda a dor do amor e do coração partido em algo belo”, segundo Apple Music. Por conta da sensibilidade lírica, conquistou rapidamente público e crítica. Seu estilo amadurecido, apesar da pouca idade, já o coloca como um nome relevante na cena atual do soul e R&B.
Em 2020, Givēon ganhou projeção internacional ao contribuir com o refrão da faixa “Chicago Freestyle“, de Drake. Naquele mesmo ano, lançou o EP de estreia, Take Time (2020), que lhe rendeu uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de R&B em 2021. Nos anos seguintes, mais destaques: participou de “Peaches“, de Justin Bieber, e seus singles “Heartbreak Anniversary” e “Like I Want You” alcançaram certificação platina.
Em 2025, lançou seu último álbum, Beloved (2025), que transita entre o clássico e o moderno. Críticos comparam sua entrega vocal à dos crooners do Rat Pack, Frank Sinatra e Bobby Caldwell, mesclada a batidas atuais. Para a Rolling Stone, seu canto soa “como Frank Sinatra, mas com um toque moderno de R&B”.
Mesmo assim, se você ainda não ficou encantado, aqui vão mais cinco motivos para ouvir Givēon.
1. Um som que une o clássico e o moderno
Givēon constrói pontes musicais discretas entre eras. Em Beloved, ele mergulha em sonoridades inspiradas nos anos 1970: arranjos orquestrais, cordas dramáticas e gravações ao vivo. Ao mesmo tempo, utiliza de forma sutil batidas eletrônicas contidas e produção atual.
A melodia soa antiga, mas nada datada. Os vocais e adereços eletrônicos mantêm o apelo para ouvintes de hoje. É esse contraste entre passado e presente que torna sua sonoridade envolvente: familiar, mas com espaço para novidades.
2. Um contador de histórias único
Nas canções de Givēon, a estrutura narrativa importa tanto quanto a melodia. Ele escreve e canta com detalhe: o encontro, a distância, as promessas quebradas. Os sentimentos são perceptíveis em sua voz sem parecer clichê. Em “Twenties“, por exemplo, fica claro o tom de desabafo. Em “Diamonds For Your Pain“, a dor é tão grande que sua voz chega a falhar.
Tudo isso abre margem para múltiplos sentidos. Em vez de ser extremamente detalhista como Frank Ocean, ele deixa espaço para o ouvinte colocar trechos da própria história nas canções.
3. O novo rosto do R&B contemporâneo
Em um gênero sempre disputado, Givēon representa uma nova geração que resgata a emoção e a melancolia do R&B clássico sem abdicar do ambiente digital. Em plataformas como Apple Music ou Spotify, sua posição como artista emergente já é passado — agora, ele figura entre os nomes mais tocados do gênero em playlists internacionais.
Ele se junta a Daniel Caesar, SZA, The Weeknd e muitos outros que representam o gênero como um todo.
4. Instrumentação ao vivo
Durante o Urban 1 Summit 2025, Givēon revelou que seu último projeto foi gravado com instrumentos ao vivo, buscando uma textura orgânica que ele acredita que as produções digitais sozinhas não alcançam. Essa escolha consciente elevou o tom elegante e luxuoso do álbum e foi uma ode ao R&B clássico em que ele se inspirou.
5. Discografia curta, mas impecável
Mesmo com poucos lançamentos, Givēon construiu um catálogo onde raramente há faixas descartáveis. Sua discografia — desde os EPs Take Time (2020) e Give Or Take (2022) até chegar agora em Beloved — mostra evolução, consistência e, acima de tudo, qualidade.
Enquanto muitos artistas produzem abundantemente, Givēon deixa de lado a quantidade. Cada trabalho é pensado para sustentar identidade sonora e emocional, o que faz com que os fãs esperem por cada lançamento como um evento. Esse cuidado reforça seu posicionamento como artista de presença duradoura, não apenas momentânea.
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Kadu Soares é formando em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, passa o dia consumindo música, esportes, filmes e séries. Possui um perfil no TikTok e um blog no Substack, onde faz reviews de projetos musicais.
Fonte: rollingstone.com.br