A presença do torcedor nas arquibancadas sempre foi um retrato da força do futebol brasileiro. Entre recordes históricos e estádios vazios, a média de público do Campeonato Brasileiro reflete transformações do país, da euforia das décadas de 1970 e 1980 à recuperação recente, impulsionada por arenas modernas e clubes estruturados.
O auge do século passado ocorreu em 1983, quando a média chegou a 22.953 pagantes por jogo, marca que se manteve como maior número por quatro décadas. O ponto mais baixo veio em 2004, com apenas 7.556 torcedores por partida.
Já em 2023, o Brasileirão registrou 26.502 pagantes de média, estabelecendo novo recorde desde que as contagens foram iniciadas (1967). Em 2024, o número se manteve alto, com 25.781 por jogo, confirmando o reencontro do público com o torneio.
Os contextos em cada período
A década de 1970 e o início dos anos 1980 representam a era de ouro das arquibancadas, em que o Brasil vivia período de orgulho após o tricampeonato da Copa do Mundo. Dessa forma, com o futebol em alta na cultura popular, estádios como o Maracanã, o Mineirão e Morumbi recebiam multidões.
Porém, com a crise econômica do fim dos anos 1980, a violência nos estádios e o avanço das transmissões televisivas, o público começou a se afastar. O esvaziamento foi progressivo e culminou em 2004, o pior ano da série histórica. O torcedor se distanciou das arquibancadas, e o Brasileirão perdeu parte de seu apelo.

Maracanã foi remodelado e passou a receber menores públicos – Adriano Fontes/Flamengo
A recuperação começou lentamente na era dos pontos corridos, inaugurada em 2003. O fortalecimento dos clubes, os programas de sócio-torcedor e a modernização das arenas para a Copa do Mundo de 2014 criaram as bases para um novo ciclo de crescimento.
Em 2019, a média já havia ultrapassado 21 mil pessoas, e, em 2023, quebrou todos os recordes. Em 2024, o público se manteve próximo desse patamar.
Média de público do Brasileirão historicamente (Série A, 1967–2024)
1967: 20.545
1968: 17.749
1969: 22.067
1970: 20.259
1971: 20.360
1972: 17.590
1973: 15.460
1974: 11.601
1975: 15.985
1976: 17.010
1977: 16.472
1978: 10.539
1979: 9.136
1980: 20.792
1981: 17.545
1982: 19.808
1983: 22.953
1984: 18.523
1985: 11.625
1986: 13.423
1987: 20.877
1988: 13.811
1989: 10.857
1990: 11.600
1991: 13.760
1992: 16.814
1993: 10.914
1994: 10.222
1995: 10.332
1996: 10.913
1997: 10.497
1998: 13.488
1999: 17.018
2000: 11.546
2001: 11.401
2002: 12.866
2003: 10.468
2004: 7.556
2005: 13.600
2006: 12.300
2007: 17.461
2008: 16.992
2009: 17.807
2010: 14.800
2011: 14.976
2012: 13.148
2013: 14.969
2014: 16.537
2015: 17.051
2016: 15.219
2017: 15.961
2018: 18.821
2019: 21.320
2020: 0
2021: 14.632
2022: 20.681
2023: 26.502
2024: 25.781
Os números são baseados em critérios de PLACAR, CBF e RSSSF, considerando apenas partidas com público, somente na Série A de cada temporada, e considerando número de pagantes.
Fonte: Agência Brasil