O Iron Maiden se viu obrigado a fazer uma mudança para seu décimo álbum de estúdio. The X Factor marca a estreia de Blaze Bayley como vocalista, vaga que era de Bruce Dickinson. Este decidiu deixar o grupo em 1993 por, segundo o próprio, sentir-se artisticamente estagnado ao lado dos colegas.
Apesar de uma campanha de marketing que envolvia uma suposta seletiva para o posto de cantor, o Maiden recorreu a Bayley, um velho conhecido por seu trabalho com o Wolfsbane — atração de abertura da Donzela de Ferro em outros momentos. Seu registro vocal é muito diferente daquele apresentado por Dickinson: era mais grave e menos flexível. A postura de palco, nitidamente contida e pouco enérgica, também se distinguia.
The X Factor acabou por se tornar o primeiro álbum desde Killers (1981) a não ficar no top 5 da parada britânica — ocupou o oitavo lugar. Também foi mal nos Estados Unidos, não passando da 147ª posição. Por outro lado, seu principal single, “Man on the Edge”, repetiu o feito de antecessores diretos e chegou ao top 10 do Reino Unido; mais especificamente a décima colocação. Tanto fãs quanto jornalistas especializados rejeitaram o trabalho como um todo.
Steve Harris não concorda com as avaliações negativas. Em entrevista publicada no livro biográfico Run to the Hills, o baixista e líder do Maiden chega a colocar The X Factor em seu top 3 pessoal.
“É um dos três melhores álbuns que já fiz, sendo os outros dois Piece of Mind (1983) e Seventh Son of a Seventh Son (1988). Achei um álbum especial. Goste ou não, havia aquela pressão adicional de nos darmos bem por causa do novo cantor; então, realmente desviamos nosso caminho para tentar torná-lo o mais forte possível. Acabamos fazendo 14 canções, mas usamos só 11, o que é incomum para nós. Em geral, usamos tudo o que gravamos, sabe?”
Na visão de Harris, inclusive, o trabalho de 1995 é “como se fosse uma extensão de Seventh Son of a Seventh Son”, ao menos “em termos do caráter progressivo”.
“É um álbum bem sinistro, em parte por eu estar enfrentando tantos problemas pessoais na época [nota: Steve estava se divorciando de sua esposa, Lorraine, após 16 anos]. Sem a menor dúvida, isso se refletiu liricamente. Mas não sou só eu. Blaze tem um lado bem sombrio também. Ele pode ser o Senhor Festeiro, mas também tem aquela face de Senhor Homem das Sombras.”
Repercussão de The X Factor, do Iron Maiden
A recepção dividida a The X Factor deixa Steve Harris intrigado. Para o baixista, o Iron Maiden foi prejudicado por algumas coincidências.
“O disco saiu na mesma semana que os trabalhos do Prince, da Madonna e de outros campeões de vendas contra os quais não podíamos competir.”
Curiosamente, Blaze Bayley não estranhou a baixa nas vendas. O vocalista, que permaneceu na formação até 1999 — quando Bruce Dickinson retornou —, refletiu ao mesmo livro:
“Alguns dos garotos ficaram desapontados porque o álbum ficou na 8ª posição, mas, para mim, foi fantástico. Número 8! Eu nunca tive um álbum Top 10 antes; então, achei genial!”
Além de Bayley e Harris, The X Factor foi gravado por Dave Murray (guitarra), Janick Gers (guitarra) e Nicko McBrain (bateria). De acordo com Steve, o trio citado foi fundamental para que o Iron Maiden não acabasse após a saída de Dickinson e os problemas pessoais do baixista.

Rolling Stone Brasil especial: Iron Maiden
Iron Maiden na capa: a Rolling Stone Brasil lançou uma edição de colecionador inédita para os fãs da banda de heavy metal. Os maiores álbuns, a lista dos shows no Brasil, o poder do merchadising do grupo e até um tour pelo avião da banda você confere no especial impresso, à venda na Loja Perfil.

+++ LEIA MAIS: Bruce Dickinson tem 3 brasileiros em seu ‘novo’ disco; falamos com um deles
+++ LEIA MAIS: A curiosa razão que fez Rock in Rio 1985 ser o melhor, segundo Bruce Dickinson
+++ LEIA MAIS: As 6 melhores linhas de baixo de Steve Harris, segundo o próprio
+++ LEIA MAIS: Janick Gers explica por que se movimenta feito doido no palco
+++ Siga a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Siga o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram

Fonte: rollingstone.com.br