O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente o governo dos Estados Unidos e o presidente Donald Trump durante seu discurso nesta terça-feira (23) na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Na ocasião, Petro afirmou que a guerra contra as drogas “não é para deter a cocaína que chega aos Estados Unidos”, mas sim “para dominar os povos do sul em geral”. Ele acusou Washington de estar lançando mísseis contra “jovens pobres” no Caribe e defendeu que um processo penal seja aberto contra os responsáveis, incluindo Trump.
Segundo Petro, os ataques da Marinha americana contra embarcações que a Casa Branca afirma serem do tráfico de drogas, próximos à Venezuela, resultaram na morte de ocupantes que, em suas palavras, “não eram do Tren de Aragua, nem do Hamas; eram caribenhos, possivelmente colombianos”. O presidente acrescentou: “se foram colombianos, com o perdão de quem domina as Nações Unidas, deve abrir-se processo penal contra esses funcionários que são dos Estados Unidos”.
Petro responsabilizou diretamente Trump ao afirmar que o caso “inclui ao funcionário maior que deu a ordem, o presidente Trump, que permitiu os disparos dos fuzis contra os jovens que simplesmente queriam escapar da pobreza”. Para ele, mesmo que transportassem um carregamento ilícito, “não eram narcotraficantes, eram simples jovens pobres da América Latina que não têm outra opção”.
O discurso de Petro foi marcado por críticas à inclusão da facção venezuelana Tren de Aragua na lista de organizações terroristas dos EUA.
“Mentira que o Tren de Aragua é terrorista, só são delinquentes comuns em forma de bando, engrandecidos pela estúpida ideia de bloquear a Venezuela e se apropriar do seu petróleo pesado e já venenoso”, disse.
Três representantes da delegação americana deixaram o recinto durante as acusações de Petro. Petro ainda acusou os EUA de usar políticas migratórias como instrumento de interesse econômico.
“A migração não é senão o produto do bloqueio a países pobres como Iraque, Irã, Cuba ou Venezuela. O bloqueio econômico não é mais que um genocídio”, afirmou.
Além do Caribe, Petro criticou a guerra em Gaza e Israel e seus aliados ocidentais. Ele pediu que a ONU mude de forma radical e defendeu a criação de um “exército poderoso dos países que não aceitam o genocídio” para “libertar a Palestina”.
“É a hora da espada, da liberdade ou morte de Bolívar”, declarou, alegando que a diplomacia já perdeu sua função.
Este foi o último discurso de Petro na Assembleia Geral da ONU, já que ele deixará a presidência do seu país em agosto de 2026.
Fonte: Revista Oeste