A questão “por que parar com o Planet Hemp?”, após uma turnê de despedida entre setembro e novembro com algumas datas realizadas pela 30e, iniciou o bate-papo de Marcelo D2 (voz), BNegão (voz), Pedro Garcia (bateria) e Daniel Ganjaman (guitarra/teclado) com a Rolling Stone Brasil.
Mas nem precisou de tanta explicação. A justificativa é coerente e envolve uma palavra sequer registrada em dicionário, ainda que tenha enorme significado.
D2, que hoje tem 57 anos, mas formou o grupo quando tinha por volta de 25, chega a citar uma situação política ocorrida em território nacional para justificar seu ponto:
“Tem um nível de ‘confrontabilidade’ que abaixa com a idade. Não queremos mais tanta guerra. Queremos viver um pouquinho de paz. […] E o Planet precisa de sangue nos olhos. Não quero que a banda amoleça e vire cover de si. Gostaria que a banda estivesse agora no Planalto [Praça dos Três Poderes], tirando aqueles caras acampados [apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro], tocando lá na porta e ‘tacando fogo’ neles. Não tenho mais idade pra isso. Isso é para um moleque de 20 anos — se é que tem alguém de 20 anos que queira fazer isso hoje em dia.”
Até o momento, não houve sinal de amolecimento por parte do grupo carioca, completo por Nobru (guitarra) e Formigão (baixo). Mas a intenção é justamente preservar o que foi construído até aqui. Marcelo complementa:
“Posso listar 100 razões para o fim, muitas delas de cunho pessoal. Até falamos: vamos acabar o Planet e montar outra banda com outro nome e os mesmos integrantes. Continuamos fazendo som. Mas deixa o Planet Hemp quieto. Deixa essa p#rra quieta ali no canto. Acho que o trabalho foi muito bem feito. Planet Hemp é uma baita banda. Nela, fizemos tudo o que queríamos ter feito enquanto artista.”
A sensação de “dever cumprido” é o que deixa o Planet Hemp tranquilo para encerrar atividades a esta altura da carreira. Apesar das atividades intermitentes — da fundação em 1993 até o primeiro encerramento em 2001, com um retorno entre 2012 e 2016 e outro a partir de 2018 —, o grupo lançou álbuns seminais para a música brasileira e até mesmo para a discussão social do país.
“Nosso papel foi feito aqui, sabe? Uma banda como o Planet Hemp precisa de 100% da nossa atenção. Não temos esses 100% nas nossas vidas hoje para fazer isso. E isso me dói muito.”
Ao menos durante a turnê de despedida, o foco estará totalmente voltado à banda. Daniel Ganjaman arremata:
“O foco total por um tempo está sendo um diferencial. Todos no Planet Hemp têm suas ocupações, seus projetos paralelos — quer dizer, já nem conseguimos saber o que é paralelo ou prioritário. O fato de podermos parar e direcionar toda nossa atenção aos shows será algo diferente. O Planet Hemp não vive isso há muito tempo. E com certeza isso vai se refletir no palco e na nossa forma de entrega.”
Rolling Stone Brasil: Avenged Sevenfold, Planet Hemp e mais
A nova edição da Rolling Stone Brasil traz uma entrevista com o Planet Hemp a respeito da turnê de despedida, repassando toda a sua carreira com os álbuns comentados e muito mais. Também há um bate-papo exclusivo com os cinco integrantes do Avenged Sevenfold às vésperas de seus maiores shows solo no Brasil e muito mais. Compre pelo site da Loja Perfil.
Informações sobre os shows de despedida
Veja abaixo a agenda com os demais shows da turnê de despedida do Planet Hemp, já iniciada:
- 03/10 – Live Curitiba (Curitiba)
- 04/10 – KTO Arena (Porto Alegre)
- 12/10 – P12 (Florianópolis)
- 17/10 – Goiânia Arena (Goiânia)
- 18/10 – Arena BRB (Brasília)
- 31/10 – BeFly Hall (Belo Horizonte)
- 08/11 – Farmasi Arena (Rio de Janeiro)
- 15/11 – Allianz Parque (São Paulo)
- 13/12 – Rio de Janeiro (Fundição Progresso)
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Fonte: rollingstone.com.br