O Massive Attack anunciou a retirada de seu catálogo do Spotify e aderiu ao movimento No Music for Genocide, que bloqueia geograficamente o acesso às suas músicas em plataformas de streaming em Israel. A decisão foi comunicada através de declaração oficial no Instagram da banda.
A dupla formada por Robert Del Naja (3D) e Grant “Daddy G” justificou a medida citando os investimentos do CEO do Spotify, Daniel Ek, na empresa Helsing, especializada em tecnologia militar com inteligência artificial. Segundo a banda, Ek ocupa a posição de presidente na companhia alemã que desenvolve software para equipamentos militares, incluindo drones e sistemas integrados a aeronaves de combate.
Na declaração oficial, o Massive Attack afirmou: “Considerando os investimentos significativos do CEO em uma empresa que produz drones militares e tecnologia de IA integrada em aeronaves de combate, solicitamos à nossa gravadora que nossa música seja removida do serviço de streaming Spotify em todos os territórios”.
O movimento No Music for Genocide busca estabelecer bloqueios geográficos para impedir o acesso a conteúdos musicais em Israel. A campanha estabelece paralelos com boicotes históricos, especialmente os protestos contra o apartheid sul-africano nos anos 1990. A banda declarou que “a cumplicidade com aquele estado era considerada inaceitável” e argumenta que “o mesmo se aplica agora ao estado genocida de Israel”.
A iniciativa se alinha com a campanha Film Workers for Palestine, que reuniu assinaturas de 4.500 profissionais do cinema, atores e trabalhadores da indústria audiovisual. O Massive Attack incentivou outros músicos a transferirem “tristeza, raiva e contribuições artísticas em uma ação coerente e vital para acabar com o inferno indescritível que assola os palestinos”.
Outras bandas já haviam tomado decisões similares anteriormente. Deerhoof, Xiu Xiu e King Gizzard and the Lizard Wizard retiraram seus catálogos do Spotify pelas mesmas razões relacionadas às conexões de Daniel Ek com tecnologia militar.
Via Consequence of Sound, a Helsing emitiu esclarecimentos posteriores sobre suas atividades, afirmando que sua tecnologia é utilizada exclusivamente para defesa europeia contra a agressão russa na Ucrânia. “Atualmente vemos desinformação se espalhando de que a tecnologia da Helsing está sendo implantada em zonas de guerra além da Ucrânia. Isso não é correto”, declarou a empresa. Representantes do Spotify responderam às acusações através dos comentários da publicação do Massive Attack no Instagram, reiterando que Spotify e Helsing são “duas empresas totalmente separadas” e que a Helsing “não está envolvida em Gaza”.
O grupo já havia se posicionado anteriormente sobre questões relacionadas à Palestina, quando lançou uma aliança de artistas para apoiar músicos que enfrentam retaliação da indústria por se manifestarem publicamente contra ações militares israelenses na Palestina.
Massive Attack vem ao Brasil no dia 13 de novembro, para se apresentar no Espaço Unimed, em São Paulo, em colaboração com Max e Iggor Cavalera. O evento, intitulado A Resposta Somos Nós, visa apoiar povos indígenas do Brasil e do G9 da Amazônia em demandas por justiça climática e proteção territorial. A apresentação acontece durante o período da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será sediada em Belém. Os ingressos custam entre R$ 267,50 (meia-entrada da pista) e R$ 1.295 (inteira dos camarotes).
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Nascida na Argentina mas radicada no Brasil há mais de 15 anos, Daniela achou na música sua linguagem universal. Formada em radialismo pela UNESP, virou pesquisadora criativa e firmou seu pé no jornalismo musical no portal Popload. Gateira, durante a semana procura a sua próxima banda favorita e aos finais de semana sempre acha um bom show para assistir.
Fonte: rollingstone.com.br