Não parecia ser um bom sinal o fato de Jason Derulo ter deixado um DJ no seu lugar durante os 15 primeiros minutos de sua apresentação no palco Skyline do The Town, na noite desta sexta-feira, 12. Mas se um quinto da apresentação de uma hora e 15 minutos ficou marcada pela reprodução quase aleatória de canções grudentas e dançantes — indo de hits de Katy Perry, headliner do domingo, 14, a funk carioca —, o restante foi… não muito digno de nota.
Em seu set “pra valer”, o americano nascido na Flórida ofereceu uma performance vibrante, mas sem graça. Para alguém que reconquistou fama no TikTok na pandemia, uma década após ter estourado com os hits “Whatcha Say” e “In My Head”, as coreografias se mostraram impecáveis. Por outro lado, pecou bastante na interação com a plateia, que, em meio a um dia com menos presentes, parecia desinteressada nas tentativas de agitação de Derulo e sua trupe.
Para se ter ideia, o ponto alto da apresentação foi a participação dos dançarinos gêmeos Les Twins, conhecidos pelo trabalho anterior com Beyoncé. A dupla trouxe energia e talento que chamaram atenção. Ainda assim, tal injeção de ânimo não se refletiu no artista principal, que baseou seu repertório em uma série de canções cortadas e emendadas, as executando com playback e AutoTune.
Como citado, o TikTok ajudou Derulo a reconquistar sua popularidade. Parece até que o cantor tem uma dívida de gratidão extrema com a rede social, pois insistiu em promover seu perfil na plataforma e pediu repetidamente para que os fãs o seguissem e filmassem a apresentação para postar justamente por lá. Tal insistência, somada à repetição de palavras de incentivo, acabou tirando o foco do que realmente importava: a música.

E, curiosamente, Jason tem algo a oferecer neste departamento, pois dispõe de uma galeria de hits. Canções como “Wiggle Wiggle” e “Talk Dirty” trouxeram de volta a essência pop que o consagrou e levantaram a plateia com suas batidas contagiantes. As reações também foram positivas aos samples de outras músicas, a exemplo de “Perversa” (Pedro Sampaio e J Balvin) e “Dame Un Grrr” (Fantomel e Kate Linn).
No geral, Jason Derulo teve seus momentos de brilho, mas pôs tudo a perder em meio a um roteiro pouco original e apelo excessivo às redes sociais. Não chegou ao nível Akon de vergonha alheia, mas ficou bem abaixo do que se deveria apresentar em um palco como este.
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Nascida na Argentina mas radicada no Brasil há mais de 15 anos, Daniela achou na música sua linguagem universal. Formada em radialismo pela UNESP, virou pesquisadora criativa e firmou seu pé no jornalismo musical no portal Popload. Gateira, durante a semana procura a sua próxima banda favorita e aos finais de semana sempre acha um bom show para assistir.
Fonte: rollingstone.com.br