Fundado nos Estados Unidos em 1991, o Lollapalooza serviria como a turnê de despedida do Jane’s Addiction — não à toa, o criador é o vocalista da banda, Perry Farrell. Acabou se tornando um festival anual, com foco em rock e seus subgêneros, especialmente da seara alternativa/indie.
Conforme o avanço de suas edições, porém, o evento passou a ter um lineup mais focado em música pop. Este movimento ocorreu, também, nas realizações em outros países — como o Brasil, que recebe o festival desde 2012.
A próxima edição em nosso país, marcada para março de 2026, traz apenas um headliner de rock entre os seis: Deftones, em meio a Sabrina Carpenter, Tyler the Creator, Chappell Roan, Lorde e Skrillex. Conforme o lineup se desenrola, há atrações como Turnstile, Interpol e Viagra Boys, mas o gênero não ocupa mais o mesmo espaço de outrora, em cenário similar nos Estados Unidos e outros países.
Em entrevista à Rolling Stone EUA, Thurston Moore, vocalista e guitarrista do já encerrado Sonic Youth, compartilhou reflexões a respeito do tema. O “gancho” de sua declaração é o Lolla americano, mas o pensamento se encaixa em outros grandes festivais que não são nichados.
Para ele, o público não liga mais para o rock. Ao mesmo tempo, ganharam ainda mais força os “popstars únicos”, o que favorece, em suas palavras, a criação de um cenário “meio Disneyficado” até mesmo em eventos musicais.
“É o advento do popstar único cercado por produção, sejam dançarinos, luzes, filmes e cenários. De certa forma, tornou-se meio Disneyficado e atende à popularidade em massa como a Disneylândia.”
Em sua visão, a sociedade como um todo “não está interessada em rock, mas em entretenimento como um conceito mais amplo”. Artistas como Olivia Rodrigo, Sabrina Carpenter e Chappell Roan atraem mais atenção do que bandas de rock como Led Zeppelin e Pearl Jam, citadas nominalmente pelo músico.
“Tem um apelo mais amplo do que, digamos, uma banda de rock padrão. Ainda existem bandas de rock, mas elas não tocam apenas no Lollapalooza. Bandas de rock não são mais as histórias de sucesso que já foram.”
Thurston Moore aprova artistas pop
Apesar de ter adotado um tom aparentemente crítico, Thurston Moore não repudia as cantoras pop da atualidade. Para ele, Olivia Rodrigo e Chappell Roan “são ótimas artistas” e “todos esses músicos são completamente confiáveis”. Lana Del Rey foi outro nome destacado pelo integrante do encerrado Sonic Youth.
“Acabei de assistir a um show de Lana Del Rey e foi incrível! Havia um cenário de uma casa de fazenda, e ela andava por dentro e ao redor, com dançarinos por toda parte… eu gostei. Gosto da música dela e gosto do que ela faz esteticamente.”
Quanto ao sucesso massificado conquistado por essas artistas, também não se trata de algo negativo para Moore. Em sua opinião, tais cantoras “não se resumem a entretenimento grosseiro”.
“Mais poder para eles. Não é realmente o meu tipo de música. E eu certamente não busco esse tipo de aceitação em massa. Sei que seria ótimo para o meu bolso, mas tirando isso…”
O rock não morreu, só não está no Lollapalooza
Como destacado por Thurston Moore, o rock segue vivo e ocupando outros espaços que não os grandes festivais. O artista, hoje em carreira solo, vê que existe demanda por bandas orgânicas tocando em ambientes mais intimistas.
“Ainda existe um grupo demográfico de jovens interessados em rock experimental e em qualquer coisa que venha da cultura punk. Não é grande coisa como Olivia Rodrigo… para mim, sempre foi mais legal ter uma existência modesta nesse sentido.”
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Fonte: rollingstone.com.br