José Santana Gomes, dublador conhecido por dar voz a nomes como Chuck Norris e Danny Glover, além de personagens icônicos de Os Simpsons, como o diretor Seymour Skinner e Tony Gordo, faleceu no último domingo, 7, no Rio de Janeiro, aos 83 anos. A causa da morte não foi revelada.
Mais do que emprestar timbre e emoção ao ranger texano, Santana ajudou a construir a memória afetiva de diferentes gerações. Foi a voz firme de Brian Cox como Logan Roy em Succession, e também a irreverência de Danny Trejo como o Tio Machete em Pequenos Espiões. Deu humanidade ao veterano Isaiah Bradley, vivido por Carl Lumbly em Falcão e o Soldado Invernal, e trouxe autoridade a Hector Elizondo em Um Tira da Pesada. Na televisão, ficou registrado como o dedicado Willie Tanner, o pai em ALF, o ETeimoso, e como o divertido Doc, em Todo Mundo Odeia o Chris.
Santana também foi presença constante em animações: a força do Homem Meteoro em Galaxy Trio, a liderança de Duke em Comandos em Ação – G.I. Joe, a astúcia de Starscream em Transformers G1, além de dar vida ao clássico Leão da Montanha e ao imponente Shere Khan em Mogli – O Menino Lobo. Em universos distintos, emprestou sua versatilidade ao Coringa de Batman do Futuro, aos guerreiros Makintaro e Shachi de Yu Yu Hakusho, a Amos Diggory de Harry Potter, ao diretor Seymour Skinner e ao mafioso Tony Gordo em Os Simpsons. Nos videogames, deixou sua marca como o guerreiro Thel ‘Vadam/Árbitro em Halo 3 e Halo 5.
E, se tudo isso já não fosse suficiente para torná-lo eterno, sua voz foi responsável por uma das frases mais icônicas da cultura pop: a narração de Superamigos, com o inesquecível “Enquanto isso, na Sala de Justiça…”, até hoje na memória dos fãs.
Trajetória no rádio e na TV
Nascido no Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1941, Santana se mudou ainda criança com a família para Resende (RJ). Foi lá que iniciou a carreira, aos 15 anos, como rádio-ator e locutor na Rádio Agulhas Negras.
Pouco depois, passou pela Rádio Relógio, Rádio Eldorado, Rádio Guanabara e, no fim da década de 1960, chegou à Rádio Nacional, uma das emissoras mais prestigiadas do país. Na mesma época, também trabalhou na TV Tupi do Rio de Janeiro, onde consolidou sua experiência como comunicador.
Da locução à dublagem
A entrada na dublagem aconteceu em 1972, quando foi convidado pelo diretor Milton Rangel e pelo então diretor da Rádio Nacional, Cauê Filho. Santana logo se destacou pela versatilidade vocal e pelo rigor em compreender o contexto de cada produção antes de gravar, o que se tornaria sua marca registrada.
Em meados de 1975/76, assumiu a função de diretor de dublagem na Herbert Richers, e mais tarde na Telecine, onde ficou conhecido pelo famoso lema “padrão de qualidade Telecine”. Dirigiu ainda em estúdios como Audio Corp, Audio News, Drei Marc e, mais recentemente, na Som de Vera Cruz. Além de diretor, também foi narrador de programas como América Selvagem e Superamigos.
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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
Fonte: rollingstone.com.br


