A Rússia afirmou nesta terça-feira (19) que uma reunião entre o ditador russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, precisa ser “minuciosamente preparada”.
“Qualquer contato que envolva os chefes de Estado deve ser minuciosamente preparado”, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, à televisão pública.
As declarações ocorrem depois que o presidente americano, Donald Trump, afirmou que começou a “organizar” uma reunião entre os líderes russo e ucraniano, após se encontrar em Washington com Zelensky e outros líderes europeus.
O mandatário ucraniano, por sua vez, disse ontem que espera uma possível reunião — sem condições previamente impostas — com o ditador russo nas próximas duas semanas. Essa reunião poderia ser seguida por outra, com a participação de Trump, segundo o plano do próprio chefe da Casa Branca.
Lavrov disse que Moscou “não rejeita nenhum formato de trabalho, nem bilateral, nem trilateral”.
No entanto, enfatizou que esses formatos devem “começar do nível de especialistas e depois percorrer todas as etapas necessárias para preparar as cúpulas”.
“Este é o tipo de abordagem séria que sempre apoiaremos”, afirmou.
Lavrov acrescentou que é “impossível falar de uma solução a longo prazo” sem levar em conta os interesses de segurança da Rússia e os direitos da população de língua russa na Ucrânia.
“Sem respeito aos interesses de segurança da Rússia, sem pleno respeito aos direitos dos russos e das pessoas de língua russa que vivem na Ucrânia, não se pode falar de acordos de longo prazo, porque essas são as razões que devem ser eliminadas urgentemente no contexto do [processo de] acordo”, disse.
Para o chefe da diplomacia russa, antes de negociar com a Rússia, Zelensky deveria erradicar as leis que “violam os direitos das pessoas de língua russa”.
“Ou seja, eles [representantes do Ocidente] acreditam que essa pessoa deve assegurar os acordos com a Rússia como bem entender, e ninguém diz que seria uma boa ideia que ele revogasse essas leis antes de iniciar as negociações”, ressaltou.
O assessor presidencial russo Yuri Ushakov havia sinalizado horas antes que Putin e Trump discutiram em sua conversa na noite passada a possibilidade de “elevar o nível de representação das partes ucraniana e russa” nas negociações bilaterais.
“Em particular, discutiu-se a ideia de que se poderia estudar a possibilidade de elevar o nível de representação das partes ucraniana e russa, ou seja, daqueles representantes que participam das conversas diretas”, disse Ushakov.
Ushakov afirmou que a conversa durou 40 minutos, mas não mencionou uma futura cúpula entre os líderes russo e ucraniano — a quem o Kremlin considera presidente ilegítimo desde maio de 2024.
Moscou sempre sustentou que Putin não tem nada a negociar separadamente com Zelensky e que só se reuniria com ele para selar um acordo de paz definitivo.
Assim como ocorreu em março de 2022, a delegação russa nas últimas três rodadas de negociações realizadas em Istambul foi liderada por Vladimir Medinsky, assessor de Putin para assuntos culturais.
A escolha de Medinsky foi muito criticada tanto pela Ucrânia quanto pela União Europeia e pela OTAN, por considerarem que demonstrava a falta de vontade do Kremlin de chegar a um acordo de paz.
As três primeiras rodadas resultaram apenas na troca de prisioneiros de guerra e de corpos, mas em nenhum momento o aspecto político e militar do conflito foi tratado em profundidade.
Putin, que mantém sua exigência de que o exército ucraniano retire suas tropas do Donbass, havia expressado sua confiança em realizar a próxima cúpula com Trump em Moscou.
Fonte: Revista Oeste