As eleições gerais da Bolívia foram encerradas às 16h no horário local (17h em Brasília) neste domingo, 17, em um dia marcado por uma explosão próxima ao centro de votação do candidato esquerdista, Andrónico Rodríguez. Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, os resultados preliminares devem ser divulgados a partir das 21h locais (22h em Brasília), com a contagem total prevista para ser concluída em até 72 horas.
Em entrevista coletiva, o presidente do TSE, Óscar Hassenteufel, descreveu o dia da votação como “positivo” e disse que 100% das 34.026 seções eleitorais instaladas nos nove departamentos do país estavam abertas.
De acordo com a legislação eleitoral boliviana, um candidato pode vencer no primeiro turno se obtiver mais de 50% dos votos ou, alternativamente, se alcançar pelo menos 40% com uma diferença mínima de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Os candidatos presidenciais são: Samuel Doria Medina (Frente de Unidade Nacional), Jorge “Tuto” Quiroga (Libre), Andrónico Rodríguez (Aliança Popular), Eduardo del Castillo (Movimento ao Socialismo), Jhonny Fernández (Aliança Força Popular), Manfred Reyes Villa (APB-Súmate), Rodrigo Paz Pereira (Partido Democrata Cristão) e Pavel Aracena (Ação Democrática Nacionalista).
Pesquisas recentes indicam que a eleição poderá levar ao segundo turno dois candidatos de direita: Samuel Doria Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, cuja disputa está marcada para o dia 19 de outubro.
O Movimento ao Socialismo (MAS), no poder quase ininterruptamente desde 2006 — com a única exceção do mandato interino de Jeanine Áñez entre 2019 e 2020 —, enfrenta um risco considerável de perder a hegemonia política.
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Nos últimos anos, o partido foi marcado por conflitos internos intensos, especialmente entre o atual presidente, Luis Arce, e seu antigo padrinho político, Evo Morales (presidente entre 2006 e 2019), que disputaram quem seria o candidato da sigla em 2025.
As tensões internas no MAS incluíram disputas judiciais, acusações de traição, confrontos entre apoiadores, grandes protestos e até uma mobilização militar em junho de 2024 — cuja natureza permanece pouco esclarecida, sendo considerada um possível autogolpe por setores “evistas” do MAS e pela oposição de direita. Esses episódios transformaram antigos aliados em inimigos políticos e refletem a fragmentação do partido às vésperas da eleição.
O cenário eleitoral da Bolívia reflete uma combinação de tensão política, fragmentação interna do MAS e expectativas de mudança. A possível vitória de candidatos da oposição ou a manutenção do MAS dependerá do desempenho nas urnas e da consolidação dos resultados nas próximas 72 horas.
A eleição de 2025 será um teste importante para medir a força política das forças de esquerda e direita na Bolívia, ao mesmo tempo em que evidencia a complexidade e volatilidade do cenário político do país andino.
Fonte: Revista Oeste