No início dos anos 1990, Madonna era a maior estrela pop do planeta. Com discos que batiam recordes e videoclipes que desafiavam tabus, a cantora decidia expandir seu território também para o cinema. Depois de participações em produções como Dick Tracy (1990) e Uma Equipe Muito Especial (1992), parecia inevitável que sua persona provocadora encontrasse terreno fértil no gênero que dominava Hollywood na época: o thriller erótico.
Assim surgiu Corpo em Evidência(1993), dirigido por Uli Edel e estrelado por Madonna ao lado de Willem Dafoe (Nosferatu). O filme conta a história de Rebecca Carlson (Madonna), acusada de matar seu amante milionário durante uma relação sexual. O advogado Frank Dulaney (Dafoe) é chamado para defendê-la, mas logo se vê envolvido em um perigoso jogo de sedução e manipulação.
O Instinto Selvagem de Madonna
Lançado pouco depois do sucesso estrondoso de Instinto Selvagem (1992), o longa tentou surfar na mesma onda de erotismo, mistério e femme fatale. Mas enquanto Sharon Stone se tornou um ícone com sua personagem Catherine Tramell, Madonna não convenceu críticos nem público. Muitos apontaram a trama previsível, diálogos forçados e, principalmente, a dificuldade da cantora em sustentar a intensidade dramática exigida.
As cenas de sexo — ousadas para a época, envolvendo até cera quente e algemas — alimentaram polêmica e renderam manchetes, mas não foram suficientes para salvar a produção. Pelo contrário: renderam ao filme a pecha de exploração barata e sem profundidade, eclipsando qualquer tentativa de suspense psicológico.
Fracasso e legado cult
Corpo em Evidência custou cerca de US$ 30 milhões e arrecadou apenas US$ 13 milhões nas bilheteiras americanas, sendo massacrado pela crítica. Recebeu indicações ao Framboesa de Ouro, incluindo Pior Atriz para Madonna, que já vinha sendo criticada por outras atuações no cinema.
Apesar do fiasco, o filme encontrou sobrevida como cult trash, lembrado tanto pelas cenas explícitas quanto pelo exagero melodramático. Hoje, é revisitado como símbolo de uma era em que Madonna testava seus limites de provocação também na tela grande, num momento em que a cultura pop flertava abertamente com a mistura entre sexo, poder e escândalo midiático.
Entre o fracasso e a provocação
Se artisticamente Corpo em Evidência é considerado um tropeço, como produto de época ele traduz com perfeição o clima dos anos 90, quando o cinema mainstream explorava sem pudor a sexualidade feminina como motor narrativo. No caso de Madonna, serviu para reforçar sua imagem de transgressora — ainda que às custas de sua credibilidade como atriz.
Três décadas depois, o filme continua a ser lembrado não apenas como um dos pontos mais baixos da carreira cinematográfica da estrela pop, mas também como um retrato de como Hollywood transformava o sexo em espetáculo — com ou sem evidências de qualidade.
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Fonte: rollingstone.com.br