Carlos Rennó e César Lacerda lançaram em 11 de agosto o EP O Que Será do Cerrado, projeto de conscientização ambiental que reúne três canções e três vinhetas em defesa do segundo maior bioma brasileiro. O trabalho marca mais uma iniciativa de Rennó no campo da música engajada, após sucessos como “Canção pra Amazônia”.
O single de abertura “O Cerrado Ameaçado”, lançado em 1º de agosto, conta com as vozes de Marina Sena e Alexandre Carlo, ambos nascidos na região do Cerrado. A estratégia de escolher artistas com conexão geográfica e afetiva com o bioma perpassa todo o projeto, incluindo participações de Saulo Fernandes, Ellen Oléria, Chico Chico e Assucena. As vinhetas são narradas por Letícia Sabatella.
Rennó, responsável pela concepção e letras, justifica a importância de dar visibilidade ao Cerrado após décadas dedicando canções à Amazônia e Pantanal. “Estamos apenas começando a assistir eventos catastróficos. A preservação da Amazônia é importante para todo o mundo, e o Cerrado tem importância igual. A Amazônia é mais exuberante, uma floresta para cima. O Cerrado é uma floresta invertida, mas sabemos que para existir a própria Amazônia, o Cerrado se faz necessário”, explicou.
O projeto surgiu das memórias de Rennó em Campo Grande, há cinco décadas, quando a contracultura o levou ao envolvimento com causas ambientais e indigenistas. Suas primeiras canções ecológicas tinham o Cerrado como tema, conectando passado e presente em uma urgência ambiental crescente.
César Lacerda, músico mineiro nascido em Diamantina e radicado em São Paulo, assina direção artística e produção musical das três faixas. Para ele, falar sobre o Cerrado representa uma necessidade pessoal: “Dar às mãos a esse bioma e pedir socorro é algo que está no meu coração há muito tempo”. A parceria resultou em composições como “O Cerrado Ameaçado”, “O Cerrado Sacrificado” e “O Cerrado Descuidado”, esta última co-escrita com Saulo Fernandes.
O EP conta também com a participação especial de Célia Xakriabá, que contribui com recitação, ampliando a representatividade do projeto ao incluir a perspectiva indígena sobre a preservação do bioma. A escolha reforça a conexão entre defesa ambiental e direitos dos povos originários, tema recorrente na obra de Rennó.
Carlos Rennó consolidou-se como um dos principais letristas brasileiros, com parcerias que incluem Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico César e dezenas de outros nomes da MPB. Suas canções ambientais anteriores incluem “Demarcação Já” (Greenpeace, 2017), “Canção pra Amazônia” (2021) e “O Relógio do Juízo Final” (2022), estabelecendo um histórico consistente de música engajada.
A produção audiovisual ficou a cargo do Coletivo Bijari, Tainá de Luccas e Ivan Canabrava para os clipes das canções. As vinhetas foram dirigidas por César Lacerda e Tocavídeos, com produção executiva da Circus Produções Culturais. O projeto conta com apoio do WWF-Brasil, Instituto Humanize e Bem-te-vi Diversidade.
O trabalho chega em momento crítico para o Cerrado, que perdeu mais da metade de sua vegetação nativa e continua sofrendo pressão do agronegócio. O bioma abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas e é considerado a “caixa d’água do Brasil”, função destacada nas letras de Rennó como argumento central para sua preservação urgente.
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Fonte: rollingstone.com.br