Robert Plant já disse reiteradas vezes que uma volta do Led Zeppelin está fora de cogitação. O vocalista nunca se empolgou com a ideia de retomar a banda, mesmo com propostas financeiramente astronômicas.
A reunião realizada em 2007 foi algo pontual, apenas para homenagear o falecido Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records. De acordo com Plant, isso não se repetirá em qualquer outro contexto.
Mas qual seria o motivo para esse desinteresse em tocar novamente com seu antigo grupo?
Segundo o vocalista, a resposta passa pela liberdade que ele encontrou em se apresentar em locais pequenos, sem tanta pressão, e onde pode se divertir ao lado de sua banda de apoio — atualmente, a Saving Grace.
Em recente entrevista à Mojo, Plant admitiu não ter mais vontade de se envolver com grandes eventos musicais:
“Para mim, por ter passado de um Live Aid muito questionável para a O2 Arena, para (Barack) Obama e a Casa Branca (no Kennedy Center Honors) e todas essas coisas grandes, eu estava beatificado. Senti a atração de fazer isso (shows menores) – o Saving Grace precisava apenas seguir em frente em sua glória, como diria Mavis (Staples).”
Ele acrescentou:
“Os shows atuais são pequenos o suficiente para que, se ninguém quiser ir, não seja o fim do mundo. E então, com aquela atitude laissez-faire (‘deixa acontecer), tranquila, seja lá como se chame – suicida! –, em vez de ir ao estádio de futebol com alguns velhos amigos, lá estava: estávamos livres. Podíamos nos divertir.”
Mais Bert Jansch do que Axl Rose
O eterno Deus Dourado arrematou dizendo que, para seu gosto atual, apresentações intimistas são muito mais desafiadoras do que shows enormes e espalhafatosos:
“Temos que ter muito cuidado agora para garantir que fique mais próximo de Bert Jansch do que de Axl Rose.”

Outra justificativa
Em entrevista de 2022 ao Los Angeles Times (via site Igor Miranda), quando promovia sua parceria com a cantora Alison Krauss, Robert Plant ofereceu outras justificativas, ainda que similares às apresentadas no momento atual. Ele disse:
“Voltar à fonte para ter algum tipo de aplauso massivo – isso realmente não satisfaz minha necessidade de ser estimulado. Sei que tem gente da minha geração que não quer ficar em casa e acaba saindo para tocar. Se eles estão gostando e fazendo o que precisam para passar os dias, então isso é problema deles.”
Já em 2018, à Esquire, ele pontuou:
“Se eu não fizesse (não desafiasse o público e a si próprio com sua carreira solo), seria uma prostituta, e jamais serei isso. Sou apenas um cantor que fica entediado muito rapidamente. E se sou assim, o que estou fazendo com quase 70 anos estando entediado? Sem chances. Sigo em frente o tempo todo. Meu tempo precisa ser preenchido com diversão, esforço, humor, poder e absoluta satisfação própria.”
Em bate-papo com a revista Veja, em 2020, o cantor chegou a desligar o telefone ao ser perguntado sobre um retorno do grupo. O repórter Felipe Branco Cruz perguntou: “Uma última pergunta — os fãs do Led Zeppelin podem sonhar em ver no futuro uma nova reunião da banda, como aquela realizada no Celebration Day, na Inglaterra?”. Ele, então, respondeu:
“Bem (com jeito sarcástico), eu pude perceber que o seu tom de voz estava indo ladeira abaixo no fim desta pergunta. E essa é a resposta. Obrigado (desliga o telefone).”

Led Zeppelin sem Robert Plant?
Sem a disponibilidade de Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page e o baixista John Paul Jones se viram de mãos atadas em vários momentos. Os dois sempre se mostraram mais propensos a reunir a banda, seja para shows esporádicos ou até mesmo alguma turnê.
Certa vez, em 2008, pouco após a reunião de 2007 do Led Zeppelin na O2 Arena, Page chegou a fazer testes com alguns vocalistas e discutiu a possibilidade de continuar tocando ao vivo com John Paul Jones e o baterista Jason Bonham, filho de John Bonham.
Na ocasião, nomes como Steven Tyler, do Aerosmith, e Myles Kennedy, do Alter Bridge, estiveram em audições com o guitarrista. Tyler falou a respeito em entrevista à Classic Rock:
“Fui lá e toquei com o Jimmy e o resto deles (no verão de 2008). Não era uma audição para tocar no Zeppelin, era uma audição para tocar com o Zeppelin. Íamos tocar em alguns estádios. E então, enquanto eu estava lá, o Jimmy me falou sobre talvez gravar um álbum. Fui para casa e pensei nisso por alguns dias, depois voltei para ele e disse: ‘Olha, Jimmy, você está em uma banda icônica e eu também. Não posso, de boa-fé, deixar a minha banda e ficar na sua.'”

Outros relatos da época, porém, foram mais cautelosos, dizendo que Page não se entusiasmou em ter Steven Tyler cantando as músicas do Led. Fato é que a ideia de manter a banda na estreia jamais saiu do papel. A aparição de 2007 foi o último ato dos integrantes remanescentes juntos — e assim deve continuar, pelo menos no que depender de Robert Plant.
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Fonte: rollingstone.com.br