Do palco para a terra. Zeca Pagodinho acaba de protagonizar uma das iniciativa social impactante ao ceder um terreno de oito mil metros quadrados em Xerém para criar a primeira horta urbana comunitária do distrito de Duque de Caxias. O projeto, que já plantou mais de 11 mil mudas, promete revolucionar o combate à fome na região.
A Horta Urbana Xerém I não é apenas agricultura, é resistência. Enquanto o Brasil comemora a saída do Mapa da Fome da ONU, dados do IBGE mostram que 9% dos domicílios brasileiros ainda enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave. No Rio de Janeiro, esse cenário é ainda mais preocupante, com 1,2 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar em 2023.
O samba que alimenta
O que começou como uma escola de música em 1999 evoluiu para algo muito maior. O Instituto Zeca Pagodinho, dirigido por Louiz Carlos da Silva, filho do sambista, já beneficiou mais de duas mil pessoas com projetos totalmente gratuitos. Agora, a instituição abraça uma nova missão: garantir que ninguém passe fome em Xerém.
A horta funciona como um ecossistema completo de transformação social. Agricultores locais recebem capacitação técnica da Universidade Federal Rural do Rio e da Embrapa, ganham salário pelo trabalho na terra e ainda levam para casa os primeiros frutos da colheita. É o ciclo perfeito entre conhecimento, trabalho e dignidade.
“Quando estou aqui, não tem gente passando fome”, afirma Zeca, referindo-se à sua filosofia de vida em Xerém. O sambista, conhecido pela simplicidade, transformou essa característica em ação social concreta. Das panelas sempre cheias em seu sítio nasceu a ideia de expandir essa fartura para toda a comunidade.
Números que impressionam
A projeção é ambiciosa: 40 toneladas de alimentos por ano quando a horta estiver em plena produção. São mais de 50 espécies de árvores frutíferas e 11.100 mudas de hortaliças que incluem desde abóbora italiana até tangerina Pokan. O cultivo diversificado garante alimentação variada e nutritiva para as famílias assistidas.
O projeto conta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva. Parte da produção será comercializada através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Prefeitura de Caxias, enquanto outra será distribuída gratuitamente para famílias cadastradas, creches e escolas públicas.
A estratégia é inteligente: além de alimentar quem tem fome, a horta gera renda para os trabalhadores locais e ensina técnicas que podem ser replicadas nos quintais da comunidade. “Queremos desenvolver as pessoas para que, no futuro, possam andar com as próprias pernas”, explica Louiz Carlos.
A Horta Urbana Xerém I é apenas uma parte do projeto Guardiões da Mata, que também prevê reflorestamento e criação de um banco de sementes.
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Fonte: rollingstone.com.br