Cerca de dois anos após a tragédia do submersível Titan, que perdeu contato com a superfície e implodiu em junho de 2023 enquanto fazia uma expedição pelo local de naufrágio do Titanic, o relatório final de investigação revelou as conclusões sobre o acontecido.
De acordo com o documento divulgado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos na terça-feira, 5, “falhas graves” de protocolos e do design do projeto ocasionaram o acidente.
Falhas estruturais e alertas ignorados
O Titan foi construído com uma combinação de fibra de carbono e titânio, materiais que não possuíam certificação de segurança por órgãos reguladores reconhecidos. Além disso, o casco do submersível apresentava falhas e imperfeições que enfraqueceram a estrutura. A falta de validação independente da integridade do design do submersível foi um dos principais fatores que contribuíram para a tragédia.
A principal causa [da implosão] é o fato de a OceanGate não ter seguido protocolos de engenharia estabelecidos para segurança, testes e manutenção do submersível. (…) Por vários anos antes do incidente, a empresa usou táticas de intimidação, o argumento de que realizava operações científicas e sua reputação positiva para escapar da fiscalização. Ao criar e explorar de forma estratégica uma confusão acerca das regras e supervisões, a empresa conseguiu operar o Titan totalmente fora dos protocolos estabelecidos para mergulhos em grandes profundidades”, afirmou a Guarda Costeira americana.
O relatório também revelou uma “cultura de trabalho tóxica” na empresa, onde funcionários e prestadores de serviço que questionavam o trabalho da OceanGate sofriam represálias.
Por fim, as autoridades dos EUA também destacaram que a empresa responsável pelo Titan não investigou a fundo acidentes anteriores e não realizou a manutenção minuciosa do submersível.
Detalhes sobre o acidente
O documentário Titan: O Desastre da OceanGate, disponível na Netflix, trouxe detalhes reveladores sobre o acidente, a conduta da empresa e o comportamento do CEO da OceanGate, Stockton Rush, que morreu na implosão junto com outras quatro pessoas.
Entre os destaques, está a participação de David Lochridge, diretor de operações marítimas da empresa e piloto de submersíveis, demitido após questionar os padrões de segurança de Rush. Ao lado de Mark Harris, jornalista investigativo da WIRED, que também atuou como produtor consultor em Titan, Lochridge oferece uma enxurrada de fatos contundentes no documentário. Os relatos vão de encontro com as conclusões da Guarda Costeira americana.
+++LEIA MAIS: 5 coisas que aprendemos com Titan: O Desastre da OceanGate, documentário da Netflix
Fonte: rollingstone.com.br