O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou providências da Câmara dos Deputados contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que, mais cedo nesta sexta (25), ameaçou o presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de sanções dos Estados Unidos se não derem andamento à votação da lei da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Eduardo afirmou que Motta e Alcolumbre ainda não estão na mira das sanções de Donald Trump em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas, que, podem vir a ser alvo de represálias, como a revogação do visto americano como ocorreu com ministros do STF.
“Ô [Guilherme] Boulos, ô [Nilto] Tatto, vocês da Câmara têm que tomar uma atitude. Esse cara é deputado, se afastou e foi lá para os Estados Unidos ficar pedindo ‘ô Trump, salva meu pai’. […] Esses dias teve um grupo de senadores e deputados que pegaram (levantaram) uma faixa elogiando o presidente americano”, disparou Lula se dirigindo aos dois deputados do PSOL e PT, respectivamente, em um evento em Osasco (SP).
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No mesmo discurso, Lula foi além e voltou a criticar tanto Eduardo como outros aliados de Bolsonaro que estão apoiando o tarifaço imposto ao Brasil por Trump.
“Veja que absurdo: esses mesmos cidadãos e cidadãs que utilizavam a camisa da seleção brasileira e a bandeira nacional se dizendo patriota, estão agora agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos pedindo pra ele fazer intervenção no Brasil, numa total falta de patriotismo, sem vergonhice, traição”, disparou.
Além de Lula, a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, também saiu ao ataque a Eduardo pela ameaça a Motta e a Alcolumbre, classificando como um “crime intolerável contra a soberania e a democracia no Brasil”.
Para Gleisi, que já foi presidente do PT, o deputado comete um crime de lesa-pátria ao instigar uma intervenção estrangeira no Judiciário e, agora, no Poder Legislativo.
“A conspiração desse traidor da pátria com os agentes de Donald Trump descamba para uma chantagem cada vez mais indecente, exigindo anistia de Jair Bolsonaro e impeachment de Alexandre Moraes para suspender sanções dos EUA ao Brasil”, disse.
Ainda no discurso em Osasco, Lula reafirmou que o governo está aberto ao diálogo com os Estados Unidos principalmente por conta dos 201 anos de relações bilaterais entre os dois países.
“Por isso eu estranhei que o presidente norte-americano postasse uma carta para mim, no portal dele, dizendo que o Brasil ia ser taxado em 50%. E pede na carta que a gente pare de perseguir Bolsonaro imediatamente”, pontuou.
Lula ainda disse que, se Trump eventualmente ligasse para ele, explicaria o que está acontecendo com o ex-presidente. “Mas, não. Ele foi induzido a acreditar numa mentira de que o Bolsonaro está sendo perseguido. Ele está sendo julgado [com base em delações]”, completou.
O petista ainda citou que, das citações feitas por Trump na carta sobre a taxação ao Brasil, Bolsonaro não é um problema dele, e sim da Justiça. Também criticou a alegação de que as chamadas big techs não podem sofrer regulação.
“Nós vamos fazer regulação, porque elas têm que respeitar a legislação brasileira. Não pode ficar promovendo ódio entre os adolescentes, contando mentiras, tentando destruir a democracia e o Estado de Direito democrático. Esse país tem lei, e mais do que lei, tem um povo que tem vergonha na cara, caráter e coragem para se defender”, completou.
Fonte: Revista Oeste