O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) informou a Donald Trump que seu nome aparece nos arquivos do governo relacionados ao criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein, segundo reportagem do Wall Street Journal publicada nesta quarta, 23.
O nome do ex-presidente aparece diversas vezes nos documentos, de acordo com autoridades do governo ouvidas pelo Journal. A procuradora-geral Pam Bondi avisou Trump sobre isso durante uma reunião na Casa Branca em maio de 2025. Ela também afirmou que outros nomes notáveis estão presentes nos arquivos, os quais conteriam, segundo o Journal, “boatos não verificados” sobre pessoas que socializaram com Epstein no passado — incluindo Trump. As autoridades disseram ao jornal que Trump foi informado de que o Departamento de Justiça não divulgaria mais informações sobre Epstein, pois os documentos incluíam pornografia infantil e dados pessoais das vítimas do financista. Trump teria dito que deixaria o Departamento de Justiça lidar com a questão como achasse melhor.
A revelação de que Trump foi avisado de que está nos arquivos de Epstein surge enquanto o governo tenta conter a revolta da base MAGA com o desfecho do caso. No início deste mês, DOJ e FBI divulgaram um memorando conjunto anunciando o encerramento da revisão administrativa sobre Epstein, confirmando que o financista se suicidou na prisão e recusando-se a liberar novos materiais relacionados ao caso. O anúncio provocou uma revolta entre os apoiadores republicanos, que há meses — ou até anos — vinham sendo alimentados com promessas de transparência e novas acusações contra pessoas ligadas a Epstein quando Trump voltasse ao poder.
Trump reagiu à reação negativa chamando os arquivos de Epstein de “farsa”, alegando, de forma sem sentido, que teriam sido “inventados” por Barack Obama e outros democratas. Ele criticou seus próprios apoiadores por ainda se importarem com o que chamou de caso “idiota”. Nesta semana, o presidente lançou uma nova ofensiva para redirecionar a atenção às teorias da conspiração sobre a eleição de 2016, dizendo a repórteres na terça-feira que “certo ou errado, é hora de ir atrás das pessoas”, citando Obama, a quem acusou de “traição”.
Trump tem um longo histórico com Epstein, e os dois foram amigos por muitos anos. “Conheço Jeff há 15 anos. Cara sensacional”, disse Trump em 2002. “É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu — e muitas delas são bem jovens. Sem dúvida, Jeffrey gosta da vida social.”
Na semana passada, Journal revelou que, no início dos anos 2000, Trump teria escrito um bilhete de aniversário com teor sugestivo para Epstein, dizendo que eles tinham “certas coisas em comum”. Trump negou a reportagem e processou o jornal dias depois. É pouco provável que ele reaja bem agora, com Journal noticiando que seu nome está nos arquivos.
Em meio ao conflito contínuo com Trump, o bilionário Elon Musk — ex-conselheiro da Casa Branca sob Trump — publicou no X no mês passado que o ex-presidente “está nos arquivos de Epstein”, acrescentando: “Esse é o verdadeiro motivo pelo qual eles não foram divulgados. Tenha um bom dia, DJT!”
Na semana passada, a ABC News perguntou a Trump se Pam Bondi havia dito a ele que seu nome aparecia nos arquivos de Epstein. “Não, não”, respondeu ele, acrescentando que Bondi havia lidado com a situação de Epstein “muito bem”.
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Fonte: rollingstone.com.br