No programa Última Análise desta terça-feira (22), os comentaristas discutiram a forte declaração ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, a respeito das decisões de Alexandre de Moraes. Para o jurista o comportamento do magistrado mais poderoso da República é um “caso para estudo de psicanálise”. As decisões, sobretudo aquelas que dizem respeito ao processo do ex-presidente Jair Bolsonaro, são incompreensíveis e, segundo ele, sequer no regime militar teria havido situação semelhante.
“Ele tem um histórico e uma reputação de mais de 30 anos no STF. Não é pouca coisa. Ele sabe do que está falando e tem autoridade no assunto”, lembrou o vereador Guilherme Kilter, a respeito de Mello. Segundo o comentarista, isto só deixa mais clara a perseguição a Bolsonaro e também aos manifestantes envolvidos no 8 de janeiro.
O jurista André Marsiglia lamentou que o ex-ministro não tenha se pronunciado a respeito de qualquer decisão de Moraes antes, mesmo tendo sido seu colega: “A classe jurídica, até hoje, estava batendo palma para tudo. E o ministro, que esteve lá dentro, quando tudo estava sendo gerado, também. Um país não se coloca refém de um único juiz do dia para a noite”.
“Esta decisão de Moraes, de ofício, fez a imprensa toda se posicionar contra. Não foi um ou outro veículo, praticamente todos se posicionaram”, afirmou Kilter a respeito das medidas cautelares de Moraes impostas a Bolsonaro. Segundo ele, isso representa uma “virada de jogo” na percepção da opinião pública.
Contagem regressiva para “tarifaço”
Convidado do programa, doutor em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho comentou os impactos que as tarifas de Donald Trump sobre produtos brasileiros vão trazer. “Podemos ter um baque muito grande no agronegócio, na indústria de produção de aviões, nos frigoríficos e em toda a economia”, ele afirmou. Para o economista, além disso, a aliança do Brasil com países como China, Rússia, Irã e Venezuela é vista como um fator que desagrada os interesses americanos.
A respeito de eventuais retaliações do Brasil aos EUA, Eustáquio diz que não surtirão efeitos: “É inócuo. Estamos falando da maior economia mundial, com as melhores tecnologias e de um país pequeno dentro do PIB mundial”. Ele explicou que medidas econômicas brasileiras aumentariam os preços no mercado doméstico e dificultariam a redução da taxa de juros, afetando toda a cadeia produtiva.
O perigoso exemplo da Venezuela
A cientista política Júlia Lucy explicou que, mais do que um problema político ou econômico, a tensão com os EUA revela um problema cultural de ordem ainda maior. “Falta-nos referência e princípios. Por que aqui no Brasil deu certo a implantação da teoria esquerdista? Porque o terreno é fértil”, criticou. Ainda, ela diz que ou o país se manifesta ou corremos o risco de nos assemelharmos a uma Venezuela.
“Precisamos nos apegar aos valores que reconhecemos como passíveis de defender até debaixo d’água. Para mim este valor é a liberdade. Se não tem liberdade, parece que já estou na China ou na Venezuela”, avaliou Marsiglia.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.
Fonte: Revista Oeste