O deputado federal André Janones (Avante-MG), figura alinhada ao lulismo nas redes sociais, decidiu não apresentar recurso contra a suspensão de seu mandato por três meses.
A decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que resultou na punição de Janones por seu envolvimento em uma confusão com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), foi confirmada nesta quarta-feira (16).
O recuo de Janones ocorre após parlamentares indicarem que um possível recurso ao plenário poderia resultar na elevação da suspensão de três para seis meses. Inicialmente, Janones havia declarado sua intenção de recorrer. Contudo, a perspectiva de uma punição mais severa o levou a desistir do caminho legal.
Janones também corre risco de ter mandato cassado
A suspensão de André Janones, aprovada por 15 votos a três pelo Conselho de Ética, segue rito sumário estabelecido em 2024, que, em teoria, busca conter “cenas de baixaria” na Casa. A medida tem efeito imediato e implica na interrupção do recebimento de salários, cerca de R$ 46,6 mil mensais, além de outras verbas durante o período da suspensão. Adicionalmente, o Conselho dará início a um processo de cassação do mandato, que seguirá um trâmite regular.
O incidente que motivou a suspensão ocorreu durante um discurso de Nikolas Ferreira na tribuna. Segundo fontes, Janones estava a poucos metros, fazendo gravações com o celular e classificando a oposição como “traidora”.
Discussão de Janones com Nikolas ocorreu durante debate sobre tarifas
A discussão se deu em meio a discussões sobre a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% ao Brasil a partir de 1º de agosto. Enquanto Nikolas discursava, aliados dele teriam confrontado Janones, entoando “vagabundo” e “rachadinha”, em referência a uma investigação anterior contra o deputado.
O relator do caso, deputado Fausto Santos Jr. (União Brasil-AM), destacou que Janones usou expressões que denotam conduta grave e discriminatória, que “reforça estigmas históricos, normaliza o preconceito e perpetua a marginalização”. “O uso de expressões de cunho homofóbico, com o intuito de insultar ou diminuir um adversário político, constitui conduta grave e discriminatória”, detalhou Fausto.
Janones diz que também foi agredido por bolsonaristas
Apesar de vídeos mostrarem que Janones também foi agredido e ofendido na confusão, e de ele ter negado ter provocado o tumulto, sua suspensão foi mantida. Em sua defesa, Janones alegou que falava de um tema similar ao de Nikolas e que era “impossível” sua fala atrapalhar quem estava na tribuna. Ele também afirmou ter sido agredido fisicamente, chegando a ser “apalpado no pênis”.
André Janones e Nikolas Ferreira são conhecidos por serem “pontas de lança” das correntes lulista e bolsonarista nas redes sociais, respectivamente, e já outras dicussões na Câmara, incluindo um episódio de quase agressão física em 2024.
Fonte: Revista Oeste