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o duplo sentido de ‘carreira, dinheiro, canudo’ na letra de ‘Exagerado’


O primeiro disco da carreira solo de Cazuza foi lançado em novembro de 1985 e, inicialmente, levava apenas o nome do cantor. No entanto, com o sucesso do single “Exagerado”, este passou a ser também o título do álbum, renomeado a partir da canção composta pelo ex-vocalista do Barão Vermelho em parceria com o jornalista Ezequiel Neves e Leoni, à época ainda integrante do Kid Abelha.

O curioso é que a própria música, um dos maiores clássicos do repertório de Cazuza, também permite uma reinterpretação em um verso específico de sua letra:

“E por você eu largo tudo / Carreira, dinheiro, canudo…

De acordo com Júlio Ettore, youtuber e especialista em rock nacional, esse trecho possui duplo sentido e faz menção a algo além do óbvio. Em seu canal no YouTube (transcrição via Whiplash), Júlior explica sua tese a respeito da letra de “Exagerado”:

“Se você analisar de forma mais ‘limpa’ essas palavras, ele (Cazuza) está falando da carreira profissional, dinheiro e do diploma universitário. Que em muitas regiões é chamado de ‘canudo’. ‘Ah, vou conseguir um canudo’. Mas isso também pode ser visto como uma frase de duplo sentido, que faz menção à cocaína. Algo que o próprio Leoni não percebeu quando fez a música.”

Neste caso:

  • “carreira” seria a carreira (nome dado ao pó em modo enfileirado) de cocaína;
  • “dinheiro” seria o uso de cédulas para inalar a droga;
  • “canudo” seria, também, o uso do dispositivo para aspirar o pó.

No vídeo de Júlio Ettore, há uma rápida passagem de Leoni comentando a respeito dessa segunda interpretação. O músico corrobora a tese de Júlio:

“Ele (Cazuza) pegou essas palavras, que eram do cotidiano das pessoas normais, que era ter uma carreira, dinheiro, canudo e não sei o quê, e misturou com a realidade de drogas, submundo.”

Quem é o “exagerado”?

Considerando essa interpretação, a letra de “Exagerado” seria uma referência aos próprios autores, Cazuza e Ezequel Neves, também conhecido como Ezequiel Jagger pela paixão por Rolling Stones. Ambos foram usuários de cocaína.

Diz-se, por outro lado, que apenas Ezequiel seria o personagem da composição. Apesar disso, a letra acabou incorporada pelo próprio Cazuza, que se tornou o “exagerado” diante do público.

Cazuza e o álbum de 1985

Exagerado, o álbum, contava também com outros hits, tais como “Codinome Beija-Flor” e “Mal Nenhum”. O disco teve a participação de Frejat — mesmo considerando o rompimento ainda recente do cantor com o Barão Vermelho — e Lobão na composição de algumas canções e vendeu cerca de 50 mil cópias.

Em entrevistas, Frejat conta que parte do repertório presente em Exagerado marcaria presença em um planejado quarto álbum do Barão com Cazuza. O disco em questão não chegou a ser gravado.

São creditados pelas gravações de Exagerado:

  • Cazuza – vocais
  • Nico Rezende – piano (Yamaha CP-80) e sintetizador (Yamaha DX-7, Roland JX-3P)
  • Décio Crispim – baixo
  • Rogério Meanda – guitarras
  • João Rebouças – teclados
  • Fernando Moraes – bateria e percussão
  • Zé Luiz – saxofone

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Fonte: rollingstone.com.br

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