O rapper Mo Chara, do trio irlandês Kneecap, compareceu nesta quarta (18) ao Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres, para responder a uma acusação de terrorismo, e foi recebido por uma multidão de fãs, ativistas pró-Palestina e apoiadores do grupo. Do lado de fora, cartazes com mensagens como “Free Palestine” e “Defendam o Kneecap” tomaram as ruas, com direito a discursos, bandeiras palestinas e até a presença do lendário músico Paul Weller.
A acusação surgiu após uma apresentação do grupo em novembro de 2024, quando Mo Chara (nome artístico de Liam Óg Ó hAnnaidh, 27 anos) teria exibido uma bandeira do Hezbollah, organização classificada como terrorista pelo governo britânico. Imagens do show também mostrariam outro integrante gritando “Viva o Hamas, viva o Hezbollah”, o que levou à abertura de uma investigação por parte da polícia antiterrorismo.
Desde então, o Kneecap nega qualquer ligação com grupos armados ou incitação à violência, classificando o processo como “policiamento político” e “carnaval de distração”. Em comunicado, o trio afirmou: “Não somos a história. O genocídio é”.
O caso ganhou repercussão internacional após a apresentação polêmica no Coachella 2025, quando os telões do palco exibiram os dizeres “Fuck Israel” e os rappers acusaram Israel de cometer genocídio com apoio dos Estados Unidos.
No tribunal, Mo Chara apenas confirmou sua identidade e foi liberado sob fiança, com a próxima audiência marcada para 20 de agosto. Lá fora, os protestos continuaram. O músico Moglai Bap, também integrante do grupo, discursou ao lado dos colegas:
Estaremos no Glastonbury. Se não puderem ir, estaremos na BBC, para quem ainda assiste à BBC. Mas, acima de tudo: Palestina livre”.
A defesa do artista conta com nomes de peso, como Gareth Peirce (que representou Julian Assange), Rosalind Comyn (advogada de ativistas do Extinction Rebellion) e Brenda Campbell KC, conhecida por casos emblemáticos envolvendo a questão da Irlanda do Norte.
Paul Weller, que já havia assinado uma carta aberta em defesa do Kneecap e participado de shows beneficentes ao lado do grupo, fez questão de comparecer ao tribunal. “Ao redor do mundo, o Kneecap é visto como herói”, disse um porta-voz do grupo.
O que está acontecendo aqui é uma tentativa apressada de silenciá-los depois que eles falaram a verdade no Coachella”.
Enquanto o governo de Israel nega as acusações de genocídio, o Kneecap segue desafiando a narrativa oficial, ampliando sua base de fãs e voltando ao centro das atenções. Além de seu álbum de estreia Fine Art, a banda lançou em 2024 um filme biográfico premiado com o BAFTA e, na próxima semana, sobe ao palco do Glastonbury com transmissão confirmada pela BBC.
“Estamos do lado certo da história”, declarou o grupo em postagem recente. “E vamos provar isso nos tribunais”.
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Fonte: rollingstone.com.br