PUBLICIDADE

Comparecimento ao desfile de Trump é ofuscado por milhões que protestaram nos comícios “No Kings”


Os protestos “No Kings” deste sábado levaram milhões de americanos às ruas para expressar sua oposição ao governo cada vez mais autocrático e autoritário do presidente Donald Trump. Na segunda-feira, a ACLU declarou que mais de cinco milhões de pessoas se reuniram em 2.000 manifestações. Esse número foi confirmado por outras organizações parceiras do “No Kings”, movimento organizado para fazer frente ao desfile militar “estilo ditador” que Trump planejou para comemorar seu próprio aniversário.

Enquanto a oposição liberal celebra seu impacto, a administração Trump tem se mantido em silêncio sobre quantas pessoas compareceram ao seu desfile — que, em teoria, também comemorava os 250 anos do Exército dos Estados Unidos.

Em comunicado à Rolling Stone, um porta-voz da America250 — o braço público da Comissão Sesquicentenária dos EUA, autorizada pelo Congresso e responsável pela organização do desfile — apresentou uma estimativa surpreendente: “250.000 patriotas se juntaram a nós no sábado, apesar da ameaça de fortes chuvas. Além disso, mais de 60 milhões de americanos assistiram por plataformas de streaming e emissoras tradicionais.”

A estimativa de 250.000 participantes nos 250 anos do Exército, em um evento chamado “America250”? É coincidência demais — e não condiz com os relatos de quem esteve lá. A Casa Branca enviou à Rolling Stone um link para um tuíte do Departamento de Defesa dizendo que “CENTENAS DE MILHARES de americanos orgulhosos” participaram do evento. A Casa Branca não quis esclarecer quantos “centenas de milhares”, nem qual entidade produziu essa estimativa.

O desfile de sábado foi, ao menos oficialmente, realizado para comemorar os 250 anos da formação do Exército dos EUA. Extraoficialmente, os US$ 45 milhões gastos com tanques, batalhões, helicópteros e bombardeiros pareciam cumprir uma fantasia antiga de Trump de ver militares marchando. O fato de ter ocorrido em seu aniversário foi (legalmente) uma coincidência.

Mas o evento teve menos cara de demonstração imponente de poder militar e mais de reencontro de fãs de história militar. E o comparecimento refletiu isso. Como já havia sido relatado pela Rolling Stone, a participação foi fraca para um evento que causou grande interrupção em áreas importantes de Washington D.C. Arquibancadas que deveriam estar lotadas de apoiadores de Trump permaneceram vazias.

Os gramados ao redor do Monumento de Washington, isolados para acomodar uma multidão, continuaram esparsamente ocupados, mesmo quando os presentes se reuniram diante do palco central para ouvir os discursos pós-desfile — incluindo o do presidente.

Não seria a primeira vez que Trump e seus aliados entram em conflito com a realidade para alimentar o ego presidencial. Difícil esquecer seu colapso em 2017 devido ao tamanho da plateia de sua posse. Em 6 de janeiro de 2021, Trump exigiu que a segurança relaxasse o controle ao redor do Ellipse para inflar o público em seu hoje infame discurso “Stop the Steal”. (Depois, alegou ter reunido mais pessoas que a Marcha de Washington de 1963. Não reuniu.)

Como relatado anteriormente pela Rolling Stone, durante a campanha de 2024, Trump chegou a obcecar-se em particular com o tamanho das multidões nos comícios de sua oponente, a então vice-presidente Kamala Harris — a ponto de acusar sua campanha de manipular imagens com IA.

Depois que vídeos de tanques rangendo, arquibancadas vazias e soldados marchando fora de compasso viralizaram nas redes sociais, o desfile virou piada. Não por desrespeito ao Exército e sua história, mas porque todo o evento parecia uma tentativa desajeitada de entreter o homem que atualmente está enviando fuzileiros navais ativos para Los Angeles para apoiar batidas do ICE contra comunidades migrantes — e intimidar quem se opõe a ele.

Em Los Angeles, onde protestos anti-ICE e confrontos com a polícia vêm ocorrendo há mais de uma semana, os organizadores do “No Kings” estimaram 200.000 manifestantes. A Polícia de Nova York estimou 50.000 em Manhattan. Em Boston, a celebração do Mês do Orgulho se uniu aos protestos “No Kings” e reuniu cerca de 1 milhão de pessoas ao longo do dia.

Até em cidades menores como Anchorage (Alasca), Louisville (Kentucky) e Tucson (Arizona), os protestos conseguiram levar milhares às ruas. Acompanhando as estimativas dos organizadores, uma contagem independente calcula que o total de participantes nos atos “No Kings” ficou entre 4 e 6 milhões de pessoas.

A administração Trump pode tentar enterrar os números reais de quem esteve no National Mall para ver o desfile de aniversário do presidente, mas não pode esconder que milhões preferiram ir às ruas para rejeitá-lo.

LEIA TAMBÉM: ‘Sean Combs Vai Depor?’ E outras perguntas que ainda queremos respostas



Fonte: rollingstone.com.br

Leia mais

PUBLICIDADE