Com quase três décadas de estrada, Solange Almeida celebra a força da representatividade em sua trajetória e segue brilhando em seu momento mais emblemático do ano — o São João.
“Desde muito nova, eu só tive um sonho: ser cantora. Nunca imaginei fazer outra coisa. A música sempre foi minha razão, minha força”, afirma. E foi com essa força que atravessou o tempo, os palcos e os preconceitos — especialmente nos anos 2000, quando quebrou paradigmas em uma indústria onde a aparência ainda ditava regras rígidas. “Eu era completamente fora dos padrões de beleza impostos. Mostrei que talento vai muito além de um corpo ou um rostinho bonito.”
A presença de Solange nos palcos, com voz potente e presença marcante, gerou identificação imediata com um público que há muito tempo não se via representado. “Quando eu te vi no palco, com aquela potência vocal e aquele corpo real, eu me senti capaz.” É o tipo de frase que ela ouve até hoje — e que, segundo conta, ainda a emociona. “Recebi muitos ‘nãos’, pensei em desistir algumas vezes, mas não desisti. E hoje ver tanta gente trilhando esse caminho com coragem é uma das maiores recompensas da minha carreira.”
A decisão de seguir carreira solo, em 2017, marcou um novo momento. Solange queria se reinventar, experimentar, se permitir. “Quis me desvincular um pouco daquela imagem e explorar outros ritmos. Gravei sertanejo, cantei reggae com Claudia Leitte, pop com Tiago Iorc, até uma canção ao piano com o maestro Eduardo Lages.” Para ela, a arte nunca coube em rótulos: “Costumo dizer que quem canta, canta. E eu gosto de me aventurar.” Vinda de banda de baile, sua formação é plural por natureza — e esse espírito continua guiando seus passos.
O mês de junho, claro, tem um sabor especial. É tempo de São João, tempo de estrada cheia, de público aquecido e cultura nordestina em alta voltagem. E em 2025, esse brilho ganha números: Solange Almeida é a artista feminina com mais shows marcados no São João da Bahia. Um feito que traduz não só sua popularidade, mas sua relevância no cenário musical atual. “O São João é nosso carnaval. É quando a cultura nordestina pulsa mais forte, e eu fico feliz de fazer parte disso com verdade, amor e respeito.”
Mesmo com uma estética mais moderna na carreira solo, Solange faz questão de preservar as raízes do forró. “Continuo honrando o legado de mestres como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos. A música não pára no tempo, ela evolui — e eu fico feliz de estar nessa evolução.” Durante os festejos juninos de 2025, ela percorre o Brasil com um show que mescla os grandes sucessos da carreira com novidades do momento. O calor das festas populares se soma a uma artista em constante transformação.
Solange nos contou sobre um de seus desejos para sua carreira, fazer um show junto de uma orquestra. “Quero trazer isso para o meu universo, com uma identidade própria, mais intimista, mais emocional.”
Solange Almeida segue em movimento — não só como cantora, mas como símbolo de resistência, liberdade e afeto. “Enquanto eu puder transmitir verdade com a minha voz, eu sigo. Porque música é isso: é vida.”
Fonte: rollingstone.com.br