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Com “eleição” para o Essequibo, Maduro pressiona a Guiana


Neste domingo (25), a Venezuela realiza “eleições” regionais e para a Assembleia Nacional – as aspas são aqui utilizadas porque, como de costume, a ditadura de Nicolás Maduro deve fraudar o processo (por isso, o bloco oposicionista liderado por María Corina Machado defendeu boicote; outro grupo de oposição, de Henrique Capriles, pregou que é necessário participar).

Nesse sentido, a grande novidade em relação a eleições anteriores será que pela primeira vez o regime chavista promoverá votação para escolher um governador e oito deputados para representar a Guiana Essequiba, como Caracas chama o Essequibo, uma área de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da Guiana, mas que a Venezuela reivindica desde o final do século XIX.

Após o ex-ditador Hugo Chávez (1999-2013) ter deixado a questão de lado, Maduro, seu sucessor, voltou a reclamar soberania sobre a região porque foram encontradas na área grandes reservas de petróleo e gás natural – que têm levado a Guiana a ostentar os maiores aumentos de PIB do mundo nos últimos anos.

No final de 2023, o ditador promoveu um plebiscito fraudulento no qual a população venezuelana “aprovou” medidas para anexar a área. Desde então, Maduro “criou” um estado e uma zona de defesa no Essequibo. Porém, o chavismo não controla a área, e a ameaça de uma invasão da Venezuela segue gerando tensões.

Nos últimos meses, a Guiana denunciou ataques contra militares na região de fronteira com a Venezuela – essas ofensivas foram atribuídas a grupos armados, que, como amplamente registrado, têm carta branca sob o chavismo.

O governo guianense e a Corte Internacional de Justiça (CIJ), onde um processo sobre a disputa tramita desde 2018, alertaram Caracas para que não realizasse eleições para cargos para o Essequibo, mas a ditadura venezuelana diz não reconhecer a jurisdição do tribunal nesse caso.

“Nossa vontade de recuperar os direitos históricos, territoriais e outros direitos da Guiana Essequiba é inabalável”, declarou Maduro na quarta-feira (21), em uma cerimônia transmitida pela emissora estatal venezuelana VTV.

No mesmo dia, o brigadeiro-general Omar Khan, chefe das Forças Armadas da Guiana, disse à agência Associated Press que qualquer guianense que participar da eleição da Venezuela será acusado ​​de traição e outros crimes graves.

“Se alguém participar ou tomar qualquer ação semelhante, isso equivalerá a apoiar um golpe passivo”, disse. “Qualquer coisa nesse sentido representará uma violação de nossa soberania e integridade territorial.”

Khan acrescentou que integrantes da comunidade de ascendência venezuelana direta ou indireta da Guiana (composta por cerca de 100 mil pessoas) que se envolverem nas eleições de domingo poderão ser presos e deportados.

A eleição não representa que um governo estadual será criado imediatamente dentro do Essequibo: Maduro montou uma estrutura provisória em Tumeremo, cidade venezuelana perto da fronteira com a Guiana, e a gestão a ser eleita neste domingo provavelmente atuará lá.

Ainda assim, é inegável que o constrangimento causado pela eleição será usado pelo chavismo para aumentar o cerco na reivindicação pelo território.

“Estamos levando isso muito a sério. Para nós, é uma ameaça, e é assim que estamos encarando”, disse o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em entrevista à agência France-Presse (AFP).

“Incentivamos as autoridades venezuelanas a seguirem as ordens da CIJ, a participarem plenamente do processo [que tramita na corte] e a respeitarem o resultado. Temos o total apoio e as garantias da comunidade internacional de que apoiarão nossa soberania e integridade territorial”, acrescentou o mandatário guianense.



Fonte: Revista Oeste

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