O Reino Unido está revisando seus planos de defesa para enfrentar um eventual ataque surpresa da Rússia. A medida ocorre diante do aumento da retórica belicista do ditador Vladimir Putin, que vem ameaçando diariamente países que fornecem ajuda militar à Ucrânia.
Segundo o jornal britânico The Telegraph, autoridades britânicas receberam recentemente a orientação para atualizar protocolos antigos de defesa, agora considerando riscos modernos como os novos mísseis balísticos, armas nucleares e ataques cibernéticos coordenados. O objetivo é garantir que o país esteja preparado para diferentes tipos de agressão, diante das ameaças públicas feitas por Moscou.
O Kremlin tem ampliado sua pressão e ações de sabotagem contra o Ocidente desde o início da invasão à Ucrânia em 2022. No governo britânico, cresce a preocupação de que essas operações, hoje conduzidas de forma encoberta, possam evoluir para ataques militares diretos caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) comece a apresentar sinais de divisão interna.
Segundo o governo britânico, “o Reino Unido possui planos robustos para diferentes tipos de emergência, desenvolvidos e testados ao longo dos anos”. De acordo com a imprensa local, esses planos incluem desde a proteção do primeiro-ministro e da Família Real em abrigos subterrâneos, até estratégias para manter serviços essenciais em funcionamento e orientar a população por meio de transmissões emergenciais.
O Ministério da Defesa britânico também está avaliando neste momento, segundo o Telegraph, criar um sistema nacional de defesa antimísseis, inspirado no Domo de Ferro de Israel, para reforçar a proteção contra possíveis ataques aéreos. Uma simulação recente feita pela Força Aérea Real mostrou que as defesas atuais teriam dificuldade para interceptar mísseis russos de última geração.
“Não foi um cenário animador”, destacou Blythe Crawford, ex-comandante do Centro de Guerra Aérea e Espacial do Reino Unido, segundo a NewsWeek.
Além das ameaças militares, os ataques cibernéticos também se tornaram uma grande preocupação para o governo britânico. Por esse motivo, o plano de defesa foi atualizado para incluir medidas específicas contra esse tipo de ação. De acordo com Ken McCallum, diretor do MI5 – o serviço de inteligência interna do Reino Unido – o número de ameaças coordenadas por Estados hostis contra os sistemas britânicos cresceu quase 50% no último ano, especialmente em razão do agravamento do conflito no leste europeu.
Para viabilizar esse fortalecimento da defesa, o governo britânico planeja aumentar gradualmente o orçamento militar para 2,5% do PIB até 2027, conforme promessa do atual primeiro-ministro Keir Starmer, do Partido Trabalhista. Além disso, uma revisão estratégica das Forças Armadas deve ser concluída nas próximas semanas.
Fonte: Revista Oeste