A obra de Cazuza, artista falecido em 1990, continua viva no imaginário popular. O próprio Barão Vermelho, banda que o vocalista integrou antes de seguir carreira solo, segue homenageando seu frontman original sempre que possível.
Em recente entrevista a Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, o baterista Guto Goffi falou sobre vários temas que perpassam a carreira de mais de 40 anos da banda. Um deles foi o papel primordial que Cazuza teve para o rock brasileiro.
Sobre esse aspecto específico, Guto argumentou que a grande inovação do saudoso colega se deu em aprofundar o conteúdo lírico das canções e escrever letras de real impacto no cotidiano das pessoas fazendo uso da língua portuguesa. Ele explica:
“Cazuza colocou uma ‘coisinha’ em português no rock. Não que o rock antigamente não tivesse bons letristas brasileiros, já tínhamos tido Raul Seixas, Paulo Coelho, Rita Lee. Mas somos pós-Mutantes e os Mutantes cantavam ‘yeah, yeah, yeah’, enquanto que, com Cazuza, era ‘é, é, é’, mandava o ‘yeah’ para o espaço. Os bons poetas sabem como fazer o bom uso da palavra.”
Apesar da acidez e das críticas sócio-políticas das músicas compostas por Cazuza, Guto destaca o que considera ser uma marca do falecido letrista: o tom otimista. E, para além disso, o vocabulário informal e de fácil assimilação.
“No Barão, era raro você pegar alguma letra que não tenha alguma mensagem boa. Cazuza abriu nossa porta. Foi nosso letrista guru. Depois, tentamos continuar, não imitando, mas sabendo o valor da poesia marginal e de ‘ser direto’ no rock, sem muita metáfora, sem ser prolixo. Aprendemos com ele.”
Nova turnê do Barão Vermelho e música com letra de Cazuza
O Barão Vermelho é uma das atrações do Best of Blues and Rock, festival que agita São Paulo em dois fins de semana de junho: primeiro, nos dias 7 e 8, e depois, 14 e 15.
A banda se apresenta no domingo, 8, e é certo que seu repertório terá “Do Tamanho da Vida”, nova música que dá nome à turnê e foi composta com base em um poema deixado por Cazuza.
De acordo com Maurício Barros, tecladista do Barão, a ideia surgiu a partir de um encontro em que Lucinha Araújo, mãe do cantor, revelou a existência de letras inéditas do filho. O texto foi adaptado e norteou a nova composição do grupo:
“A letra dessa surgiu de um poema dele chamado ‘As Moças do Centro’, só que extraímos um pedaço da letra que conseguiu tirar a música só desse universo da prostituição, que era o que ele propunha na letra a princípio. Ficou mais abrangente.”
Serviço – Best of Blues and Rock 2025
Local: Parque Ibirapuera, São Paulo
Ingressos: Eventim
Lineup:
- Sábado, 7 de junho: Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Cachorro Grande, Vitor Kley
- Domingo, 8 de junho: Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Barão Vermelho, Soul Lee: Paula Lima canta Rita Lee
- Sábado, 14 de junho: Alice Cooper, Black Pantera, Charlie Brown Jr Marcão Britto & Thiago Castanho
- Domingo, 15 de junho: Deep Purple, Judith Hill, Hurricanes
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Fonte: rollingstone.com.br
