Uma reportagem publicada nesta quarta-feira (21) pelo jornal norte-americano The New York Times (NYT) afirma que o Brasil foi transformado em “uma linha de montagem para agentes secretos” russos. O texto revela detalhes de uma operação de contraespionagem comandada pela Polícia Federal (PF) contra um grupo de agentes russos que agia a partir do Brasil.
A reportagem conta que o objetivo dos agentes não era espionar o Brasil, mas tornarem-se brasileiros e, “ocultados por identidades verossímeis”, seguirem para os Estados Unidos, Europa ou Oriente Médio, “onde, enfim, entravam em ação”.
“Nos últimos três anos, agentes da contrainteligência brasileira investigaram esses espiões de forma silenciosa e metódica. Com um trabalho minucioso, descobriram um padrão que permitiu identificá-los, um a um”, diz um trecho da reportagem.
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“Os agentes identificaram ao menos nove oficiais russos com identidades brasileiras, segundo documentos e entrevistas. Até hoje, seis deles eram conhecidos apenas pela polícia. A investigação já alcançou ao menos oito países, com o apoio de serviços de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Holanda, Uruguai e outros aliados ocidentais”, continua o jornal.
O NYT disse ter analisado centenas de documentos confidenciais e realizado dezenas de entrevistas com policiais e agentes de inteligência em três continentes.
Operação Leste
Segundo o jornal, a Operação Leste, como foi designada a ofensiva contra os espiões, “foi uma resposta aos prejuízos causados por uma década de ofensiva russa”.
“Espiões russos ajudaram a derrubar um avião que decolou de Amsterdã em 2014, interferiram em eleições nos Estados Unidos, na França e em outros países, envenenaram adversários e planejaram golpes de Estado. Mas foi a decisão do presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022, que desencadeou uma reação global contra espiões russos, até mesmo em locais onde, por anos, eles atuaram com relativa impunidade. Entre esses lugares está o Brasil, que historicamente manteve relações amistosas com a Rússia”, afirmou o NYT.
Fonte: Revista Oeste