Nem todo músico se envolve neste segmento para ficar famoso. E quando a popularidade chega, ainda mais a nível mundial, a sensação pode ser avassaladora. Tornar-se um fardo.
Por isso, há artistas e celebridades de diferentes segmentos que, tempos após a conquista de reconhecimento em larga escala por seus trabalhos, optam por se afastar. Em casos assim, não se trata de tentar continuar a fazer sucesso e não conseguir, mas, sim, de escolher ficar longe dos holofotes.
Com nuances a serem consideradas, este é o caso destes 5 músicos célebres do rock que sumiram do radar público e se tornaram reclusos. Confira!
5 músicos famosos do rock que sumiram e viraram reclusos
1) John Deacon
Mesmo com a morte do vocalista Freddie Mercury, em 1991, o Queen teve algumas atividades de imediato. Os trabalhos incluíram o guitarrista Brian May, o baixista Roger Taylor e o baixista John Deacon. Este, porém, se afastou progressivamente não apenas do grupo, como também do radar público no geral. Com apenas três shows realizados — todos na década de 1990 — e participação na música “No One But You (Only The Good Die Young)”, ele sumiu dos holofotes.
Nos anos 2000, May e Taylor reativaram o Queen junto de Paul Rodgers (Free, Bad Company). Depois, o projeto trouxe Adam Lambert para o microfone. Em ambas as ocasiões, John Deacon não participou. Ele simplesmente quis sair de cena e optou por viver uma vida reclusa, ao lado da esposa, Veronica Tetzlaff, com quem teve seis filhos.
Ainda assim, Deacon sempre é consultado para aprovação de qualquer trabalho relacionado à banda – como o filme Bohemian Rhapsody, de 2018. Porém, o contato se dá por meio de advogados. May e Taylor afirmam não conseguir falar com o ex-colega. Ao jornal The Guardian (via site Igor Miranda), Brian comenta
“Não acho que posso entrar em muitos detalhes – precisamos respeitar o fato que John precisa de sua privacidade agora –, mas ele ainda é parte do maquinário da banda. Se fazemos qualquer decisão importante, em termos de negócios, sempre consultamos John. Não significa que ele fale conosco – ele geralmente não fala –, mas ele se comunica de alguma maneira. Ele ainda é muito parte do Queen.”
2) Izzy Stradlin
Em mais de uma década, o guitarrista Izzy Stradlin só apareceu, mesmo, para rebater uma fala do vocalista Axl Rose a respeito da reunião do Guns N’ Roses. Em entrevista curiosamente a um veículo brasileiro — o programa Fantástico, da TV Globo —, o cantor declarou, no meio da década passada, que Stradlin recusou um convite para voltar, junto ao também guitarrista Slash e ao baixista Duff McKagan, porque “cada dia ele quer uma coisa”.
Pelas redes, Izzy ressurgiu para revelar que não voltou porque seus colegas “não queriam dividir o dinheiro em partes iguais”. Esse foi o único sopro de atividade do guitarrista nos últimos anos.

Stradlin era, possivelmente, o integrante mais próximo a Rose nos primórdios do Guns. Os dois se conheciam desde o ensino médio e estudaram na mesma escola, no estado americano de Indiana. A dupla se manteve bem afinada durante os anos iniciais de banda, conduzindo o processo criativo. Conforme o tempo passou, porém, Axl se distanciou dos colegas e Izzy foi o primeiro a sair por conta própria — antes dele, o baterista Steven Adler havia sido demitido —, no fim de 1991, em meio a uma série de discordâncias com o cantor e insatisfação com o ritmo pesado de atividades na estrada.
Fora do GN’R, Stradlin desenvolveu uma carreira solo produtiva até o fim dos anos 2000. Em dado momento, lançava praticamente um álbum por ano. O último foi Wave of Heat, em 2010. Depois, nada mais foi feito. Ele até participou de um show do Guns N’ Roses, em 2012, antes da reunião. Foi a apresentação final do músico.
E o que Izzy faz nos dias de hoje? Steven Adler revelou há alguns anos em entrevista à rádio WRIF (via site Igor Miranda):
“Ele só compra carros antigos, os conserta, dirige pelo país até seu rancho. Ele tem um rancho em Indiana ou algo assim. Ele tem um talento para viver. Viver requer um talento e ele tem talento para a vida.”
3) Meg White
Mesmo no auge do White Stripes, Meg White tinha uma persona enigmática. Não dava entrevistas, nem fazia aparições sem o parceiro de banda Jack White, responsável por conduzir toda a comunicação. O grupo acabou em 2011, quatro anos após a última turnê ter sido cancelada devido a uma crise de ansiedade sofrida pela baterista. Jack, com quem ela foi casada entre 1996 e 2000, seguiu produzindo, mas a musicista abandonou a indústria de vez.
Entre a turnê cancelada e o fim do White Stripes, Meg White se casou pela segunda vez, com Jackson Smith, filho de Patti Smith. Curiosamente, a cerimônia foi realizada na casa de Jack White, seu ex-marido, de forma bem reservada. Eles se divorciaram em 2013. Meg segue morando em Detroit, numa vida bem tranquila.

Em rara entrevista no ano de 2003, Meg White explicou o motivo de ser tão arredia:
“Nunca liguei para as outras coisas que as pessoas ligam, como ser reconhecida nas ruas. Sempre desconfiei de todo mundo, então, é fácil ficar no meu mundinho.”
Em 2014, à Rolling Stone EUA, Jack White revelou acreditar que ninguém mais dos tempos de White Stripes tem mantido contato com Meg.
“Ela sempre foi uma eremita. Quando morávamos em Detroit, eu tinha que ir até a casa dela para conversar. Agora, é quase nunca.”
Nos últimos anos, porém, algumas publicações em redes sociais indicam que há mais contato entre os dois. Há, aí, alguma esperança de reunião para receber a homenagem do Rock and Roll Hall of Fame, mais tarde neste ano. Ainda assim, soa bem improvável.
4) Vinnie Vincent
Este é o caso mais curioso, para dizer o mínimo — e, hoje, se trata do menos recluso da lista, mas ainda assim está envolto em mistério. Guitarrista do Kiss entre 1982 e 1984, Vinnie Vincent passou quase duas décadas sem fazer aparições públicas. Sumiu em meados da década de 1990, após participações polêmicas em exposições relacionadas à sua ex-banda — durante as quais sequer podia usar a maquiagem que o tornou famoso devido a direitos autorais — e lançar um EP intitulado Euphoria.
O sumiço meio que acabou de um jeito bizarro. Vincent foi preso, em 2011, acusado de agredir a esposa, Diane Cusano, falecida três anos depois. Ele passou a noite na cadeia e foi liberado na manhã seguinte, após pagar fiança de US$ 10 mil. Foi divulgado, posteriormente, que policiais encontraram quatro cães mortos em contêineres lacrados na residência do casal, além de outros 20 em situação degradante. Tanto o músico quando sua esposa disseram que seus outros cachorros acabaram atacando e matando os menores, cujos cadáveres estavam nos volumes. Nenhuma ocorrência foi registrada contra Vincent no que diz respeito a esse assunto. Quanto à alegação feita por Diane, Vinnie se livrou de cumprir pena em regime fechado porque aceitou se submeter a terapia para controle de raiva.

No início de 2018, Vinnie Vincent topou participar de alguns eventos relacionados ao Kiss. No primeiro deles, desabafou, ainda que de forma pouco específica:
“Passei 20 anos no inferno. Os golpes que sofri poderiam ter sido não tão grandes. Poderiam ter sido rápidos e, amigavelmente, eliminariam 20 anos de dor.”
Embora tenha afirmado isso, Vinnie Vincent disse que sua vida se tornou “pequena como poderia ser”.
“Tornei-me muito feliz e contente. Tudo o que faço é tocar, compor, gravar, cuidar de meus cães. Tenho uma vida muito privada e pacífica, não tive isso por muito tempo. Muitos fãs sabem de muitas coisas, mas eles também não sabem de muitas coisas.”
A partir daí, ocorreram aparições esporádicas: ele esteve em um evento solo de Gene Simmons, um de seus chefes no Kiss; fez um pocket show pra lá de bizarro com Ace Frehley e Bruce Kulick, ex-guitarristas do grupo — sem baterista (com playback no lugar) e celulares proibidos — e prometeu várias vezes lançar material inédito, algo que ainda não cumpriu. Em 2023, anunciou até mesmo um vocalista com quem trabalharia, chamado Scott Board, mas poucos dias depois voltou atrás.
Apesar da reaproximação com Simmons, Vincent é persona non grata no Kiss. O guitarrista processou a banda mais de uma vez exigindo direitos autorais que no fim das contas, segundo a Justiça, não lhe eram devidos.
5) D’Arcy Wretzky
Em 2018, o Smashing Pumpkins se reuniu com dois de seus integrantes clássicos. O frontman Billy Corgan, enfim, voltou a trabalhar com o guitarrista James Iha e o baterista Jimmy Chamberlin. Só faltou a baixista D’Arcy Wretzky — e isso não foi uma surpresa tão grande, pois há anos ela está sumida do radar público.
A relação entre Wretzky e Corgan, na maior parte do tempo em que os dois trabalharam juntos, foi ruim. A baixista saiu do grupo em 1999, após uma curta turnê de reunião sucedendo um período de três anos sem shows. Justificando o rompimento, D’Arcy declarou que iria tentar uma carreira de atriz que, no fim das contas, não vingou.

Pouco após sua saída, Wretzky foi presa por porte de drogas. À época, Corgan chegou a defini-la em seu Live Journal (via site Igor Miranda) como uma “viciada em drogas mal-intencionada que se recusava a receber ajuda” e garantiu que, na verdade, ela foi demitida do grupo.
Fora dos holofotes em definitivo, D’Arcy se mudou para uma fazenda no estado de Michigan, nos EUA, onde criava cavalos. Em 2009, ligou de surpresa para uma rádio em Chicago para dizer que não voltava a tocar com o Smashing Pumpkins devido a não estar saudável o suficiente. Poucos anos depois, voltou a ser presa duas vezes, por razões distintas: faltar a audiências judiciais durante as quais deveria se defender por problemas supostamente causados por seus animais e dirigir embriagada.
Quando Iha e Chamberlin retornaram ao Smashing Pumpkins, Wretzky concedeu rara entrevista ao Alternative Nation para dizer que havia sido chamada por Corgan para retornar, porém, o ex-colega retirou o convite. Ao saber disso, Billy disse à Rolling Stone EUA que a antiga parceira musical estava mentindo: o convite ocorreu, mas ela não respondeu, e a presença da baixista na turnê seria apenas com participações especiais em alguns shows. Desde então, sem mais notícias.
+++ LEIA MAIS: A loucura que era tocar no Guns N’ Roses nos anos 90, segundo Matt Sorum
+++ LEIA MAIS: As melhores bandas de todos os tempos para Axl Rose
+++ LEIA MAIS: Como Freddie Mercury ajudava Brian May com suas inseguranças
+++ LEIA MAIS: Sem o Queen, com a Queen: Brian May elege seu show mais memorável
+++ LEIA MAIS: A incrível mensagem de Jack White para Meg White no 50º aniversário da baterista
+++ Siga a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Siga o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram
Fonte: rollingstone.com.br