O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao ministro Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF) assumir uma investigação que tramita na primeira instância da Justiça em São Paulo sobre a apreensão do celular do perito Eduardo Tagliaferro.
Ex-assessor de Moraes, Tagliaferro é investigado por supostamente vazar conversas com ex-colegas sobre como funcionavam as investigações que censuraram políticos e ativistas críticos da atuação de Moraes.
No início de abril, Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal, que imputou a ele o crime de violação de sigilo funcional com dano à administração pública, cuja pena pode chegar a 8 anos de prisão. A investigação concluiu que ele teria vazado para a imprensa conversas com ex-auxiliares de Moraes.
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Cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Tagliaferro se entender que há provas do cometimento de crime e indícios de autoria. Gonet optou, no entanto, por ampliar a investigação antes de decidir pela denúncia ou arquivamento do inquérito contra Tagliaferro.
A defesa de Tagliaferro nega e insinua que as conversas podem ter vazado por meio da Polícia Civil de São Paulo. Em maio de 2023, o perito foi preso em casa após uma briga com a ex-mulher e, no dia seguinte, antes de ir para a audiência de custódia, seu celular foi apreendido na delegacia de Franco da Rocha (SP), unidade distinta da que foi detido, em Caieiras (SP).
Em depoimentos, dois delegados que mandaram apreender o aparelho deram versões diferentes sobre a medida. Um disse que era preciso resguardar os dados porque Tagliaferro trabalhava para Moraes. Outro afirmou que o aparelho foi apreendido porque a prisão envolvia também um escrivão da Polícia Civil, que estava na casa de Tagliaferro no momento da discussão com a ex-mulher.
A investigação da PF sobre Tagliaferro concluiu que não houve vazamento dos dados pela Polícia Civil de São Paulo. Os investigadores constataram que não houve extração dos dados nos sistemas e descartaram, com isso, atuação irregular dos policiais civis.
Gonet, no entanto, destacou que o “aparelho celular do investigado foi manuseado ou esteve sob vigilância de diversos agentes da Polícia Civil de São Paulo após sua apreensão em 9.5.2023”. Por isso, considerou que a investigação sobre a apreensão deve subir para o STF.
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Em abril, a investigação da PF sobre Tagliaferro disponibilizou conversas que ele manteve com a namorada após sua demissão como assessor de Moraes, ocorrida após sua prisão, em maio de 2023. Depois que o perito passou a ser investigado pelo ministro, no STF, por supostamente vazar conversas, Tagliaferro falou a ela que tinha medo de ser preso ou até morto, conforme revelou a Gazeta do Povo.
No fim de abril, Tagliaferro foi chamado ao Senado para falar sobre o caso, mas não compareceu. Disse que estava cuidando de sua segurança e de sua família, mas enviou áudio dizendo que “no momento oportuno”, estará à disposição dos senadores, “para que vocês possam fazer as perguntas que desejam e obter as respostas que precisam”.
Fonte: Revista Oeste