Cinco anos depois do álbum A Bolha, indicado ao Grammy Latino, Vitor Kley estreia um novo capítulo na carreira com o disco As Pequenas Grandes Coisas. Lançado no dia 25 de abril, o projeto une estética, emoção e experiências pessoais em um trabalho que o cantor descreve como o mais íntimo que já fez. Em visita ao estúdio da Rolling Stone Brasil, ele contou mais detalhes sobre o álbum e os próximos shows — incluindo sua participação no festival Best of Blues and Rock.
“Isso, eu acho que álbum de estúdio faz quase cinco anos, desde A Bolha, que foi lançada no meio da pandemia. E eu acho que o álbum de estúdio tem um valor totalmente diferente, porque eu gosto muito de amarrar o conceito no álbum”, contou em entrevista à RS.
Com 11 faixas, o novo disco marca um período de recomeço e mergulho criativo após um tempo longe dos lançamentos. O álbum nasce de vivências familiares, gestos simples e pequenas emoções que o cantor viu ganharem novas camadas durante o processo de criação.
“Esses pequenos gestos, essas coisinhas que às vezes eu tenho a impressão que a humanidade está deixando escapar entre os dedos.”
O título, segundo ele, resume a essência do trabalho: “Eu desejo muito que o álbum dê esse efeito… ele vai além de música. Tem uma canção ali que é um dos pilares até de sustentação do álbum, que se chama ‘Vai Ficar Bem’. […] É um questionamento mesmo: quanto que vale a nossa vida? Será que a gente tá fazendo valer?”
Primeira vez como produtor: “Vai ouvir mais de mim”
Outra novidade no álbum foi o papel de Vitor no processo técnico. Em vez de apenas entregar as músicas para o produtor, ele assumiu o protagonismo na construção dos arranjos e assinou, oficialmente, a produção do disco ao lado de Paul Ralphes.
“Eu sempre ficava me auto-sabotando: ‘não, não tô pronto ainda’… Até que vem o Paul Ralphes, meu irmão, meu empresário, e falam: ‘cara, você tem que assinar’. As músicas estão nas suas pré-produções, a gente vai usar muita coisa daí. Então, velho, você tem que assinar.”
“Pra quem gosta da minha arte, vai ouvir mais de mim, cara. Vai ouvir meu dedo ali, meu pensamento ali, o que eu tava pensando no dia em que eu voltei aquele arranjo…”
Clóvis de Barros Filho, luto e a música
Um dos momentos mais emocionantes do disco é a faixa “Vai Por Mim”, que traz uma participação especial do filósofo Clóvis de Barros Filho. A música nasceu em 2018, durante um momento delicado na vida pessoal de Vitor: a depressão do pai, que faleceu durante o processo do álbum.
“Quando eu fui convidar o professor Clóvis para participar, ele falou: ‘Vitor, tô dentro, amei’. Foi incrível. […] A última chance que eu tive de mostrar essa música pro meu pai foi no velório dele.”
A fala final de Clóvis na música traz a mensagem que o artista deseja deixar como legado:
“Eu vejo essa música como a de maior poder que eu já fiz em toda a minha vida. E é o que eu espero dela, sim.”
Uma das datas mais especiais da agenda é o show de Vitor Kley no festival Best of Blues and Rock, marcado para o dia 7 de junho, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. No line-up do dia estão nomes como Dave Matthews Band, Richard Ashcroft e Cachorro Grande.
“Foi um convite que a gente topou na hora. Meu irmão Bruno falou: ‘tem um show que a gente não vai ter como deixar passar, que vai ser em São Paulo, Best of Blues and Rock’. Aí ele falou: ‘só que é com a Dave Matthews Band’. Eu falei: caramba, animal!”
“As pequenas e grandes coisas não poderiam já ter uma notícia tão maravilhosa como essa: tocar no Best of Blues and Rock com Dave Matthews Band e outra galera incrível de peso.”
Além do festival, a turnê do álbum vai passar por Porto Alegre, Curitiba, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Portugal e mais.
Palco como ambiente sagrado: “Me sinto perto do meu propósito”
Para Vitor, estar ao vivo é uma das formas mais puras de conexão com a arte e com o público.
“O palco é sagrado. Quando eu tô ali, me sinto cada vez mais perto do meu propósito de vida. […] É um momento que a gente tem pra celebrar a vida e concretizar as pequenas e grandes coisas.”
Sobre o que o público pode esperar dos shows da nova fase, ele resume:
“Podem esperar um cara muito feliz. Um show super musical, com metais, bolero, bossa nova, momentos guitarrísticos… A gente já fez a estreia e foi demais.”
Fonte: rollingstone.com.br