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Beyoncé faz poderosa declaração sobre o country na estreia da turnê Cowboy Carter


Durante a abertura da turnê Cowboy Carter, com temática faroeste, Beyoncéiluminou o telão com a frase em vermelho:“Nunca peça permissão por algo que já é seu.” Em muitos aspectos, esse mantra direto definiu sua abordagem frente ao que alguns vêm chamando de “aventura country” — mas, em vez de reivindicar algo, Beyoncé celebrou as origens negras da cultura country e sua evolução.

A apresentação de três horas no SoFi Stadium, em Los Angeles, na noite de segunda-feira (28), foi intensa e cheia de significado. Com um repertório recheado de faixas com influências country do álbum Cowboy Carter, Beyoncé também trouxe referências à era Renaissance— seu trabalho anterior inspirado na cena ballroom — em diversos momentos da performance.

@tomasmier Beyoncé addresses the crowd at Cowboy Carter tour opening night in LA #beyonce#cowboycartertour#cowboycarter#beyonceconcert#beyoncefans♬ original sound – tomás mier

“Quero agradecer a todos os que vieram antes de mim,” disse Beyoncé ao público, vestida com um look branco de couro assinado pela Mugler, com chapéu de caubói combinando. Enquanto isso, imagens de Linda Martell e outras pioneiras negras do country eram exibidas no telão.

“Quero agradecer aos meus fãs por me permitirem fazer esse álbum. Obrigada por me darem a liberdade criativa de me desafiar.”

O espetáculo Cowboy Carter é muito mais do que um show country — e isso ficou evidente desde o início, quando Beyoncé retirou o chapéu de caubói durante “Ya Ya” e apresentou suas já clássicas viradas de cabelo e passos coreografados. Sim, os banjos ressoaram em “Texas Hold ’Em”, o violino conduziu “II Most Wanted” e “Blackbiird”, e ela e os dançarinos usaram chapéus, esporas e fivelas gigantes durante toda a apresentação. Mas, no fim das contas, Beyoncé entregou um espetáculo de estádio digno do seu nome, sem limitações de gênero musical, apoiado por mais de 24 dançarinos e coreografias impecáveis.

Ao longo do show, efeitos visuais impressionantes colocaram Beyoncé em cenários do Velho Oeste, representando-a como uma “forasteira” em um espaço onde nunca foi bem-vinda. No final, ela destruiu essa narrativa — vencendo um caubói branco mais velho em um duelo estilizado, com balas ricocheteando em seu corpo. A cena pareceu ecoar a exclusão de Beyoncé da premiação da Country Music Association e, mais amplamente, da indústria country dominada por brancos, que há anos a marginaliza. Mas Beyoncé deixou claro que não precisa da aprovação de ninguém — ela é maior do que isso.

Ela também aprofundou os temas visuais patrióticos de Cowboy Carter com simbologias marcantes. O show começou com “American Requiem”, seguiu com uma versão delicada de “Blackbiird” e então uma versão impactante do hino nacional dos EUA, baseada na performance de Jimi Hendrix em Woodstock, em 1969. Hendrix tocou o hino um ano após o assassinato de Martin Luther King Jr., como um ato de protesto. Para Beyoncé, o momento serviu como homenagem e como alerta sobre o passado e o presente turbulento da América.

Na sequência, ela cantou “Freedom” — trilha da fracassada campanha presidencial de Kamala Harris em 2024 —, apresentou “America Has a Problem” com o verso de Kendrick Lamar em um cenário que simulava uma coletiva de imprensa, e declarou “mas eles nunca tiram o country de mim” durante uma poderosa interpretação de “Formation”.

Em “Formation”, Beyoncé entoou orgulhosamente: “Eu gosto do cabelo do meu bebê / com baby hair e afros”, enquanto Blue Ivy surgia no palco junto aos dançarinos, executando a coreografia com perfeição. A filha mais velha da cantora esteve presente em várias músicas, incluindo “Sweet Honey Buckin”, “Ya Ya” e “America Has a Problem”. Em um dos momentos mais animados do show, Blue Ivy brilhou sozinha durante um trecho de dança ao som de “Déjà Vu”, de 2006, e reviveu a coreografia clássica da era B’Day — música que a Rolling Stone classificou como a melhor da carreira de Beyoncé.

Em uma das passagens mais emocionantes da noite, a filha mais nova de Beyoncé, Rumi Carter, também subiu ao palco durante “Protector”, faixa que inclui sua voz. A menina de sete anos apareceu sorridente, acenando para o público enquanto era embalada pela voz da mãe. Ao fundo, surgia um tributo aos filhos de Beyoncé com um verso do poeta homônimo de Rumi:

“Certa vez tive mil desejos / Mas em meu único desejo de te conhecer / tudo o resto se dissolveu.”

Embora carregado de comentários sobre a América e as raízes negras da música country, o show também celebrou de forma terna a própria linhagem de Beyoncé.

A cantora deixou claro que a essência de Renaissance — primeiro ato de sua trilogia de álbuns — continua viva em Cowboy Carter. Ao longo da noite, ela apresentou faixas como “Cuff It”, “Heated” e “Thique”, e fez referências visuais à estética metálica e prateada do álbum anterior. Em “Tyrant”, Beyoncé apareceu montada em um touro mecânico dourado e, em outro momento, um robô lhe serviu um copo de uísque em seu trono. O icônico cavalo Reneigh também foi reimaginado na versão dourada. Ela entregou a coreografia original de “I’m That Girl”, “Cozy” e “Alien Superstar”, com elementos visuais adaptados ao clima country do novo álbum.

“Bem-vindos de volta à Renaissance, pessoal,” disse no palco, enquanto a festa ballroom tomava conta da cena.

Outros destaques do set incluíram uma versão divertida de “Diva”, em que Beyoncé imitou um vídeo viral do TikTok apontando para um fã genérico na plateia e repetindo “She ain’t no divaaaaa.” Em “Thique”, ela misturou trechos de “Bills, Bills, Bills”, do Destiny’s Child, levando os fãs a especularem se hits do grupo estavam no setlist. (Não estavam — mas imagens da banda em seus primeiros anos foram exibidas em um interlúdio.)

Na reta final, Beyoncé percorreu o estádio montada em uma enorme ferradura cor-de-rosa enquanto cantava “Daddy Lessons” — sua primeira apresentação ao vivo da faixa desde 2016 — em um segmento nomeado em homenagem a “Jolene”, de Dolly Parton. O clímax veio com o remix de “Texas Hold ’Em”, que manteve os elementos country e deslizou suavemente para o clássico “Crazy in Love”.

Ao encerrar o show, Beyoncé sobrevoou o estádio em um carro clássico voador com uma bandeira dos EUA, conduzindo um coro com a faixa “16 Carriages”, de Cowboy Carter. No bis, ela surgiu com um vestido estampado com a bandeira americana e cantou “Amen” diante de uma Estátua da Liberdade mascarada e com tranças — uma poderosa alegoria visual. Tudo foi cuidadosamente calculado. Beyoncé não apenas apresentou um espetáculo teatral e grandioso: ela reafirmou por que está em um nível completamente à parte.

A turnê Cowboy Carter continua com mais quatro apresentações em Los Angeles, a próxima marcada para quinta-feira, 1º de maio. Depois, Beyoncé segue para Chicago e Nova Jersey, antes de se apresentar em Londres e Paris, retornando aos EUA para shows em Houston, Washington, Atlanta e encerrando a turnê em Las Vegas, em julho.


Essa matéria é uma tradução da Rolling Stone americana, escrita por Tomás Mier e publicada em 29 de abril de 2025. Leia a versão original aqui.





Fonte: rollingstone.com.br

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