Nos últimos dias, figuras políticas e perfis de direita nas redes sociais intensificaram a pressão sobre congressistas feministas de esquerda. A razão é a ausência de um posicionamento diante da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de permitir que o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem Partido-RJ) saísse da cadeia para cumprir prisão domiciliar.
Moraes atendeu ao pedido da defesa de Chiquinho, depois de um laudo médico indicar risco de morte súbita. O deputado é acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco.
Nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) lembrou de Cleriston Pereira da Cunha, o Clézão, que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em novembro de 2023.
Preso em razão dos atos do 8 de janeiro, Clezão teve um mal súbito durante um banho de sol. O parlamentar mineiro afirmou que Cleriston não teve o mesmo direito de Chiquinho Brazão.
Moraes concede prisão domiciliar para Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle, por conta de problemas de saúde. Faço questão de lembrar que Clezão não teve o mesmo direito.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) April 12, 2025
Lucas Pavanato critica liberação de Chiquinho Brazão
Vereador mais votado nas últimas eleições municipais, Lucas Pavanto (PL-SP) ironizou a decisão de Moraes. “Fomos de ‘Marielle Vive’ a ‘Brazão Livre’ muito rápido”, escreveu o parlamentar paulistano.
Fomos de “Marielle Vive” a “Brazão Livre” muito rápido.
Parabéns aos envolvidos.
— Lucas Pavanato (@lucaspavanato) April 12, 2025
A discussão ganhou força depois de um internauta criticar o tempo que Chiquinho ficou detido, em comparação ao período de encarceramento de Débora dos Santos.
Chiquinho Brazao acusado de mandar matar Marielle ficou 383 dias na prisão.
Débora, cabeleireira que escreveu uma frase em uma estátua, ficou 742 dias de prisão.
Será que veremos a esquerda criticar a decisão de um certo juíz do supremo? pic.twitter.com/j5O51carWs
— Gilberto Cattani (@GilbertoCattan1) April 12, 2025
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
Débora foi presa depois de pintar com batom a Estátua da Justiça, em frente ao STF. Ela escreveu “perdeu, mané” — referência a uma declaração do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, em 2022.

Silêncio de figuras importantes
Apesar da pressão, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada, não se manifestou publicamente sobre o caso até a publicação desta reportagem. Nas redes sociais, ela recebeu comentários que cobram uma posição sobre a decisão do STF.


As deputadas Erika Hilton e Sâmia Bomfim, ambas do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) de São Paulo, e do mesmo partido de Marielle, também não emitiram declarações públicas em suas redes sociais até o momento.
Moraes mantém idosa de 65 anos na prisão
Enquanto Moraes transfere Chiquinho Brazão para prisão domiciliar, em razão de problemas de saúde, a defesa de Adalgiza Maria Dourado tenta o mesmo benefício para a idosa de 65 anos.


Presa por participação no 8 de janeiro, Adalgiza não consegue se alimentar corretamente, em razão da má qualidade da comida que é oferecida no Presídio Feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia.
Além disso, a defesa da idosa denuncia a “falta de atendimento médico, psicológico e psiquiátrico” para Adalgiza. Em entrevista ao Jornal da Oeste, Luiz Felipe Cunha, advogado da idosa, afirmou que ela poderá ser “mais um Clezão”.
Leia também:
Fonte: Agência Brasil